As bandas míticas duram o tempo que tem a durar, e quando um dos seus elementos sai ou morre, perdem a magia. Algums reinventam-se, como aconteceu aos Joy Division, quando Ian Curtis se suicidou, em 1980. Os seus membros sobreviventes criaram outra banda e fizeram as coisas à sua maneira, fazendo aquilo que mais gostavam: musica. Deram nos New Order.
Outros musicos, que fazem parte de uma banda em lugares discretos, podem continuar a tocar noutras bandas quando o grupo se extingue, ou então se formam noutra banda e tornam-se em algo que nem os seus amigos mais chegados esperariam ver. Foi o que aconteceu com Dave Grohl, que de baterista dos "depressivos" Nirvana passou a ser o gutarrista dos Foo Fighters, decididamente uma das melhores bandas de rock da atualidade.
Mas como em tudo na vida, há que saber parar. Ver bandas na estrada durante vinte, trinta anos e vermos o natural declínio que trazem, sem capturar novas audiências é uma chatice. É o que às vezes vejo nos U2, por exemplo, ou nos Rolling Stones. E hoje, uma das bandas mais míticas dos últimos trinta anos decidiram acabar: os R.E.M. de Michael Stipe, Peter Buck, Mike Mills - e Bill Berry decidiram, sem dramas ou polémicas, que a sua existência como banda chegou ao fim.
"Para nossos fãs e amigos: Como R.E.M., e como amigos da vida toda e co-conspiradores, optamos por não dar continuidade à banda. Vamos embora com muita gratidão por tudo o que conquistamos. Para quem já se emocionou com nossa música, fica registado aqui nosso mais profundo agradecimento", afirmou Stipe no seu comunicado oficial.
Está a fazer vinte anos que tive conhecimento deles. como toda a gente nessa altura, via a MTV e via ativamente o videoclip "Losing My Religion". Alguns dos meus colegas de escola, os que adoravam a musica, traziam os seus "walkmans" e ouviam frevorosamente o "Out of Time" e depois o "Automatic for The People" e musicas que vinham nesses albuns, como o "Shiny Happy People" ou "Man on The Moon", que me fez descobrir um senhor chamado Andy Kaufmann, um comediante percocemente desaparecido em 1984, aos 35 anos.
Depois vieram muitos mais. Não fui particularmente fã do "Everybody Hurts" porque não gosto de canções tristes, especialmente naquela idade da adolescência. Achava que já tinha demasiados motivos para tristeza para andar a ouvir uma musica como aquela. E também era por isso que não era muito fã dos Nirvana: achava-os deprimentes, e porque era a banda favorita do meu irmão. Em contrate, perferiria ouvir uma nova banda, também de Seattle, chamada Pearl Jam, que tinha outro album revoltante: "Ten".
Quanto aos R.E.M. pessoalmente, achei que depois da saída do Bill Berry como baterista - teve um aneurisma quando atuavam na Suiça, em 1996 - foi um marco. Não mais foram os mesmos, senti isso. Dos álbuns seguintes, poucos tiveram impacto e com o tempo acabaram relegados ao canto dos "alternativos", digamos assim. O seu mais recente álbum, chamado "Collapse Into Now" foi lançado este março e foi discreto.
Portanto, a banda foi-se, temos os albuns para ouvir. E como se calhar nos próximos dias vamos ouvir pelo menos uma das musicas deles, nem que seja para recordar que um dia fomos adolescentes. Eu fico-me pelo "It's The End Of The World As We Know It", porque era a musica que ressoava na minha cabeça naquela já distante tarde de 11 de setembro de 2001...
Sem comentários:
Enviar um comentário