Ele foi o grande acrobata americano dos anos 60 e 70. Mostrou-se ao mundo fazendo saltos em lugares impossíveis, desafiando sempre os limites e muitas vezes pagando por isso: coleccionou mais de 40 fracturas em todo o corpo, fazendo com que entrasse no "Guiness Book of Records" como o homem que sofreu mais fracturas em todo o seu corpo. Hoje, falo de Robert "Evel" Knievel, que morreu na passada sexta-feira, aos 69 anos.
Saltou no Ceasar's Palace, em "canyons", saltou no Estádio de Wembley, sobre carros, camiões e autocarros, e até sobre um tanque cheio de tubarões, tudo para o espectáculo. Tornou-se num ícono popular, que até foi motivo para (maus) filmes de Hollywood. A sua mota está em exposição permanente no Smithsonian Museum, em Washington, palco por excelência da história americana.
Nascido a 17 de Outubro de 1938, em Butte, no Montana, era filho de Robert e Ann Knievel, que cedo se separaram. Sendo assim, Robert foi criado com os seus avós maternos. Cedo começou a fazer acrobacias com a sua bicicleta, que mais tarde passou para as motas. Em paralelo, cultivava uma personalidade rebelde: chegou a estar preso por algum tempos, depois de uma persguição policial.
Depois disto, tornou-se atleta em modalidades tão diversas como o hoquei no gelo, os saltos de ski e o salto com vara. Em 1959, depois de ter estado no Exército, voltou para Butte, onde se casou com Linda Joan Bork. Procurando maneira de ganhar dinheiro, fez um pouco de tudo: desde ser guia para caçadores de veados, até ser dono de uma equipa de hóquei local. Chegou até a ser ladrão! Consta-se que foi assim que conseguiu a sua primeira motocicleta...
Pouco tempo depois, decidiu largar a actividade, e tornou-se motociclista profissional, com algum sucesso. Procurando sempre ganhar mais dinheiro, abriu uma loja da Honda em Moses Lake, no estado de Washington. Contudo, não era um bom vendedor (para além disso, as motas japonesas ainda eram mal vistas numa América que tinha ganho a guerra menos de 20 anos antes), e cedo fechou a loja. Contudo, ao trabalhar para outra loja de automóveis, o seu proprietário, outro motocilista, ensinou-lhe algumas habilidades. Pouco tempo depois, Bobby Knievel ganhava outro nome: Evel Knievel.
O seu primeiro show foi em Janeiro de 1966, na California. Pouco tempo depois, em Barstow, também na California, a sua primeira lesão: ao experimentar um novo truque, magoa-se na virilha e fica um mês parado. Mas mal recupera das suas feridas, repete a mesma acrobacia, e desta vez sai bem.
Aos poucos e poucos, Evel Knievel ganha projecção. Começa a saltar sobre carros (antes, saltava-se sobre cobras e leões, como se fosse um número de circo), mas em 1967, um salto mal calculado sobre 12 carros e uma carrinha causa-lhe ferimentos sérios num braço e em algumas costelas. Mas a publiciade foi enorme, pois começou a ser convidado em alguns dos "talkshows" do momento na América.
Finalmente, chegou o seu primeiro grande momento: no dia de Ano Novo de 1968, depois de convencer o dono do Ceasar's Palace, Joe Sarno, de que podia saltar as fontes do empreendimento, e com cobertura nacional (embora não em directo, como Knievel queria), tentou fazer a proeza. Contudo, no momento em que Knievel salta da rampa, a mota subitamente desacelera e o salto fica curto demais. Resultado: fémur e pelvis esmagados, fracturas na sua anca, pulso e ambos os tornozelos. Para além disso tudo, ficou em coma durante quase um mês.
"Sem dor não há ganho", deve ter pensado. E conseguiu: a ABC pagou uma fortuna pelo seu salto, era um dos homens mais famosos do momento, e as suas acrobacias eram largamente concorridas. O "cachet" por cada salto que dava era agora de 25 mil dólares. Contudo, os médicos afirmaram que as suas fracturas poderiam impedir de andar mais de mota. Contudo, contrariando o diagnóstico dos médicos, voltou a saltar, e voltou a pagar o preço: em Maio de 1968, em Scottsdale, no Arizona, um salto falhado causou mais fracturas no pé e no tornozelo direito.
