Há quarenta anos atrás, a Formula 1 passou por uma grande mudança, ganhando uma nova motorização, a Formula de 3 Litros, e preparava-se para abraçar outras mudanças que iriam modificar para sempre a face da Formula 1. Três delas foram a introdução da publicidade nos carros de competição, o motor Cosworth e... o Lotus 49. É deste último que vou falar.
No final de 1966, Chapman e a Lotus não se adaptaram muito bem à nova Formula 3 Litros. Com a Coventry-Climax, que tinha dominado a Formula de 1.5 Litros, a retirar-se de competição, precisava de um novo motor para continuar a ser competitivo. O seu salvador veio na pessoa de Walter Hayes, o director de competição da Ford na Europa, que pediu a Mike Costin e a Keith Duckworth que projectassem um motor Ford V8 de quatro válvulas duplas (daí os motores terem a sigla DFV - "double four valve"). Foi aqui que nasceu a Cosworth.
Resolvida a questão do motor, faltava o chassis. Sabendo que o Lotus 33 já não servia para os seus propósitos, projectou logo um novo chassis para albergar o novo motor, mas este não ficou pronto a tempo do primeiro GP da época, na Africa do Sul. Somente no GP seguinte, na Holanda, é que o conjunto se estreou.
Quando Jim Clark e Graham Hill testaram o carro, afirmaram que era um chassis fácil de guiar, apesar de terem problemas para lidar com o motor Cosworth, devido às suas imprevisíveis reacções. Contudo, eram problemas de juventude, e cedo, o carro revelou-se ter um potêncial vencedor: Clark ganha em Zandvoort, e irá ganhar mais três corridas em 1967, mas devido à pouca fiabilidade do motor Cosworth, as suas esperanças de alcançar o título naquele ano ficaram postas de lado, em favor dos mais fiáveis Brabham-Repco de Dennis Hulme e Jack Brabham.
Em 1968, o carro torna-se mais fiável e Colin Chapman tem esperança que o carro lhe dê a Clark o seu terceiro título mundial. O britânico ganha na Africa do Sul e as Tasman Series, a série que era corrida na Australia e na Nova Zelândia, mas a 7 de Abril de 1968, numa mera prova de Formula 2, no circuito de Hockenheim, Jim Clark sofre um acidente fatal.
O acidente tem reprecursões na equipa. Colin Chapman, o melhor amigo de Clark, ponderou retirar-se da Formula 1, mas o companheiro de equipa, Graham Hill, compôs a equipa e ganhou três corridas nesse ano (Espanha, Monaco e México) para alcançar o seu bi-campeonato, perante a oposição dos Matras de Jackie Stewart e Jean-Pierre Beltoise. No final desse ano, para além do título mundial de pilotos, a Lotus alcança também o título mundial de construtores.
Foi também nesse ano que a Formula 1 sofreu uma nova mudança: a entrada dos patrocinios. Quando Chapman soube que a Comission Sportive Internationale (a antecessora da FIA) iria abolir as cores dos carros de acordo com a nacionalidade, Chapman tratou logo de arranjar o patrocinio da Imperial Tobacco, que custou na altura 60 mil libras (quase um milhão de Euros, ao câmbio actual). Nas Tasman Series, Jim Clark apareceia com os carros vestidos de vermelho, branco e dourado da marca de cigarros Golden Leaf, e começava uma nova era.
Foi também nesse ano que começaram a ser usados os aerofólios, usados primeiro pelos Ferrari, mas depois a Lotus desenvolveu o conceito até quase a certos limites que roçaram o absurdo e levaram a um grave acidente no GP de Espanha de 1969, com Jochen Rindt a ser vlevado ao hospital devido a uma quebra do aerofólio traseiro.
Nesse ano, Chapman tentou encontrar um substituto para o Lotus 49, concebendo o Lotus 63 de quatro rodas motrizes. Contudo, esse projecto foi um fracasso absoluto, pois eram carros ingovernáveis. Assim sendo, não restava a Chapman do que continuar com os 49 por mais um ano, ganhando duas corridas, no Mónaco (Hill) e em Watkins Glen (Rindt). O carro continuou a correr no inicio de 1970, enquanto que Chapman acabava um novo projecto de carro, que viria a ser o Lotus 72, onde viria a ganhar uma última vez, no GP do Mónaco de 1970, através de Jochen Rindt.
Carro: Lotus 49
Projectistas: Colin Chapman e Maurice Phillipe
Motor: Cosworth V8 de 3 Litros
Pilotos: Jim Clark, Graham Hill, Jochen Rindt, Emerson Fittipaldi, Jo Siffert, Richard Attwood, Brian Redman, Jackie Oliver, Mario Andretti.
Corridas: 39
Vitórias: 12 (Clark 5, Hill 4, Rindt 2, Siffert 1)
Poles: 19 (Clark 7, Hill 5, Rindt 5, Siffert 1, Andretti 1)
Voltas Mais Rápidas: 14 (Clark 5, Rindt 3, Siffert 3, Hill 2, Oliver 1)
Pontos: 212 (Hill 89, Clark 50, Rindt 31, Siffert 27, Oliver 6, Attwood 3, Fittipaldi 3)
Títulos: Campeão do Mundo de Condutores em 1968 (Graham Hill), Campeão do Mundo de Construtores, em 1968 e 1969.
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