O Brasil é actualmente o segundo classificado em termos de vitórias e de títulos mundiais, só superado pela Grã-Bretanha. Ao longo de quase 25 anos, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna deram muitas vitórias e oito títulos mundiais. O povo brasileiro cresceu com a ilusão de ter os melhores pilotos do mundo, o que não anda longe da verdade. Mas no dia 1 de Maio de 1994, sofreu um dos maiores choques da sua vida, a par, talvez, do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, das mortes súbitas de Carmen Miranda (1955) ou Elis Regina (1982) ou então os dias de agonia de Tancredo Neves, em 1985.
Depois desse malfadado dia, andaram à procura do "novo Senna", foi aí que todos olharam para Rubens Barrichello. Mas este não era nenhum fora de série, nunca o foi. O melhor exemplo disso foi que ele andou seis anos, quase sete, a tentar ganhar um Grande Prémio. E esse aconteceu numa corrida atípica, em 2000, na Alemanha. Outra ilusão que o alimentaram é que, na Ferrari, bateria de igual para igual com Michael Schumacher. Só que o alemão é como os eucaliptos: seca tudo à sua volta. E Rubinho tinha que ficar com os restos.
Tinha pena quando via os próprios brazucas a gozarem com ele, quando tinha que deixar passar "o alemão". É certo que as cenas de Zeltweg, em 2002, foram absolutamente ridículas, e que se ele tivesse honra e tomates, teria abandonado o lugar na hora. Mas ele já sabia o seu papel na marca, e aceitou com naturalidade. Agora na Honda, luta contra um mau carro, mas com esperança de que as coisas melhorem. E ainda por cima, quer conseguir o recorde de 256 Grandes Prémios de Riccardo Patrese...
Sem Rubinho, viraram para Felipe Massa. Mas apesar das promessas e das ilusões, principalmente depois da saída de Michael Schumacher, de ver Felipe Massa ganhar algum campeonato do mundo e prosseguir a senda vitoriosa de Fittipaldi, Piquet e Senna, esta deve ter acabado ontem, na gravilha malaia de Sepang. Se hoje já perdi qualquer chance, já outros tinham a perdido meses antes. Vejam o caso do Mário Bauer, que seis meses antes, disse isto:
"O Massa teve uma chance inédita em 2007, a chance dos sonhos (...) Agora ou nunca era o lema. Mas sob pressão não mostrou serviço, venceu quando teve o melhor carro do grid. Mas quando encarou certas dificuldades acabou perdendo duas provas. Até hoje não venceu um único GP sequer na briga direta, superando pelo menos um dos seus adversários.
Todo mundo, pelo menos no Brasil, aplaudiu da forma como ele chegou em quinto em Silverstone após largar dos boxes. Não veja nada a comemorar dando em cima de Spykers, Toro Rossos ou Super-Aguris. Uma vez em décimo não passou mais ninguém, quem salvou a pele dele foi o estrategista, que o colocou ali em quinto, passou as Renault e o Heidfeld na estratégia. Agora ficar sem ação atrás de um relativamente inexperiente Kubica com a menos espetacular BMW-Sauber não foi exatamente uma demonstração de habilidade à altura de um futuro campeão."
E isto é um Grande Prémio. O que ele queria dizer é que em 2007, tinha a equipa na mão, e podia ter aproveitado para ser o numero 1 da equipa e ganhar sobre o recém-chegado Kimi Raikonnen. Só que o finlandês conseguiu dar a volta e ser um dos campeões mais inesperados da história do automobilismo. E nas duas primeiras provas de 2008, ele claramente bateu Massa. Mesmo nos treinos de Sepang, o brazuca ganhou porque tinha pouca gasolina no depósito. Na corrida, Raikonnen controlou Massa e passou-o depois da primeira paragem nas boxes.
Em suma, o que disse foi isto: Massa não tem estofo de campeão.