Entretanto, Knievel começou a elaborar o maior salto de todos: o Grand Canyon. Com a ajuda de um engenheiro da NASA, elaborou uma mota especial, o X-1 Skycycle, com asas e dois propulsores a foguete, com uma força de 14 mil libras. Queria fazê-lo o mais cedo possível, mas em 1971, depois de três anos de espera, verficou que o governo americano nunca o iria aurorizar o salto que tanto queria. Sendo assim, virou-se para o Snake Canyon, no seu Montana natal. Marcou o salto para o dia 4 de Setembro de 1972.
Entretanto, Knievel continuava a saltar, batendo recordes e quebrando ossos. Saltou até 16 carros, fez espectáculos perante 100 mil pessoas, e partiu mais um braço e ambas as pernas (duas vezes). Entretanto, depois de alguns testes mal sucedidos, o X-1 foi substituido pelo X-2, e a data de lançamento era adiada de Setembro de 1972 para 8 de Setembro de 1974.
Nesse dia, estava tudo preparado: as televisões transmitiam em directo o evento, as máquinas foram devidamente testadas e calibradas, e não havia vento. Às 15:36, o espectáculo começava.
Até a meio, tudo correu bem. Contudo, um dos paraquedas abriu-se acidentalmente, fazendo parar a progressão do salto, e arrastando-se perigosamente para a água. Caso acontecesse, ele teria morrido afogado. Como caiu em terra, Knievel escapou apenas com ferinmentos ligeiros.
Entretanto, as suas proezas percorriam agora o mundo inteiro. Hollywood tinha feito o seu primeiro (mau) filme, com George Hamilton no papel de Evel, tinha agora legões de fãs atrás dele, era figura em brinquedos, fazia agora saltos em lugares como Londres (em pleno Estádio de Wembley, com 90 mil espectadores nas bancadas), e em 1975 anunciou que era altura de se retirar.
Pensava-se que se retirava rico. Mas não. Em 1977, pouco depois do seu segundo (mau) filme, "Viva Knievel", Shelly Saltman, o homem que ajudou a promover o seu salto no Snake Canyon, publicou uma biografia de Knievel que era prejudicial à sua imagem, pois retratava um pai que maltratava a sua mulher e filhos, bem como o seu abuso de drogas. Irado, e ainda convalescente da sua última queda, foi ter com Saltman (então vice-presidente da 20th Century Fox) e espancou-o com um bastão de aço, partindo o seu braço em vários sítios. O processo arrastou-se por quatro anos, no final dos quais ele teve que passar algum tempo na prisão e a declarar falência, pois foi condenado a pagar 13 milhões de dólares de indemnização.
Para piorar as coisas, devia às Finanças: mais de 2 milhões de dólares foram reclamados pelo Internal Revenue Service (IRS). Knievel nunca pagou, e os problemas continuaram, ao longo da década de 80 e inicio de 90.
Mas o legado lá estava: o seu filho Robbie Knievel tornou-se também acrobata, tendo feito alguns dos saltos que o seu pai fez no passado, como o das fontes do Ceasar's Palace, em 1993. Enquanto isso, a sua saúde declinava: primeiro foi diagnosticado com hepatite C, o que lhe fez com que fosse sujeito a um transplante de fígado em 1999, e pouco depois, tinha fibrose cística, que o fazia com que andasse com uma garrafa de oxigénio durante 24 horas. Eventualmente, isso acabou por abreviar a sua vida, pouco depois de fazer 69 anos.
Mas agora, fica a lenda, que já era cultivada em antes da sua morte. Um bom exemplo disso é o videoclip "Touch the Sky", de Kanye West, que é uma homenagem não só a ele, mas também a aquela década de 70...
1 comentário:
Ñ sabia q Nievel tinha morrido...
Uma pena
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