Confesso que pensei sempre, desde que a Liberty Media anunciou a sua intenção de controlar a Formula 1, como é que uma entidade totalmente exterior ao automobilismo se comportaria perante pessoas e entidades que vivem dentro da sua própria bolha. Sabia desde então, por aquilo que lia sobre eles, que não seriam sujeitos passivos como eram o pessoal da CVC Capital Partners. Pois bem, não demorou uma semana para ver as suas atitudes: eles vieram para beliscar os privilégios existentes, agitando as águas.
Segundo conta ontem à noite o site brasileiro Grande Prêmio - e que tem como fonte primária a Auto Motor und Sport - eles em menos de uma semana já hostilizaram com Bernie Ecclestone e já irritaram Sergio Marchionne, o presidente da Ferrari. Embora o negócio ainda não tenha sido completado (aparentemente, só vai acontecer em 2017), John Malone, o patrão da Liberty Media, já disse que pretende retirar os privilégios que equipas como a Ferrari têm, devido à sua história. E já avisou que se a Ferrari quiser processar, ele terá "tempo e dinheiro" para o fazer. Para terem uma ideia, a Scuderia recebe quase cem milhões de dólares por ano, ainda antes de fazer o primeiro parafuso do carro novo!
Já em relação a Ecclestone, não há muitas noticias sobre os assuntos pelos quais eles estão em choque, mas é sabido que a Liberty Media quer apostar mais nas redes sociais e na Internet, mas na segunda-feira surgiram informações de que eles querem concentrar mais as corridas na Europa e pretendem, entre outras coisas, baixar o preço dos bilhetes. Tudo isso para recuperar algum do público que tem vindo a escapar por causa da crescente elitização da modalidade. E isso vem um pouco a colidir com a estratégia de Ecclestone, cada vez mais exigente e à procura dos novos-ricos multimilionários, como a Ásia e o Golfo Pérsico. É sabido que os contratos que Bernie assinou com eles rondam os 50 milhões de dólares por temporada, e as suas exigências são de tal maneira elevadas que muitos, principalmente na Europa, tem dificuldades em honrar os seus compromissos.
A ideia de John Malone e a sua Liberty Media quer chegar ali na ideia de terminar com os privilégios existentes até agora é tentadora, mas não se sabe como é que o outro lado irá reagir. Especula-se que Ecclestone quer abandonar o barco já no fim da temporada, e que o Grupo de Estratégia poderá também se opor a eles. Mas também há noticias de que a Mercedes deseja comprar uma posição minoritária na Formula 1, o que até seria uma noticia inesperada - e bem vinda.
Mas tenho o dever de dizer que isto ainda mal começou. Tenho a certeza que coisas bem mais interessantes aparecerão nos meses que se seguirão.
2 comentários:
Paulo, concordo com você nesse texto.
Sou a favor da volta de algumas corridas da Europa à Fórmula 1.
Para isso, realmente é necessário baixar os preços dos ingressos.
Daí o choque de interesses no meio.
Vamos ver o que vai dar nos próximos meses.
Parabéns pelo seu blog sempre antenado.
Abraços.
Sonhos meus:
Retorno do GP da França, mas desta vez do "Circuit de La Sarthe".
Retorno do GP de San Marino
Esse é quase impossível: GP dos EUA, NO OVAL DE INDIANÁPOLIS.
E poderia melhorar com a saída de Bahrein e Abu Dhabi do calendário.
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