Para a Formula 1, a sua carreira foi mais uma nota de rodapé. Mas nos Protótipos, é uma lenda do seu tempo, a par de Brian Redman, David Piper, Vic Elford ou Hans Hermann, entre outros. A sua vitória em Le Mans, em 1970, entrou para a história, pois foi aquela filmada por Steve McQueen no filme com o mesmo nome. hoje falo de Richard "Dickie" Attwood.
Nascido a 4 de Abril de 1940, em Wolverhampton, Dickie começou a meter-se no automobilismo como aprendiz na fábrica da Jaguar, em meados dos anos 50. Em 1960, meteu-se em competições ao volante de um Triumph TR3, e no ano seguinte, juntou-se à Midland Racing Partnership (MRP), na Formula Junior, onde correu até 1963, altura em que, ao volante de um Lola, ganhou a corrida de suporte do GP do Mónaco. Aliás, vai ser nas ruas do Principado que terá algumas das suas melhores páginas da carreira.
Em 1964, Attwood muda-se para a Formula 2, correndo ainda pela MRP, onde ganha os Grandes Prémios de Pau, Albi e Eiffelrennen, os dois primeiros em França e o outro na Alemanha. Estas performances chegaram a Sir Alfred Owen, o proprietário da BRM, que queria Attwood para desenvolver o BRM P67 de quatro rodas motrizes. Nos treinos do seu Grande Prémio inicial, em Brands Hatch, Attwood levou o carro para o ultimo lugar na grelha, mas viu que a sua eficácia era pouca, e retirou-o antes da corrida.
Entretanto, Attwood trabalhava num novo projecto, mas na categoria de GT: o Ford GT40. Envolvido no desenvolvimento inicial do carro, ele e o francês Jo Schlesser levaram-no às 24 Horas de Le Mans desse ano, onde desistiram à nona hora da competição, devido a um incêndio. No final do ano, com David Piper, ganha as 9 Horas de Kyalami, a bordo de um Ferrari P2.
Em 1965, Tim Parnell contratou-o para a sua equipa privada, correndo num Lotus 25 com três anos de idade. Com um chassis já ultrapassado, e com um motor BRM, as performances de Attwood não foram muito boas, sendo o melhor dois sextos lugares em Monza e na Cidade do México. Esses dois pontos dar-lhe iam o 16º lugar na geral.
Entretanto, continuava a colaborar com a Ford, mas não teve resultados de relevo. Também corria com o seu amigo David Piper, em Ferrari 250, da Maranello Concessionaries, com resultados modestos. Mas davam nas vistas na mesma, pois os carros eram pintados de... verde!
Em 1966, Attwood não corre na Formula 1, mas anda muito pela Tasman Series e na Formula 2, onde ganha os Grandes Prémios de Albi e Pau, em França. No ano seguinte, concentra-se nos Sportcars, onde acaba em terceiro nos 1000 km de Spa-Francochamps e em segundo nos 500 km de Zeltweg. Nessa altura, guia uma variedade de máquinas: para além dos Ford e Ferrari, guia também o Alfa Romeo T33 e o Porsche 906. Aliás, vai ser nesse ano que começará a sua ligação mais profícua com a casa de Estugarda.
No final do ano, volta à Formula 1, como substituto de Pedro Rodriguez na Cooper, no GP do Canadá. Termina na décima posição.
Em 1968, teve que voltar à Formula 1, para substituir Mike Spence na BRM. Spence tinha ido substituir Jim Clark na Lotus para a corrida das 500 Milhas de Indianápolis, no Lotus 56 Turbina, mas sofrera um acidente fatal durante a qualificação. Attwood ficava na equipa o resto da temporada, onde arranca um soberbo segundo posto no Grande Prémio do Mónaco, poara além da volta mais rápida. Foi o seu momento mais alto de glória na categoria máxima, e esses seis pontos deram-lhe o 13º posto final.
No ano seguinte, a Porsche convida-o para guiar na sua equipa oficial, ao lado do seu compatriota Vic Elford, nos 908 oficiais. contudo, Attwood desenvolveu aquele que viria a ser um dos mais icónicos carros de sempre: o Porsche 917. Nas 24 Horas de Le Mans daquele ano, ele e Elford levaram o 917 a liderar durante uma grande parte da corrida, mas a duas horas do fim, o motor não aguentou e viram a vitória fugir para as mãos de Jacky Ickx, num "ultrapassado" Ford GT40.
Nesse ano, Attwood é de novo chamado à Formula 1, para substituir Jochen Rindt, que se tinha magoado em Montjuich. Correu no Mónaco, a bordo de um Lotus 49, e terminou num impressionante quarto posto. Ainda correu mais uma corrida, mas em Formula 2, a bordo de um Brabham inscrito por... Frank Williams. Aconteceu em Nurburgring, e terminou no sexto lugar da geral, segundo na sua classe.
A sua carreira na Formula 1: 17 Grandes Prémios, em cinco temporadas (1964-65, 1967-69), um pódio, uma volta mais rápida, 11 pontos.
Em 1970, volta a correr nas 24 Horas de Le Mans, a bordo de um Porsche 917K, desta vez tendo como companheiro o alemão Hans Hermann. Desta vez, tudo correu bem, e ambos comemoraram a vitória. Voltaram a repetir o feito, mas em Nurburgring, e ao volante de um 908. No ano seguinte, fazendo parte da famosa equipa de John Wyler, e com as cores da Gulf Racing, e fazendo par de novo com Hans Hermann, foram desta vez segundos classificados, não muito longe da dupla vencedora, constituida pelo austriaco Helmut Marko e o holandês Giis Van Lennep. Ainda ganhou os 1000 km de Zeltweg, e no final da época, retirou-se do automobilismo.
Nos anos seguintes, tornou-se figura de destaque em reuniões de carros antigos, especialmente com o seu Porsche 917K que tinha participado nas filmagens de "Le Mans", protagonizado por Steve McQueen, afirmando: "Esta é a minha pensão de reforma". Quando o vendeu, em 2000, rendeu-lhe cerca de 1 milhão de Libras. Hoje em dia, é presença constante no Goodwood Fstival of Speed, sempre ao lado de um Porsche.
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