sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A imagem do dia

Rubens Barrichello na frente de Michael Schumacher, GP de Itália de 2001. A atmosfera daquele fim de semana em terras italianas, há precisamente 15 anos, mostrava algo raro: como uma mundo tão fechado na sua bolha, como era a Formula 1, poderia ter sido afetada por acontecimentos no mundo inteiro. Uma coisa poderia ser um terramoto no Japão, outra coisa foi um ataque terrorista, que mergulhou o mundo numa espécie de guerra infinita contra um inimigo sem rosto.

Naquele final de semana de Monza, que deveria ser de consagração para a Scuderia - Michael Schumacher tinha conquistado o tetracampeonato duas corridas antes, na Hungria, e na corrida anterior, em Spa-Francochamps, tinha ultrapassado Alain Prost no capitulo de vitórias - de súbito tornou-se num de luto. E de preocupação. Primeiro, por causa das duvidas que tinham sido lançadas sobre se iria haver ou não um GP dos Estados Unidos, que iria acontecer no final daquele mês, em Indianápolis. E segundo, quando na tarde de sábado se soube do grave acidente de Alex Zanardi no circuito de Lausitzring, muitos questionavam se haveria vontade ou condições de pensar na corrida. De uma certa forma, o prazer de ver esses carros tinha-se desvanecido.

A Ferrari fez a homenagem mais significativa nessa corrida: sem patrocinadores, de vermelho, com um nariz pintado a negro. Nunca se tinha visto tal coisa na Formula 1. Era inédito: nem o velho Commendatore, que vira tantos pilotos seus morrerem a bordo das suas máquinas, tinha feito uma coisa dessas. Mais alto do que isso seria retirar os carros da corrida, mas eles estavam em Monza e deviam aos fãs a grande temporada que tinham feito.

A corrida foi um duelo entre Rubens Barrichello e Juan Pablo Montoya, com o colombiano - que tinha no ano anterior vencido as 500 Milhas de Indianápolis - a conseguir a sua primeira vitória na Formula 1. Foi uma corrida bem disputada, com Schumacher a ficar fora do pódio, com um quarto lugar, a sua corrida mais modesta de um campeonato tão dominado por ele. Era uma rara derrota naquele dia, e a grande ironia era que tinha sido na casa do Cavalino, mas aquele não era um fim de semana qualquer...

1 comentário:

João Carlos Viana disse...

Só corrigindo: Schumacher se sagrou tetracampeão na Hungria, duas corridas antes. Contudo Spa não tinha deixado de ser uma corrida especial para o alemão, pois em terras belgas, ele se tornava o maior vencedor da história da F1, chegando a 52 triunfos, ante aos 51 de Prost.