Pilotos que nasceram no dia de Natal não são muitos, mas existem. É como haver um piloto com a letra "Q" na história da Formula 1 (há um, chama-se Dieter Quester), mas a história deste piloto que escolhi para representar os que nasceram no dia de Natal é bem interessante. É a história de um piloto com uma entrada tão imparável que pensavam que iria ser campeão. Mas a sua saída foi tão discreta que até espantou.
Vinte anos depois da sua morte, mas quase 55 anos após a sua incrível entrada, Giancarlo Baghetti começou sendo um bom piloto na Formula Junior que no inicio de 1961, fora escolhido pela Federação Italiana de Automobilismo para ser o seu piloto na sua aventura na Formula 1, a bordo de um dos Ferrari 156 "Sharknose". Baghetti nunca tinha sido um excelente piloto nas categorias de ascensão, mas quando entrou com o seu carro para o GP de Siracusa, foi segundo na grelha e acabou por vencer. É certo que aquele carro "era o carro do momento", mas em Napoles, voltou a fazer a mesma coisa. Não poderia ser uma coincidência.
Depois, veio o GP de França, em Reims. Eles arranjaram um novo 156 de fábrica, e tornou-se no quarto carro inscrito, depois dos oficiais de Phil Hill, Wolfgang von Trips e Richie Ginther. A sorte dele foi quando os outros carros tiveram problemas e ou se atrasaram ou desistiram. A partir dali, resumiu-se a uma luta entre ele e o Porsche de Dan Gurney. As trocas de liderança foram tantas, num duelo que lembrou o que fizeram Mike Hawthorn e Juan Manuel Fangio, oito anos antes, que tenho a certeza que ainda vai dar um filme. No final, foram 0,1 segundos (ou se preferirem, um carro atrás do outro, como nesta foto tirada pelo Bernard Cahier) para que Baghetti fosse um dos mais inesperados vencedores da história da Formula 1. E ainda por cima, logo na sua primeira corrida oficial!
No final daquele ano, ainda ganhou uma corrida em Vallelunga, nos arredores de Roma, desta vez num Porsche 718. Claro, as vitórias desse ano em grande de Baghetti deram-lhe um lugar na Ferrari, mas não conseguiu mais aquilo que teve em 1961, e depois de passagens por ATS, Brabham, Scuderia Centro Sud e até Lotus, saiu pela porta pequena em 1967, não sem antes ter tentado salvar Lorenzo Bandini das chamas que o evolviam no Mónaco, quando bateu forte na chicane do Porto.
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