quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

A imagem do dia


Na foto, Michele Alboreto no Minardi de Formula 2, a caminho de um oitavo lugar na corrida de Spa-Francochamps. Hoje, se fosse vivo, o piloto italiano faria 65 anos. E neste dia, recuo 40 anos no tempo para vos mostrar uma das temporadas mais preenchidas da sua carreira. Porque nesse ano de 1981, correu na Endurance, Formula 2 e Formula 1, na continuação da temporada anterior, onde participou em... três campeonatos de Formula 3 e o Mundial de Endurance!

Comecemos no final da década de 70. A Lancia decidiu lançar um programa nos Grupo 5 de Endurance, graças ao seu modelo Beta, que tinha andado nos ralis, muito ligeiramente, porque o Grupo Fiat tinha dado a preferência no 131 Abarth. Contudo, com o carro a rolar nas pistas um pouco por todo o mundo, e na transição para aquilo que iria ser o Grupo C, onde iria ser lançado o LC1, naquele ano, Alboreto incluía-se num grupo de jovens pilotos muito talentosos, que se incluía o americano Eddie Cheever e os seus compatriotas Riccardo Patrese, Piercarlo Ghinzani, Emmanuele Pirro, entre outros, e com o apoio da Martini, fez um programa parcial no Mundial de Endurance, e claro, nas 24 Horas de Le Mans.

Alinhando com Cheever e o seu compatriota Carlo Facetti, no Beta Monte Carlo, Alboreto alinhou debaixo de uma prova com muito calor, e onde houve um acidente fatal com um dos Rondeau, guiado por Jean-Louis Lafosse, que embateu contra um posto de controle de comissários, ferindo gravemente dois dos seus elementos.

Num motor pequeno, de 1,4 litros, mas turbo, os três conseguiram resistir aos elementos para acabar num digno oitavo posto, numa prova ganha por Jacky Ickx e Derek Bell. Mas esse nem foi o seu melhor resultado nesse ano. Isso aconteceu em Watkins Glen, quando triunfou nas Seis Horas, ao lado de Riccardo Patrese.

Mas não foi só isso que Alboreto andou a fazer. Quando andava por aí, já era piloto da Tyrrell, na Formula 1, e também corria na Formula 2, ao serviço... da Minardi. Construtora fundada dois anos antes em Faenza por Giancarlo Minardi, mas com uma longa tradição automobilística que vinha desde os anos 20, quando o seu avô montou uma vendedora Fiat na mesma cidade, e depois, quando andou com outros chassis desde o inicio da década de 70, culminando com o Ferrari que inscreveu na Race of Champions de 1976 e que foi corrido por Giancarlo Martini, tio de Pierluigi Martini, futuro piloto da marca e companheiro de Alboreto na sua última temporada na Formula 1, em 1994.

O carro, um Fly 281 - o Fly era o estúdio de Giacomo Caliri e Luigi Marmoli, de Bolonha, que tinham redesenhado o Fittipaldi F5A e o F6A de Formula 1, em 1978 e 79 - foi guiado por uma multidão de gente, desde Alboreto ao venezuelano Johnny Ceccoto, passando por Lamberto Leoni e Enzo Coloni, outro futuro construtor. Os motores variavam, mas ele usou o BMW, mais potente.

Apenas as rondas italianas é que foram proveitosas para "il Marrochino". A 26 de julho, em Enna-Pergusa, no Gran Premio del Mediterraneo, Alboreto não resistiu a um imparável Thierry Boutsen, mas conseguiu levar o seu carro ao lugar mais baixo do pódio, e conseguindo os seus primeiros pontos - mas não da equipa, que já tinha conseguido um quarto posto em Thruxton, graças a Ceccoto. Sete semanas depois, a Formula 2 estava de volta a paragens italianas, para o Gran Premio del Adriatico, no circuito de Misano. Se Boutesen era o "poleman", na realidade foi Alboreto o melhor, dando à Minardi a sua primeira vitória, com o seu próprio chassis, e pelo caminho, ainda conseguiu a volta mais rápida. 

Verdade, foi uma tarde de sonho para alguém que já tinha um pé na Formula 1, que se adaptava à competição. Mas apesar de não ter pontuado nessa sua temporada de estreia na categoria máxima do automobilismo, não tinha motivo de queixa: era uma temporada proveitosa em muitos sentidos. Em 1982, já mais aliviado, poderia mostrar todo o seu talento e ficar nos holofotes de equipas mais poderosas. E foi o que aconteceu.  

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