Mas é um equilíbrio artificial, o famoso Balance of Performance, onde os carros mais rápidos são penalizados por isso, e perdem tempo para a concorrência. E sobre isso, alguém escreveu o seguinte num dos grupos do Facebook dedicado à Endurance e às 24 Horas:
"Sim, o BoP é tudo e mais alguma coisa. Tem mil e um defeitos. E no entanto… temos o campeonato com vários construtores envolvidos e mais a caminho, em quantidades nunca vistas em Le Mans (e muito provavelmente em nenhuma outra competição em toda a história do automobilismo) e tivemos uma corrida fantástica e emotiva, prego a fundo, até ao fim.
Sim, o BoP é uma merda, e no entanto, espero nunca acordar deste sonho."
Explica-se das seguintes formas. A primeira é que tivemos 20 Hypercars à partida para esta corrida. Temos de recuar aos anos 80 do século passado, aos carros do Grupo C, para ver uma coisa destas. E ainda por cima, com a aprovação esta semana da obrigatoriedade das equipas de terem dois carros, construtores com uma só máquina, como a Isotta-Fraschini, terão de construir outro carro, e claro, com a anunciada chegada da Aston Martin à competição, em 2025, terão... 23 a 25 carros à partida na corrida francesa. E digo isso porque, como sabem, pelos regulamentos, terão sempre algum carro vindo da IMSA, o campeonato americano.
E ainda há uma segunda coisa que esta edição das 24 Horas de Le Mans mostrou: numa corrida de resistência, oito carros acabaram na mesma volta. É a edição mais competitiva de sempre. E na última hora da corrida, houve tensão por causa da estratégia da Ferrari de poupar o mais que podia do carro para tentar fazer o menor numero de paragens possível. E contra um Toyota a aproximar-se em alta velocidade, o piloto do carro numero 50 conseguiu ter o sangue-frio suficiente para o controlar, controlar o consumo de gasolina, para dar apenas o suficiente para cortar a meta na primeira posição.
Com isto, a Ferrari ganha pela segunda vez consecutiva, elevando o total de vitórias para 11. E ainda por cima, foi pela segunda ocasião consecutiva. Um grande palmarés para quem regressou à Endurance no inicio de 2023...
E já agora, a Ferrari tornou-se no primeiro construtor a ganhar as 24 Horas de Le Mans e o GP do Mónaco desde... 1934. É muito tempo, sem dúvida.
Que poderei afirmar? A primeira coisa é, a Endurance alcançou uma nova "era de ouro". Conseguiu atrair muitos construtores - e outros estão a caminho - para uma classe, a Hypercar, sem alterar muito os regulamentos. Conseguiu unificar com a IMSA, para que esses carros possam correr, por exemplo, em Sebring e Daytona, caso queiram, e esses carros podem correr na Europa, procurando a "Tripla" Coroa" da Endurance. E a ACO (Automobile Club de L'Ouest, que gere Le Mans e a pista de La Sarthe), do qual o seu presidente, Pierre Fillon, está de parabéns, já pensa mais adiante com o projeto do Hidrogénio, do qual quer arrancar em 2026, o mais tardar, para poder afirmar que está a trabalhar para diminuir as emissões de carbono na atmosfera.
Em suma, faça chuva ou faça sol, estes são tempos dos quais vale a pena assistir à corrida mais longa do mundo. Daqui a uma geração, muitos recordarão estas corridas como sendo das mais competitivas, se calhar nem se importando de detalhes como o BoP, mas sim falando de coisas como "depois de 24 horas, os carros estavam a menos de 50 metros um do outro". É isso que interessa ao povinho, não querem saber dos detalhes perniciosos...
E La Sarthe, Le Mans, estava cheia de gente, como de costume. Mais de 400 mil ao longo do fim de semana. E muitos regressarão em 2025 para ver mais competições emocionantes até ao último minuto, à última volta.
Para o ano... há mais!
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