Como sabem, foi Niki Lauda que afirmou se aprenderem mais com as derrotas do que com as vitórias. Tem razão: quando se ganha, o que se quer é festejar e descontrair. Quando lutas pelo título e perdes, analisas onde falhaste e tentas colmatar esses defeitos para melhorares o produto e na próxima temporada, esperas que tudo esteja bom e consigas superar os teus adversários. Foi o que fez a Williams e Adrian Newey, quando sabiam que tinham uma grande máquina e um excelente motor, no início de 1991, mas apareceu tarde demais para apanhar o avanço que Ayrton Senna tinha dado com o seu McLaren MP4/6. E logo em 1992, trataram de colmatar esses defeitos. Máquina perfeita, cinco vitórias seguidas do "brutânico" e o resto foi gerir o avanço até garantir que a matemática batesse certo. Foi na primeira chance, em Budapeste.
E Mansell, 39 anos completados uns dias antes, estava feliz. Era lutador e capaz do melhor em pista, mas puxava demasiado pelo carro ao ponto de este ficar destruído nas suas mãos. E perdeu dois títulos mundiais por causa de acidentes, embora, reconheça-se, que não foram causados por excessos seus. Foi uma luta enorme, do qual não desistiu. Contra adversários mais superiores que ele, contra céticos que não acreditavam nas suas capacidades, contra o seu próprio corpo - o desmaio de Dallas, em 1984, entrou na lenda - e ele, que demorou cinco anos para conseguir a sua primeira vitória, quando teve o carro que queria, explorou as suas capacidades de piloto veloz e capaz de grandes feitos, daqueles que faziam levantar estádios. E ele, triunfador por quatro vezes em terras britânicas, foi recompensado pelo público que o adorava.
Era o título que merecia. Ele só queria um, e conseguiu-o. E depois disso, noutros lados, mostrou que tinha a capacidade de se adaptar e vencer. Um verdadeiro Leão.
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