A GP3 é neste momento o degrau mais baixo da escada existente até á Formula 1 que acompanha os finais de semana da categoria máxima do automobilismo. Composta por dez equipas, com três carros cada, está a ser uma categoria cada vez mais heterogénea em termos de nacionalidades. E ainda com mais de metade do plantel por preencher, já começa a chamar a atenção com o anuncio, nesta sexta-feira, da contratação por parte da Trident, de uma mulher, a italiana Victória Piria, de 18 anos.
Victoria - ou Vicky para os amigos - filha de pai italiano e mãe inglesa, correu no ano passado na Formula Abarth Itália, uma das mais competitivas do pais, com alguns resultados interessantes, sendo o melhor um oitavo posto na última corrida do ano. Pelos resultados e pela beleza, mais parece ser uma "Giovana Amati, a geração seguinte" do que propriamente um talento capaz de rivalizar com Valtteri Bottas, o campeão de 2011 dessa mesma competição. Mas como não quero tirar conclusões precipitadas - se quiserem espreitar o site oficial dela, fiquem à vontade - posso dizer que o anuncio de Piria é o mais recente de uma série delas que, mesmo com apenas um terço do plantel conhecido, quase nos faz pensar que está a virar um jardim zoológico, tantas são as nacionalidades e as diferentes origens destes jovens pilotos.
Primeiro que tudo, a familia. Alex Brundle vai ser um dos pilotos da Carlin, e aos 22 anos, tem de demonstrar que a experiência que já acumulou na Formula 2 e e na Formula 3 britânica seja o suficiente para dar o salto para a GP2, caso contrário, fica mais pelo caminho e se dedica à Endurance, como o seu pai fez a uma determinada altura do campeonato, com bons resultados, diga-se. Mas não há só tradição familiar em Brundle Jr., pois tem também o alemão Daniel Abt, campeão em 2009 da Formula ADAC Masters, e participante na Formula 3 Euroseries em 2011, é filho de Christian Abt, piloto da DTM no inicio da década e patrão da preparadora com o mesmo nome. Daniel Abt é um dos dois pilotos da Lotus GP já confirmados, ao lado do finlandês Aaro Vaino.
Mas para além da menina e dos herdeiros, há as localizações exóticas. Se no ano passado tivemos o indonésio Rio Haryanto, que até venceu duas corridas em 2011, este ano temos confirmados até agora um piloto das Filipinas e outro do Chipre. Isso mesmo o que vocês leram: há pilotos nessa zona. O primeiro até tem um nome estranho: Marlon Stockinger. Tem 20 anos, é filho de um suiço e de uma filipina, mas é um repetente, pois correu no ano passado, sem conseguir pontuar. Já correu na Formula Renault britânica, com alguns bons resultados, batendo-se de igual para igual com jovens promessas como Lewis Williamson.
O segundo piloto de localização exótica chama-se Tio Ellinas, e vem do Chipre. E parece ser bom, pelos resultados que já teve na Grã-Bretanha. Foi quarto na Formula Ford em 2010, conseguindo bater Joshua Hill - sim, filho de Damon e neto de Graham - e em 2011, passou para a Formula Renault, acabando o ano como vice-campeão. Elinas correrá na Manor Racing, ao lado do russo Dimitry Suranovich e do brasileiro Fabiano Machado.
Ainda falta muito para que o quadro esteja completo, e muitos lugares continuam por preencher, mas a hipótese dos herdeiros, como as localizações exóticas de um automobilismo cada vez mais globalizado, estão de pé. Nada impede que os planos de Hill passem pela GP3, ou que Haryanto tente uma terceira temporada nesta categoria. Mas não verão por aí o austriaco Lucas Auer, sobrinho de Gerhard Berger, pois esse vai para a Formula 3 alemã, a correr pela Van Amersfoort Racing, ao lado de René Binder. Sim, também é austriaco e também é familiar de piloto. Neste caso, é sobrinho de Hans Binder.
O jardim zoológico - ou se perferirem, as Nações Unidas sobre rodas - compõem-se. Veremos como ficará. E certamente deverá merecer novo post.
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