segunda-feira, 4 de abril de 2016

Dez equipas com inicios de sonho (parte 2)

(continuação do capitulo anterior)


6 - Hill (1975)


No final de 1972, depois de sair da Brabham, Graham Hill decidiu ser construtor para poder prolongar a sua carreira como piloto. Depois de duas temporadas a correr com outros chassis, como a Shadow e a Lola, em 1975, decidiu construir o seu próprio chassis, com o patrocínio da marca de cigarros Embassy. Contratou o projetista Andy Smallman, da Lola, e o alemão Rolf Stommelen como companheiro de equipa, a primeira corrida em que deram nas vistas foi em Montjuich, quando o alemão aproveitou a confusão inicial para liderar a corrida. O sonho durou nove voltas, até que a asa se soltou e causou um acidente grave, matando três pessoas e ferindo gravemente Stommelen.

Sem ele, e com Graham Hill a decidir retirar-se de vez do automobilismo, o lugar foi preenchido com um jovem promissor de 23 anos chamado Tony Brise, que tinha andado bem na Formula 3 britânica. Brise cedo mostrou que tinha capacidade de se ombrear com os grandes, sendo sexto na Suécia, e dando o primeiro ponto para a equipa. Pouco depois, outro piloto juntou-se a eles, o australiano Alan Jones. E foi ele que deu mais dois pontos à equipa, quando acabou o GP da Alemanha no quinto lugar.

No final dessa temporada, os três pontos conquistados lhes deram o 11º posto no Mundial de Construtores. Apesar do caos, havia esperanças para outra o futuro, pois Hill decidira construir o GH2 e correr em 1976 com um só carro para Brise, mas a 29 de novembro de 1975, tudo acabou quando Hill, Brise, Smallman e outros dois elementos da equipa, morreram num acidente de aviação nos arredores de Londres.


7 - Ligier (1976)


Em 1974, depois de adquirir a operação da Matra na Endurance, Guy Ligier decidiu que iria entrar na Formula 1 a partir de 1976. Usando os seus bons conhecimentos no governo francês, conseguindo o apoio da tabaqueira Gitanes, e os motores Matra V12, pediu a Gerard Ducarouge para construir um chassis, que acabou por ser o JS5.

Ligier decidiu que iria inscrever apenas um carro, e depois de um teste entre os franceses Jacques Laffite e Jean-Pierre Beltoise, o primeiro foi escolhido. O carro estreou-se no Brasil, com uma entrada de ar invulgar, ao ponto de o batizarem de “bule de chá azul”. Os primeiros pontos vieram na terceira corrida do ano, em Long Beach, com Laffite a ser quarto, e o primeiro pódio na Bélgica, onde foi terceiro. Iria conseguir mais dois pódios na Áustria, onde foi segundo, e uma pole-position em Monza, numa corrida onde acabou na terceira posição. 

No final dessa temporada, a Ligier conseguiu vinte pontos e o quinto lugar no Mundial de Construtores. 


8 – Wolf (1977)


O canadiano Walter Wolf interessou-se pelo automobilismo depois de ter feito fortuna a fazer brocas para a industria petrolífera. No final de 1975, decidiu financiar Frank Williams numa operação conjunta que ficou conhecida como Wolf-Williams. Mas os resultados dececionantes fizeram com que despedisse Frank Williams e juntasse um conjunto de bons elementos, como o projetista Harvey Postlethwaithe (ex-Hesketh) e o diretor Peter Warr, ex-Lotus. 

Tal como nos exemplos acima vistos, ele decidiu apostar num só carro e contratou Jody Scheckter como piloto, vindo da Tyrrell. O resultado foi de sonho, ao vencer na corrida inicial, na Argentina, algo que só a Mercedes tinha feito, 23 anos antes. 

Mas não foi um acaso: Scheckter voltou a vencer no Mónaco, depois de conseguir três pódios nas quatro corridas anteriores. Fez uma pole-position na Alemanha, onde acabou na segunda posição, e voltou a vencer no Canadá, acabando a temporada como vice-campeão do mundo. E pelo meio, alcançou duas voltas mais rápidas. No final, os nove pódios contabilizaram 55 pontos, que deu o vice-campeonato a Scheckter, e o quarto posto dos Construtores à Wolf.  


9 – Sauber (1993)


Quando Peter Sauber decidiu ir para a Formula 1, no final de 1991, a sua equipa tinha créditos firmados na Endurance, onde tinha vencido nas 24 Horas de Le Mans, com a ajuda da Mercedes. E entre os seus pilotos, tinham passado jovens nomes como Michael Schumacher, Karl Wendlinger e Heinz-Harald Frentzen.

Sauber passou todo o ano de 1992 a rodar com o chassis, fazendo milhares de quilómetros de testes, e tinha motores Ilmor-Mercedes quando se estreou, no GP da África do Sul de 1993, em Kyalami. Como pilotos, tinha escolhido Wendlinger e o finlandês J. J. Letho, e não poderia ter tido uma melhor estreia, com o finlandês a ser quinto numa corrida de atrito. O finlandês melhoraria em Imola, ao ser quarto, enquanto que Wendlinger marcou os seus primeiros pontos em Montreal, ao ser sexto.

No final da temporada, a equipa teve doze pontos, sendo sétima classificada no campeonato de Construtores.


10 – Stewart (1997)


Jackie Stewart, o versátil piloto escocês, decidiu em 1996 que a equipa feita pelo seu filho seria o trampolim ideal para tentar a sua sorte como construtor, tal como tinham feito outros como Jack Brabham, Bruce McLaren ou como vimos acima, Graham Hill. Com a ajuda da Ford, teve um ano para colocar de pé um chassis e uma equipa, naquilo que os críticos chamam de “Club Piraña”.

Com uma equipa constituída pelo brasileiro Rubens Barrichello e pelo dinamarquês Jan Magnussen (pai de Kevin Magnussen), A equipa esperava uma estreia digna, mas o motor Ford Cosworth tinha um defeito: quebrava frequentemente, e os abandonos eram o pão nosso de cada dia. Contudo, no Monaco, e num dia de chuva, Rubens Barrichello faz uma corrida de sonho e leva o seu carro ao segundo lugar, dando o primeiro pódio e claro, os primeiros pontos da equipa. Magnussen ficou nessa mesma corrida no sétimo posto, à porta dos pontos.

Contudo, esse foi o único momento de felicidade nessa temporada. Os seis pontos acabaram por ser os únicos, ficando no nono posto no Mundial de Construtores. Dos anos depois, em 1999, teriam a sua temporada de sonho, vencendo uma corrida e obtendo quatro pódios, antes de a Ford comprar a equipa, no final desse ano.

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