No final de semana do GP do Bahrein, o pessoal da Liberty Media decidiu apresentar as linhas gerais do que quer ver a partir de 2021 na Formula 1. Essencialmente tinha a ver com um corte de custos e redistribuição de receitas entre as equipas, especialmente do dinheiro que é distribuído pela FOM.
A ideia é de deixar um pouco a tecnologia para dar prioridade ao espectáculo. A parte da tecnologia ainda não foi mostrada, nas fala-se desde há algum tempo - pelo menos da parte da FIA e um pouco por Ross Brawn - que pretendem simplificar os motores, para serem um pouco mais baratos de se fazer. Continuariam a ser motores 1.6 turbo, mas por exemplo, só teria uma unidade de recuperação de energia, um MGU-H ou MGU-K, o que faria baixar o preço dos motores, que andavam à volta dos 15 milhões de euros em 2014, mas provavelmente já terão baixado um pouco desde então.
E caso baixe muito esses custos, provavelmente poderia ser suficiente para ver, por exemplo, uma McLaren a construir os seus próprios motores. Mas isso é, por agora, matéria de pura especulação.
Para além disso, a Liberty Media disse que está a busca de "aumentar as ultrapassagens por meio de um novo projeto para os carros. A tecnologia deve seguir ditando o caminho, mas a habilidade do piloto deve ser predominante para a performance final do carro", segundo consta no comunicado.
Apesar de pretenderem que os carros sejam diferentes uns dos outros, como são até agora, o grupo também entende que áreas "não relevantes para o público devem ser padronizadas". Provavelmente partes que não vemos no carro.
Estas tabelas de distribuição de prémios que mostro aqui retirei-as do Twitter pessoal do Ricardo Divila (sim, esse Ricardo Divila), onde mostram o que distribuído agora e o que a Liberty Media pretende distribuir daqui a três anos. Essencialmente, pretendem fazer uma distribuição mais equitativa de um bolo com cerca de mil milhões de dólares (ou um bilião, se preferirem). Equipas como a Ferrari, Mercedes e Red Bull teriam perdas de até 135 milhões de dólares por temporada, enquanto que as mais pequenas como a Sauber ou Haas teriam ganhos de até 35 milhões. Em suma, haveria uma igualdade em termos de distribuição de dinheiros por parte da FOM.
Claro, ao ver todos estes planos, as equipas ficaram zangadas. Falou que no fim de semana do Bahrein, Maurizio Arrivabene e Toto Wolff juntaram-se e disseram que não estavam felizes com aquilo que viam, e prometeriam retaliar, não sabendo onde e como, e que o ambiente estava tenso entre ambas as partes. E ver por ali Bernie Ecclestone no paddock também não ajudou muito, dada a reputação dele de minar as coisas nos bastidores...
Apesar de tudo, a Liberty Media quer dar algumas coisas à Ferrari, devido ao seu estatuto de antiguidade. Mas daquilo que vejo na nova coluna, parece mais que vão perder muito dinheiro do que ganhar. Vamos a ver a reação do CEO, Sergio Marchionne, que poderá tentar puxar o "bluff" até a um nível de "ou nós ou nada", e não ficaria admirado com isso. E creio que é nessa altura que iriamos ver até que ponto é que vai a coluna vertebral dessa gente. Ter a Ferrari é um previlégio, mas ter a Ferrari a todo o custo foi o que Bernie Ecclestone fez ao longo dos últimos 15 anos de mandato. Tanto que há quem dia que o atual Acordo da Concórdia não é mais do que um conjunto de acordos individuais entre a FOM e as equipas, com clausulas vantajosas em termos financeiros...
Veremos. Até 2021, muita água passará debaixo das pontes. Agora, é a vez da China receber o pelotão da Formula 1.
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