Digam o que disserem, que o Trulli está velho e prepara a retirada, que o Tony Fernandes quis dar uma oportunidade ao Chandhok, que estava no contrato, etc, estou plenamente convencido que a inesperada noticia da mudança de pilotos na Team Lotus de Jarno Trulli para o indiano Karun Chandhok, não foi mais do que uma teimosia entre dois patrões, para demonstrar quem é o que mais contribui para o prestigio do subcontinente: se Mallya, nascido e criado na zona de Bombaim, ou se Fernandes, malaio no BI, mas de origem goesa.
A minha suspeita em relação aos verdadeiros motivos por trás desta decisão tem a ver com as trocas de declarações na imprensa, não entre os dois patrões de equipa (que também tem), mas entre Mallya e Chandhok, e também Narain Kartikeyan. É certo que Mallya está nisto há mais tempo que Fernandes, mas também é sabido que teve mais do que tempo para colocar um desses pilotos nos seus Force India.
A polémica começou no final de semana do GP da Grã-Bretanha, quando Mallya afirmou não compreender o fato de porque é que Narain Karthikeyan e Karun Chandhok quererem competir em equipas do fundo da tabela como a Hispania e a Lotus. "[Tenho] muita pena dos atuais pilotos indianos na Fórmula 1, já que estão a conseguir lugares em equipas que claramente não conseguem competir. Se é isso que querem, pilotar apenas por pilotar um F1 e andar no fundo da grelha, não posso fazer nada quanto a isso".
Chandhok não perdeu muito tempo e respondeu no dia a seguir: "Penso que é um pouco triste que num momento o presidente da Autoridade Desportiva indiana esteja a falar do quanto fez pelos pilotos indianos e depois, no seguinte, critique os dois únicos pilotos indianos na Fórmula 1", começou por referir à Agência Reuters.
E continuou: "Se vão criticar as pessoas, ao menos que o façam com factos. Nunca tendo eu ou o Narain testado um dos carros da sua equipa, ele não tem todos os factos. Compreendo a necessidade de encontrar a próxima grande estrela indiana e uso a expressão 'próxima', não primeira, e a necessidade de criar mais pilotos indianos para a F1. Mas não vão conseguir encontrá-lo ao fazerem eventos em karts de aluguer com motores a quatro tempos em pistas de 400 metros feitas de cimento", acrescentou.
Já agora, o desaguisado entre Mallya e Chandhok tem algum tempo, mas começou com o pai de Chandhok, ex-piloto e dirigente da Federação Indiana de Automobilismo. De costas voltadas há mais de uma década, o filho sofre por tabela e é por isso que nunca foi considerado para ser piloto de testes da Force India, por exemplo.
Mas curiosamente, esta não é a primeira vez que há polémica entre a Team Lotus e a Force India. No ano passado, ambos tiveram processos em tribunal devido a alegadas cópias dos seus chassis, que foram desenhadas com a ajuda de Mike Gascoyne - ex-funcionário da Force India - e da Aerolab, firma que ajudou a desenhar o T128, o primeiro chassis da Lotus desde o seu regresso. O processo foi ganho pela Lotus e Tony Fernandes, que conseguiram provar que o chassis nada teve a ver com o da outra equipa.
Em suma, este pode ser mais um episódio nesta guerra lateral entre dois "indianos", mas que dá umas linhas na imprensa, dá. Afinal de contas, são os egos orgulhosos de um subcontinente que estão em jogo.
Já agora, de estas especulações para outras: o jornalista francês Christophe Malbranque, da TF1, falou esta tarde no seu Twitter que esta pode não ser a unica corrida de Chandhok em 2011: pode havar mais duas participações antes do GP da India, a 30 de outubro, onde ele estará ao volante do Lotus verde e amarelo. Quanto ao Trulli, pode estar em cima da mesa um contrato para 2012, desconhecendo-se se será como piloto titular...
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