segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

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O piloto que mais marcou o rali da Arábia Saudita, que acabou neste sábado, corre em part-time, na pior das equipas do pelotão... e paga para correr. E não se sabe se terá lugar em 2026, como piloto oficial, no momento em que se escreve estas linhas. O letão Martins Sesks, de 26 anos, ainda não fez nenhuma temporada completa, mas no seu décimo rali a bordo de um Rally1, todos num Ford Puma da M-Sport, esteve prestes a ganhá-la. Apenas uma avaria no seu motor impediu de triunfar, sequer chegar ao final da prova. 

A carreira de Sesks é interessante. Começou muito cedo, em 2016, quando ele tinha... 17 anos - nasceu a 18 de setembro de 1999, em Liepaja - e depois de três títulos nacionais, entre 2016 e 2018, passou para o estrangeiro, nomeadamente o ERC, European Rally Championship. Vice-Campeão em 2023, num Skoda Fabia RS Rally2, tinha dinheiro e patrocinadores para tentar a sua sorte na categoria principal. Alugando um carro para o rali da Polónia, surpreendeu tudo e todos ao acabar na quinta posição. 

O rali seguinte, na sua Letónia natal, ia a caminho de um pódio bem consolidado quando problemas no seu carro o atiraram para o sétimo lugar. Em apenas três ralis em 2024, conseguiu 22 pontos, acabando na 15ª posição da geral. 

Em 2025, o programa foi alargado para, primeiro, cinco ralis, depois, sete, e o sexto posto na Suécia parecia ser o inicio de uma boa temporada para o piloto letão. Contudo, não conseguiu mais do que dois oitavos lugares na Estónia e na Finlândia, tudo com o Ford Puma Rally1. A temporada foi de desilusão, ao ponto onde, no final do ano, com as retiradas do estónio Ott Tanak, para cuidar da sua família, e do finlandês Kalle Rovanpera, que quer perseguir uma carreira nas pistas, ele não foi considerado quer na Toyota, quer na Hyundai.

Na equipa japonesa, a preferência por Oliver Solberg, que ganhou na Estónia, na única vez que correu num Rally1, levou a melhor, enquanto na Hyundai, Adrien Formaux faz melhor o trabalho ao lado de Thierry Neuville, e eles preferem inscrever três carros, um deles parcialmente, e com as noticias de que Dani Sordo e Esapekka Lappi poderem fazer o seu regresso, a tempo parcial, a partilhar esse terceiro carro, mostra que a experiência é mais vista na marca coreana.

Na M-Sport, a indecisão em relação aos regulamentos que aparecerão a partir de 2027, a par com a hesitação do apoio da Ford ao programa, fazem com que dependa de pilotos pagantes: o luxemburguês Gregoire Munster e o irlandês Josh McErlean. Contudo, em algumas provas, participa o veterano grego Jourdan Serderidis (61 anos de idade!) e desde 2022 conseguiu, em 14 ralis... 12 pontos. Mas apoia Munster, e ele já afirmou que isso deixará de acontecer a partir de 2026. 

Contudo, os eventos da Arábia Saudita, onde Sesks esteve a duas especiais de poder alcançar um pódio - ou até uma vitória inédita - poderão ter baralhado as coisas. E Richard Millener, o diretor desportivo da Ford, disse. no final do rali da Arábia Saudita, que Sesks é um piloto acima da média. 

O desempenho de Martins foi excecional. Vencer vários troços, liderar um rali totalmente novo e controlar a prova contra campeões mundiais mostra o seu verdadeiro talento. O final foi incrivelmente difícil, mas o impacto que ele causou neste fim de semana foi enorme”, afirmou Millener.

Agora é saber o que fará em 2026. Com os novos regulamentos a aparecerem em 2027, ainda a serem discutidos - mas haverá um abaixamento do custo de um carro, dos 1,1 milhões atuais, para 450 mil euros, mais caro que um Rally2, que ronda os 250 mil euros - os orçamentos das equipas e dos preparadores poderão se aliviar um pouco, mas ainda falta saber se os patrocinadores que sustentam a carreira de Sesks poderão conseguir aquilo que é necessário para fazer uma temporada a tempo inteiro, e assim, poder mostrar as suas capacidades?

E outra coisa: ele, apesar desta "parca" experiência, poderá amadurecer o suficiente para causar um impacto a partir da próxima temporada? É que, tirando Oliver Solberg, na Toyota, o WRC é um conjunto de pilotos maduros (Ogier terá 42 anos até dezembro de 2026, Neuville fará 40 nesse ano, e são só dois exemplos), e eu creio que Sesks começa a mostrar o potencial para lutar por um título.  

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