Na passada quinta feira, fui ver numa livraria na minha terra uma apresentação de um livro de entrevistas feitas pelo jornalista Carlos Pinto Coelho. O homem que apresentou o “Acontece” durante mais de 10 anos, na RTP 2, resolveu seleccionar 30 entrevistas a personagens relevantes da política e cultura portuguesa e lusófona. Foi uma conversa bem agradável, e com pouca gente (estavam todos a ver o Benfica-Paris Saint-Germain), e ao longo daquela hora, foi excelente ouvir as “estórias” que ele coleccionou ao longo destes anos todos.
É claro, ele escolheu algumas marcantes. Falou por exemplo de Adriano Correia e Almeida Santos, que os entrevistou em épocas diferentes, a perguntou sobre a situação da Guerra Colonial e da Descolonização. Ambos se queixaram de que tentaram fazer o seu trabalho, mas que não conseguiram. Adriano Moreira afirmou que, quando foi ministro de Salazar, a função do Exército era o de segurar a insurreição nas províncias ultramarinas, enquanto que a sociedade deveria discutir sobre o problema colonial, algo que não aconteceu. Quando foi a vez de Almeida Santos, depois do 25 de Abril, na altura em que se fez as negociações com os movimentos de independência, este queixou-se de que não tinha o apoio das Forças Armadas, pois estavam fortemente politizadas. Em suma, para eles, a descolonização que aconteceu foi a possível.
A dada altura, elogiou o actual estado da Cultura em Portugal, pois julgava que quando começou o “Acontece”, ele teria dificuldades em encontrar matéria para encher diariamente um jornal de sete minutos dedicado à cultura. Dez anos depois, no final do projecto, o “Acontece” tinha meia hora de duração, e todos os dias choviam noticias de iniciativas vindas dos mais diversos pontos do país, em actividades tão dispares como o teatro, o bailado, a literatura… Uma das coisas que revelou é que, em cada ano, são publicados mais de 15 mil títulos de livros em Portugal, num país em que o índice de leitura é baixo… Incrível, não?
E depois, conversou sobre a TV. Falou da RTP em particular, e foi crítico da actual direcção de programas, afirmando que no seu tempo de director-geral, teve o orgulho de ter trazido a Portugal a “Rua Sésamo”, com o apoio da Fundação Gulbeikian, e dos governos dos países africanos de expressão portuguesa, como Angola e Moçambique. Elogiou também o regresso da RTP 2 ao serviço público, pois achava que a Dois, tal como estava, com o Governo a entregar a concessão à sociedade civil, “era uma casa de alterne”.
Elogiou também a recuperação financeira do canal, mas ainda acha que a RTP é uma cadeia que se preocupa com as audiências, devido ao facto de ter no seu horário nobre concursos e telenovelas. Ele afirmou: “quando no final do dia for dormir, que imagem quero ter da programação desse dia? Vai ser o teatro? Não. É a novela ou o ‘Um contra Todos’…”
Quando se passou para sessão de perguntas e respostas, perguntei acerca d’ “Os Grandes Portugueses”, e da polémica que está a surgir. Ele respondeu afirmando que gosta do formato, e disse que era a discussão que se devia fazer, pois fala-se de um determinado período da História de Portugal, mas no final classificou o programa como “um Big Brother para cultos”.
Quando acabou, senti que o tempo tinha voado, e nem me lembrei do jogo. Confesso que o “sacrifício” que fiz para ver aquela apresentação (fui fazer um trabalho para um jornal da minha terra) tinha valido a pena. E o Benfica ganhou por 3-1…
É claro, ele escolheu algumas marcantes. Falou por exemplo de Adriano Correia e Almeida Santos, que os entrevistou em épocas diferentes, a perguntou sobre a situação da Guerra Colonial e da Descolonização. Ambos se queixaram de que tentaram fazer o seu trabalho, mas que não conseguiram. Adriano Moreira afirmou que, quando foi ministro de Salazar, a função do Exército era o de segurar a insurreição nas províncias ultramarinas, enquanto que a sociedade deveria discutir sobre o problema colonial, algo que não aconteceu. Quando foi a vez de Almeida Santos, depois do 25 de Abril, na altura em que se fez as negociações com os movimentos de independência, este queixou-se de que não tinha o apoio das Forças Armadas, pois estavam fortemente politizadas. Em suma, para eles, a descolonização que aconteceu foi a possível.
A dada altura, elogiou o actual estado da Cultura em Portugal, pois julgava que quando começou o “Acontece”, ele teria dificuldades em encontrar matéria para encher diariamente um jornal de sete minutos dedicado à cultura. Dez anos depois, no final do projecto, o “Acontece” tinha meia hora de duração, e todos os dias choviam noticias de iniciativas vindas dos mais diversos pontos do país, em actividades tão dispares como o teatro, o bailado, a literatura… Uma das coisas que revelou é que, em cada ano, são publicados mais de 15 mil títulos de livros em Portugal, num país em que o índice de leitura é baixo… Incrível, não?
E depois, conversou sobre a TV. Falou da RTP em particular, e foi crítico da actual direcção de programas, afirmando que no seu tempo de director-geral, teve o orgulho de ter trazido a Portugal a “Rua Sésamo”, com o apoio da Fundação Gulbeikian, e dos governos dos países africanos de expressão portuguesa, como Angola e Moçambique. Elogiou também o regresso da RTP 2 ao serviço público, pois achava que a Dois, tal como estava, com o Governo a entregar a concessão à sociedade civil, “era uma casa de alterne”.
Elogiou também a recuperação financeira do canal, mas ainda acha que a RTP é uma cadeia que se preocupa com as audiências, devido ao facto de ter no seu horário nobre concursos e telenovelas. Ele afirmou: “quando no final do dia for dormir, que imagem quero ter da programação desse dia? Vai ser o teatro? Não. É a novela ou o ‘Um contra Todos’…”
Quando se passou para sessão de perguntas e respostas, perguntei acerca d’ “Os Grandes Portugueses”, e da polémica que está a surgir. Ele respondeu afirmando que gosta do formato, e disse que era a discussão que se devia fazer, pois fala-se de um determinado período da História de Portugal, mas no final classificou o programa como “um Big Brother para cultos”.
Quando acabou, senti que o tempo tinha voado, e nem me lembrei do jogo. Confesso que o “sacrifício” que fiz para ver aquela apresentação (fui fazer um trabalho para um jornal da minha terra) tinha valido a pena. E o Benfica ganhou por 3-1…
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