Ontem, quando soube da morte de Roy Winkelmann, confessei que andei algum tempo à espreita de elementos que me pudessem fazer uma biografia decente sobre ele. E como podem ver, tive dificuldades. Hoje, quando fui ler - como habitualmente - o blog do Joe Saward, percebi a razão pelo qual andei a dar cabo do meu cérebro à procura de dados sobre ele. Porque teve uma vida invulgar e muito secreta...
Winkelmann era de origem alemã e os seus pais mudaram-se para o Utah bem cedo na sua vida. No final da II Guerra Mundial, Winkelmann foi para San Jose, onde tirou uma licenciatura em... criminologia. Sim, estudou para ser CSI, e foi-o nos anos 50, na Força Aérea americana. Mas pouco depois saiu de lá para trabalhar ao serviço "da companhia". Sim, leram bem: foi agente da CIA, encarregado de detectar e neutralizar escutas e outros aparelhos eletrónicos de deteção vindos da União Soviética. Foi para Londres no inicio dos anos 60, onde trabalhou por um bocado, mas depois saiu para ser consultor externo, especializando-se na construção e deteção de sistemas de escuta e de segurança - sistemas de blindagem de carros armados, cofres, etc - para companhias um pouco por todo o mundo.
As corridas surgiram um pouco por acaso. Ao ver o "Club Racing" local, pensou em adquirir um Cooper-Bristol em 1962 para correr, com algum sucesso, diga-se. E no ano seguinte, depois de vender o seu negócio de... clubes de "bowling", conheceu um jovem chamado Alan Rees e decidiu montar a sua escuderia. Primeiro com um chassis Lotus para a Formula Junior, depois passou para os Brabham e foi nessa altura que conheceu... Jochen Rindt. A equipa durou até 1969, e os carros inscritos por Winkelmann venceram 25 corridas, quase todas por Rindt, embora outros pilotos, como Hans Hermann e Rolf Stommelen, corressem pela Winkelmann.
No final de 1969, ele fechou as portas e foi para os Estados Unidos, onde ajudou Dan Gurney na sua All American Racers durante os anos 70, mas enquanto fazia isso, implementava também uma firma de segurança eletrónica que prosperou ao longo do anos que se especializou na deteção de escutas e na construção de sistemas de segurança que o levou a lugares tão peculiares como... Bagdad, ou então de fazer a segurança da Biblia de Gutenberg (o primeiro livro impresso) ou o transporte de papel-moeda para paises como o Zimbabwe.
Nos anos 80, teve planos para construir uma equipa na CART, com chassis Lotus - o 96T, desenhado por Mike Coulghan, e Al Unser Jr. como piloto - mas os planos não foram por diante. Mas pouco tempo depois, o seu nome tinha sido ligado à ideia de reconverter uma base da Força Aérea americana em Statten Island para uma pista de Formula 1, ideia essa que não foi adiante.
Nos últimos anos, segundo Joe, enquanto vivia na Florida com a sua mulher, dava aulas sobre tecnicas de espionagem e contra-espionagem e ainda mantinha uma loja onde se vendiam equipamentos de deteção de escutas, bem como uma firma de serviço privado de detetives. De fato, teve uma vida bem preenchida...
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