A CAMINHO DO SEU FINAL
Em 1974, tornava-se evidente que os custos começavam a subir e cada vez menos pilotos e equipas eram capazes de conseguir os carros que queriam para uma competição local como aquela. Num pelotão onde metade dos carros não eram de Formula 1, começava-se a pensar na utilidade desses carros quando haviam alternativas mais baratas, quer na Formula 2, quer na Formula 5000, uma competição que existia desde o inicio da década, onde os motores eram derivados dos Ford e Chevrolet americanos, e que tinha sucesso um pouco por todo o mundo, desde os Estados Unidos até à Austrália.
Apesar do dominio na competição, Charlton e a Scribante decidiram trocar de carro em 1974 para um McLaren M23, enquanto que a Gunston alinhava com dois Lotus 72E para Ian Scheckter e Paddy Driver. Eddie Keizan continuava com o Tyrrell 004, enquanto que John Love tinha por fim pendurado o capacete para se dedicar a dirigir a equipa Gunston.
A temporada foi praticamente um duelo entre Charlton e Scheckter, Gunston contra Scribante. Charlton começou bem, vencendo as cinco primeiras corridas do ano, vencendo depois em Kyalami, no Rand Winter Trophy, enquanto que na segunda parte, Scheckter foi o melhor, vencendo as quatro últimas provas de seguida, depois de ter vencido no Natal Winter Trophy. Mas Charlton foi mais regular e venceu o campeonato com 76 pontos, mais nove do que o irmão mais velho de Jody Scheckter, que por esta altura já brilhava nas pistas mundiais com um Tyrrell 007.
Em 1975, o pelotão estava cada vez mais pequeno, e os custos cada vez maiores. Sem estrangeiros a competir no campeonato, e com um calendário exclusivamente sul-africano (naquela temporada não foram mais à Rodésia), a "corrida aos carros" continuava, com Scheckter a comprar um Tyrrell 007, que tinha pertencido ao seu irmão, enquanto que Charlton mantinha o McLaren M23.
Como em 74, o duelo voltou a ser Scheckter contra Charlton, dividindo as vitórias entre si. E as coisas foram ainda mais apertadas, pois o primeiro desistiu na prova inicial, em Killarney, e no Natal Spring Trophy, enquanto que Charlton fora desclassificado em Goldfields, devido a irregularidades quando fazia a troca de pneus nas boxes. Na véspera da corrida final, o Rand Spring Trophy, em Kyalami, e aproveitando a desistência de Scheckter no Natal Spring Trophy, Charlton liderava com 48 pontos, contra os 47 de Scheckter, e eles sabiam que quem acabasse na frente, ganharia.
A 4 de outubro, em Kyalami, oito pilotos alinhavam para aquele que viria a ser a última corrida da história da Formula 1 sul africana. Para além de Schrckter e Charlton, estavam também Guy Tumner, Tony Martin, Roy Klomfass, Len Booysen, Noddy Limberis e André Vervey. Eddie Keizan acabou por não participar na corrida.
No final foi um duelo entre ambos, mas Scheckter puxou pelo seu Tyrrell e no final das 32 voltas à pista, acabou como vencedor e tornou-se campeão nacional, batendo Charlton no seu jogo. Guy Tumner ficou com o lugar mais baixo do pódio, na corrida que fez descer o pano de uma era no automobilismo sul-africano.
E DEPOIS DISTO TUDO?
Em 1976, a federação sul-africana decidiu que o campeonato continuaria a ser disputado com carros da Formula Atlantic, mais baratos do que os Formula 1. Isso foi demais para a United Tobbacco, que decidiu retirar o apoio às equipas que sustentava, a Gunston e a Lextington. Para Charlton, que estava perto dos 40 anos, achou que era altura de novos horizontes, quer na Endurance, quer nos Turismos, continuando a correr até 1990.
