Já me ia deitar para o meu sono de beleza quando li, pelas três da manhã, no Twitter da Al Jazeera, que tinham acabado de morrer o Kim Jong-il. Num fim de semana onde ficamos tristes com as mortes da Cesária Évora, no sábado, e do Vaclav Havel, no domingo, a noticia da morte do "Querido Lider", aos 69 anos, parece que nos deu uma espécie de macabro equilibrio entre os "bons" e os "maus da fita".
Contudo, parecia que ele tinha andado morto durante todo este final de semana. As autoridades norte-coranas disseram que ele bateu as botas no sábado de manhã, dentro de um comboio. Resta saber se estava a caminho de Pequim, para tratamento, ou então estava a viajar para outro canto do pais. O funeral vai ser no próximo dia 28 de dezembro, em Pyongyang, provavelmente sobre neve e muito frio, e as pessoas, genuinamente, chorarão baba e ranho, como vi no funeral do seu pai, em 1994.
A Coreia do Norte é o país mais fechado do mundo. E o seu povo foi tão bem sucessivamente moldado que tenho aquele receio de que no dia em que eles começarem a ver que há um mundo fora de Pyongyang e os programas de TV com paradas militares eternas e bandas militares enormes, tenham uma espécie de colapso mental. E também tenho outro receio, esse partilhado com o resto do mundo: que o seu filho, descrito por alguns como "Brilhante Camarada", Kim Jong-un, seja ainda mais radical do que o pai e o avô. Daí que neste momento, o exército sul-coreano esteja em alerta, e a Bolsa de Seoul tenha caído quase cinco por cento após o anuncio da morte do Kim Jong-il.
Quanto ao resto, não me perguntem quando é que aquele pesadelo acabará. Nem como, porque suspeito que alguns dos malucos que andam por ali queiram acabar com um estoiro. Afinal, eles têm armas nucleares...
Para finalizar, como já faltam cerca de doze dias para o final do ano, estou a ver que vai ser marcante. Muhammar Khadaffi, Osama Bin Laden e agora Kim Jong-il, terminaram as suas vidas este ano. São três ditadores - ou personagens sanguinárias, o que perferirem - que de uma certa forma marcaram as nossas vidas. E estes três, de um conjunto de algumas dezenas que abandonaram a vida para entrar nos livros de História - dois deles, Cesária Évora e Vaclav Havel, encantaram-se ao mesmo tempo que o Kim - nos assombrarão por muito, mas muito tempo.
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