E há outra coisa nele, que todos nós vimos: ele não resiste sobre pressão. É o Mansell dos nossos dias. Não digo que ele não seja algum dia campeão. Aquilo que ele fez na Malásia foi um excesso, e a justificação que eel o deu, e a maneira como o deu. não caiu bem em ninguém. Nem nos espectadores, nem nos mecânicos. Claro, vocês dizem que Mansell foi campeão, mas foi aos 39 anos, depois de 13 temporadas em competição, numa máquina que dominava os circuitos, e depois de ter perdido dois títulos mundiais! Aliás, o Piquet, quando o pediram para compará-lo, foi implacável:
"O Mansell gosta de golfe, eu de tênis. Ele gosta de mulher feia, eu de bonita. Eu ganhei três títulos e ele perdeu dois. Essa é que é a diferença."
Com isto tudo, provavelmente está-se a abrir a porta de saída de Massa. Já não têm Jean Todt na equipa a aopiá-lo, Luca de Montezemolo domina, e como foi ele que escolheu contratar Raikonnen, provavelmente o numero 1 na equipa é ele. Se calhar ele deve ser o último a saber que perdeu o "estado de graça" dentro da equipa. E agora, com as noticias a darem como "despedido" no final de 2008 (apesar de ter contrato até 2010, creio eu), não me admiraria que no final do ano rumasse a outras paragens...
11 comentários:
Perfeito Speeder... Há de se concordar com tudo.
E mais. A imagem do alemão ser como os eucaliptos é maravilhosa. Sumacher ofusca tudo mesmo em termos de numeros e vistosidade... Shumacher é o rei das pistas e penso que a Alemanha também passará pelo mesmo processo com seus pilotos...
E isso tudo porque Portugal nunca teve um mísero piloto decente...
Concordo tambem Speeder, acho massa com mais jeito de Mansell do que qualquer sucessor brasileiro.
Para mim, massa seguira os passos de Barrichello, que estão longe de ser ruins, mas tambem estão em um patamar bem abaixo com que o brasileiro ficou acostumado na decada de 70, 80 e inicio de 90.
Um abraço de seu companheiro !
Saudações Soviéticas
O Massa está em uma situação complicada e o Brasil também!!!
Bjinhos do Octeto
Tati
Eduardo Corrêa, autor do livro "Pela glória e pela pátria" e colunista do site GP Total o apelidou de Nigel Massa, algo k acho k se aplica perfeitamente, penso k toda a agente excepto o Massa sabia k ele não iria longe depois de ter dixado escapar a hipotese do ano passado.
Perfeito!
É isso meu amigo! Agora a coisa tá feia pro nosso lado.
Um grande abraço.
SAVIOMACHADO
lindo texto...
é estamos sofrendo mas a f1 dpa voltas, o próprio mansell é exemplo disso.
me parece que brasileiros nao se entendem na ferrari.
nao vejo a hora de saírem as notas!
Que eu saiba o Brasil é o recordista de títulos e não a Grã Bretanha. E temos muita tradição no esporte: o grande problema foi, de fato, o acidente que vitimou Senna. Além de perdermos o campeão ganhamos novas gerações com o peso da responsabilidade de substituí-lo. Fracassaram, como o Rubinho. Já o Massa, nunca foi um fora de série, mas acredito que aparecerá outro brasileiro assim. Afinal, depois de Emerson, Piquet e Senna é querer demais que um único país continue centralizando sempre os melhores pilotos. A alternância no topo é natural.
O mais assustador de tudo isso, Speeder, é que não há nenhuma esperança de termos um piloto bom a médio prazo. Nosso automobilismo está acabado, só sobrevivendo da Stock-Car, que é uma farsa e só funciona por que tem a Rede Globo por trás. E a Globo está na Stock principalmente por que Cacá Bueno, filho do Galvão Bueno, está correndo nas bolhas que dizem que é multimarca. Nosso automobilismo de base foi enterrado. Não há campeonatos brasileiros de Fórmula e os grids do kart, nosso celeiro de talentos, estão vazios. E os poucos que saem do kart querem a Stock por que eles não tem, ou dinheiro para ir para a Europa, ou não querem se arriscar e preferem morfar na Stock. Massa era a última esperança brasileira na F1, agora, estamos ferrados!
Essa de comparar o Massa com o Mansel foi no mínimo injusta para com o Nigel.
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