Sem Charlton, Ian Scheckter dominou, vencendo nas quatro temporadas seguintes com chassis March, onde pelo meio iria fazer uma temporada na Formula 1, em 1977 pela March, que já estava no seu estretor. Como seria de esperar, não houve resultados relevantes. Voltou a vencer em 1983 e 84, quando a Gunston regressou ao automobilismo, e esses campeonatos continuaram até 1986, quando Wayne Taylor foi o vencedor num Ralt-Mazda de Formula Atlantic.
Quanto ao irmão, sem passar por ali, teve uma carreira ilustre. Vice-campeão do mundo em 1977 pela Wolf, foi campeão dois anos mais tarde, pela Ferrari, antes de se retirar no ano seguinte, aos 30 anos de idade. Não mais viveu permanentemente na África do Sul, tendo decidido viver primeiro nos Estados Unidos, onde teve um negócio bem sucedido na industria do armamento, e depois na Grã-Bretanha, onde tem um negócio de agricultura biológica.
John Love ainda andou nos anos 80 com a sua própria equipa nos Turismos sul-africanos, antes de se reformar e gerir um concessionário da Jaguar em Bulawayo, no Zimbabwe. Acabaria por morrer em 2005, aos 80 anos, vitima de um cancro, três anos antes do seu compatriota Sam Tingle, aos 87 anos, na Cidade do Cabo. Dave Charlton morreria em fevereiro de 2013, também vitima de cancro, aos 76 anos.
Hoje em dia, desde Scheckter, não houve mais qualquer piloto sul-africano na Formula 1, apesar da corrida sul-africana ter ficado no calendário até meados da década de 80, num tempo em que se desafiava abertamente o boicote desportivo ao regime do apartheid. Somente em 1985, depois de uma forte pressão internacional, é que a Formula 1 saiu dali, regressando apenas em 1992, quando esse regime acabou por cair. Contudo, desde 1994 que a Formula 1 não visita o país.
Em jeito de conclusão, a história de um campeonato nacional de Formula 1 parece ser algo estranho nos dias de hoje, dada a elitização da competição e o facto destes carros serem muito caros para o bolso médio, mas quem segue a história do automobilismo, sabe que houve um tempo em que ter um carro destes era bem mais barato do que na atualidade, e com as equipas a construirem vários chassis para venda, era possível uma história destas.
Apesar do dominio na competição, Charlton e a Scribante decidiram trocar de carro em 1974 para um McLaren M23, enquanto que a Gunston alinhava com dois Lotus 72E para Ian Scheckter e Paddy Driver. Eddie Keizan continuava com o Tyrrell 004, enquanto que John Love tinha por fim pendurado o capacete para se dedicar a dirigir a equipa Gunston.
A temporada foi praticamente um duelo entre Charlton e Scheckter, Gunston contra Scribante. Charlton começou bem, vencendo as cinco primeiras corridas do ano, vencendo depois em Kyalami, no Rand Winter Trophy, enquanto que na segunda parte, Scheckter foi o melhor, vencendo as quatro últimas provas de seguida, depois de ter vencido no Natal Winter Trophy. Mas Charlton foi mais regular e venceu o campeonato com 76 pontos, mais nove do que o irmão mais velho de Jody Scheckter, que por esta altura já brilhava nas pistas mundiais com um Tyrrell 007.
Em 1975, o pelotão estava cada vez mais pequeno, e os custos cada vez maiores. Sem estrangeiros a competir no campeonato, e com um calendário exclusivamente sul-africano (naquela temporada não foram mais à Rodésia), a "corrida aos carros" continuava, com Scheckter a comprar um Tyrrell 007, que tinha pertencido ao seu irmão, enquanto que Charlton mantinha o McLaren M23.
