Como já esperava, mal começaram os confrontos no Bahrein, surgiram as noticias sobre o risco da realização do Grande Prémio, que como todos sabem, está marcado para o dia 22 de abril no calendário de 2012. Bernie Ecclestone, como sempre, afirma de pedra e cal que "o espectáculo vai continuar" e que todos irão lá, felizes e contentes, enquanto que o octogenário receberá os 40 milhões provenientes dos poços de petróleo da família real barenita.
O risco é complicado. Se Bernie, que tem fama de abrir a boca antes de pensar, diz isso, a realidade é bem mais complexa, e o futuro arrisca a ser incerto. Afinal de contas, alguém em novembro de 2010 iria dizer que dali a três meses o Médio Oriente estaria a ferro e fogo, como palha seca? Pois é, falta pouco mais de dois meses para o Grande Prémio do Bahrein, e tudo pode acontecer. Se seguem os meus posts dos últimos dias, sabem que há apelos de deputados britânicos da Câmara dos Lordes para que a FIA cancele o Grande Prémio, e que já foi retorquido por outros deputados, simpatizantes - para não falar de outra coisa - da causa da família real, afirmando que tudo está normal naquelas bandas e que a Formula 1 não terá problemas em ir lá.
Sei que o cenário está cada vez mais a parecer com o de outubro de 1985, quando contra todas as recomendações da comunidade internacional, a Formula 1 foi a Joanesburgo, nos dias cinzentos do "apartheid", para correr o GP da Africa do Sul, mesmo com boicotes das equipas francesas - Ligier e Renault - e mesmo com muitos patrocinadores a retirarem os seus logótipos das carenagens, não querendo nada com aquele espectáculo. Bernie Ecclestone, velho teimoso, mas também uma velha raposa, aposta no mesmo cenário de há 26 anos, mas o mundo mudou um bom bocado desde então.
Esta tarde, andei a ler o post desta semana do blog "The Mole", que neste momento está alojado no blog do sempre interessante Joe Saward. E é sempre interessante saber até que ponto a Formula 1 está impregnada de dinheiro barenita, graças a um príncipe herdeiro que é um verdadeiro "petrolhead" e que já gastou centenas de milhões - senão milhares de milhões de dólares - em dinheiro, não só para construir e manter o Autódromo de Shakir, como também para investir em algumas equipas, como a McLaren e a Lotus Grand Prix. Nada de muito especial: se as equipas precisam de dinheiro, vão à procura de quem os têm. E nesta altura do campeonato, a cotação do petróleo fez com que o Golfo Persico esteja a abarrotar de dinheiro.
Contudo, lá se fala que o governo britânico tem imensos negócios a nível de defesa (há uma base naval por lá) bem como em termos de segurança, pois treinou as forças locais a nível do exército e da policia. Também, nada de novo, neste mundo em que a "realpolitik" de dois blocos não se extinguiu com o final da Guerra Fria. Mas ainda para piorar as coisas, nos últimos dias temos lido as noticias sobre o aumento de tensão entre o Irão e o Ocidente por causa do programa nuclear iraniano, da possibilidade do encerramento do Estreito de Ormuz e do possível ataque de Israel ou dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas, algures na Primavera. E no dia 22 de abril passarão exactamente um mês e dois dias desde o seu inicio... será que o Pentágono assiste às corridas de Formula 1?
Como vêm, por muito que se diga o contrário, o risco de não haver Grande Prémio é mais real do que se parece.
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