segunda-feira, 18 de julho de 2011

GP Memória - Grã-Bretanha 1976

Quinze dias depois de Paul Ricard, onde James Hunt tinha vencido a dobrar, na pista e na secretaria - a FIA tinha dado razão ao apelo feito pela McLaren e devolveu os nove pontos retirados em Espanha - máquinas e pilotos estavam prontos para correr no GP da Grã-Bretanha, num renovado circuito de Brands Hatch, como era habitual fazer em anos pares.

Na lista de inscritos, havia algumas novidades e regressos. Chris Amon tinha voltado ao seu lugar na Ensign, enquanto que Wolf-Williams e Copersucar tinham reduzido as suas equipas para um carro e no seu lugar tinham aparecido mais duas inscrições, o Shadow-Ford privado de Mike Wilds e um Surtees T16 para a britânica Divina Galica, uma antiga competidora de ski alpino, com participações em três Jogos Olimpicos pela equipa britânica. Iria ser a primeira vez que apareceriam duas mulheres na lista de inscritos, pois Lella Lombardi estava de volta num dos Brabham da RAM Automotive, ao lado de Bob Evans.

Na qualificação, os Ferrari e McLaren provaram ser os melhores do pelotão. Niki Lauda fez a pole-position, seguido pelo McLaren de James Hunt. Na segunda fila estavam o Lotus de Mario Andretti, cada vez melhor com o modelo 77, e o segundo Ferrari de Clay Regazzoni. Na terceira fila estava o Tyrrell de seis rodas de Patrick Depailler e o Ensign do regressado Chris Amon. O sul-africano Jody Scheckter, no segundo Tyrrell, era o sétimo, seguido do March de Ronnie Peterson. Para fechar o "top ten" estavam mais dois March-Ford, o dos italianos Arturo Merzário e o de Vittorio Brambilla.

Com 30 carros inscritos e apenas 26 carros permitidos para alinhar na corrida, ambas as mulheres não conseguiram passar a qualificação - Galica e Lombardi - enquanto que Mike Wilds, no seu Shadow privado, e Jacky Ickx, no Wolf-Williams, falharam também a passagem para a corrida. Poucos dias depois, Walter Wolf iria despedir o piloto belga.

No momento da largada, Hunt largou mal e Lauda aproveitou para saltar na liderança, mas Regazzoni largou ainda melhor e ambos os carros estavam lado a lado quando abordaram a Paddock Hill Bend. Ambos tocaram-se e o suiço entra em pião, causando confusão logo atrás de si. Hunt bateu no Ferrari de Regazzoni e lançou-se no ar, quase capotando e danificando a suspensão. O Ligier de Jacques Laffite fica também danificado na confusão e fica parado numa posição perigosa. Os comissários vêm a confusão e os restos na posta, logo, decidem interromper a corrida.

Os pilotos saltaram logo para os seus carros de reserva, mas os comissários declararam logo que, como a primeira volta tinha sido completada, não poderiam usar esses carros, logo, teriam de recomeçar nos seus bólidos. Só que as equipas protestaram, afirmando que não havia tempo suficiente para fazer as devidas reparações. O debate ocorreu durante 40 minutos, o suficiente para que os mecânicos da McLaren conseguirem reparar o carro de Hunt e poder correr nele. E tinha de ser, pois a multidão não compreendia o que se passava e gritava de forma impaciente "We Want Hunt, We Want Hunt" (Nós Queremos Hunt, Nós Queremos Hunt). No final, os comissários deixaram Regazzoni e Laffite alinharem nos seus carros de reserva.

Na segunda corrida, houve mais drama: na partida, Mario Andretti fica parado e mais atrás, o Hesketh de Guy Edwards e o RAM de Bob Evans colidem em Paddock Hill Bend, com o piloto da Hesketh a ficar pelo caminho. Poucos metros adiante, na curva Druids, Hans Stuck e Jody Scheckter batem e o alemão desiste com a suspensão partida. Depailler continuará, mas está muito atrasado.

Na frente, Lauda tenta distanciar-se de Hunt, e consegue durante as primeiras voltas, com o britânico a ser pressionado por Regazzoni, que era seguido por Scheckter, Peterson, Brambilla e Amon. O neozelandês iria retirar-se na volta oito, devido a uma fuga de água, e pouco depois, Brambilla iria para as boxes colocar pneus novos, dando o quinto posto a Merzário e o sexto ao Lotus de Gunnar Nilsson.

Na volta 36, Regazzoni desiste com problemas na pressão de óleo, aliviando Hunt da pressão que o suiço lhe fazia. Mas pouco depois, Lauda começa a ter problemas com a sua caixa de velocidades e vê Hunt aproximar-se o suficiente para lhe tirar a liderança. Quando o fez, afastou-se paulatinamente até conseguir um minuto de diferença para o austriaco, enquanto que atrás, Merzário já tinha desistido com a direção partida, e perto do fim, o motor de Nilsson tinha explodido.

No final das 76 voltas, Hunt recebia a bandeira de xadrez em primeiro, com Lauda e Scheckter a acompanhá-lo no pódio. Mas logo a seguir, as equipas Ferrari, Tyrrell e Copersucar-Fittipaldi decidiram protestar, afirmando que Hunt não tinha completado uma volta como o regulamento assim afirmava. Depois de três horas de reunião, os comissários de pista afirmaram que a McLaren cumpriu os regulamentos, pois Hunt ainda andava no momento em que a corrida fora interrompida. A Ferrari não aceitou tais argumentos e decidiram apelar para a RAC, que corroborou a decisão dos comissários.

Mas a Ferrari não desistiu e apelou para a FIA, que reuniu a 25 de setembro para ouvir os argumentos da casa de Maranello. Mas desta vez, estes diziam que os mecânicos da McLaren pegaram no carro de Hunt ainda antes da corrida estivesse parada, algo que o outro lado contestava, dizendo que a corrida já estava interrompida quando isso aconteceu. Por essa altura, tudo tinha acontecido e a luta pelo título estava ao rubro.

No final, a entidade máxima do automobilismo decidiu aceitar o argumento da Ferrari da assistência externa e desclassificaram Hunt, dando a vitória para Lauda, e o resto do pódio seria constituido pelo Tyrrell de Jody Scheckter e o Penske de John Watson. Nos restantes lugares pontuáveis tinham ficado o Shadow de Tom Pryce, o Surtees de Alan Jones e o Copersucar de Emerson Fittipaldi.

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