Como em 74, o duelo voltou a ser Scheckter contra Charlton, dividindo as vitórias entre si. E as coisas foram ainda mais apertadas, pois o primeiro desistiu na prova inicial, em Killarney, e no Natal Spring Trophy, enquanto que Charlton fora desclassificado em Goldfields, devido a irregularidades quando fazia a troca de pneus nas boxes. Na véspera da corrida final, o Rand Spring Trophy, em Kyalami, e aproveitando a desistência de Scheckter no Natal Spring Trophy, Charlton liderava com 48 pontos, contra os 47 de Scheckter, e eles sabiam que quem acabasse na frente, ganharia.
A 4 de outubro, em Kyalami, oito pilotos alinhavam para aquele que viria a ser a última corrida da história da Formula 1 sul africana. Para além de Schrckter e Charlton, estavam também Guy Tumner, Tony Martin, Roy Klomfass, Len Booysen, Noddy Limberis e André Vervey. Eddie Keizan acabou por não participar na corrida.
No final foi um duelo entre ambos, mas Scheckter puxou pelo seu Tyrrell e no final das 32 voltas à pista, acabou como vencedor e tornou-se campeão nacional, batendo Charlton no seu jogo. Guy Tumner ficou com o lugar mais baixo do pódio, na corrida que fez descer o pano de uma era no automobilismo sul-africano.
E DEPOIS DISTO TUDO?
Em 1976, a federação sul-africana decidiu que o campeonato continuaria a ser disputado com carros da Formula Atlantic, mais baratos do que os Formula 1. Isso foi demais para a United Tobbacco, que decidiu retirar o apoio às equipas que sustentava, a Gunston e a Lextington. Para Charlton, que estava perto dos 40 anos, achou que era altura de novos horizontes, quer na Endurance, quer nos Turismos, continuando a correr até 1990.
Sem Charlton, Ian Scheckter dominou, vencendo nas quatro temporadas seguintes com chassis March, onde pelo meio iria fazer uma temporada na Formula 1, em 1977 pela March, que já estava no seu estretor. Como seria de esperar, não houve resultados relevantes. Voltou a vencer em 1983 e 84, quando a Gunston regressou ao automobilismo, e esses campeonatos continuaram até 1986, quando Wayne Taylor foi o vencedor num Ralt-Mazda de Formula Atlantic.
Quanto ao irmão, sem passar por ali, teve uma carreira ilustre. Vice-campeão do mundo em 1977 pela Wolf, foi campeão dois anos mais tarde, pela Ferrari, antes de se retirar no ano seguinte, aos 30 anos de idade. Não mais viveu permanentemente na África do Sul, tendo decidido viver primeiro nos Estados Unidos, onde teve um negócio bem sucedido na industria do armamento, e depois na Grã-Bretanha, onde tem um negócio de agricultura biológica.
John Love ainda andou nos anos 80 com a sua própria equipa nos Turismos sul-africanos, antes de se reformar e gerir um concessionário da Jaguar em Bulawayo, no Zimbabwe. Acabaria por morrer em 2005, aos 80 anos, vitima de um cancro, três anos antes do seu compatriota Sam Tingle, aos 87 anos, na Cidade do Cabo. Dave Charlton morreria em fevereiro de 2013, também vitima de cancro, aos 76 anos.
Hoje em dia, desde Scheckter, não houve mais qualquer piloto sul-africano na Formula 1, apesar da corrida sul-africana ter ficado no calendário até meados da década de 80, num tempo em que se desafiava abertamente o boicote desportivo ao regime do apartheid. Somente em 1985, depois de uma forte pressão internacional, é que a Formula 1 saiu dali, regressando apenas em 1992, quando esse regime acabou por cair. Contudo, desde 1994 que a Formula 1 não visita o país.
Em jeito de conclusão, a história de um campeonato nacional de Formula 1 parece ser algo estranho nos dias de hoje, dada a elitização da competição e o facto destes carros serem muito caros para o bolso médio, mas quem segue a história do automobilismo, sabe que houve um tempo em que ter um carro destes era bem mais barato do que na atualidade, e com as equipas a construirem vários chassis para venda, era possível uma história destas.
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