A noticia surgiu na segunda-feira, com direito a assinatura e tudo por parte de Jean Todt. A criação da Formula E, uma competição dedicada aos automóveis elétricos, vai ser uma realidade a partir de 2014, com dez equipas de dois carros cada uma, prefazendo vinte pilotos. Ainda não se sabe se os que pilotarão esses carros serão esperanças para a Formula 1, veteranos da competição ou pilotos que virão ali uma alternativa à categoria máxima do automobilismo.
Esta competição, abençoada pela FIA, será organizada pelo espanhol Alejandro Agag, um dos acionstas da equipa Addax e que durante muito tempo "namorou" a ideia de colocar uma equipa na Formula 1, mas que nunca foi adiante. Tem como parceiros outro espanhol Enrique Bañuelos, um dos homens mais ricos de Espanha, cuja fortuna veio do setor imobiliário, mas que quando viu o mercado ibérico "rebentar", decidiu virar-se para o Brasil para ver se conseguia manter o "cash-flow", e o britânico Lord Drayson, que desde há muito está a construir, com o auxilio da Lola, um Protótipo elétrico com a ideia de participar nas 24 Horas de Le Mans de 2013 e no WEC, o Mundial de Endurance.
Já começaram a surgir alguns detalhes da competição, e francamente, não estou muito otimista. Aparentemente, será uma competição monomarca, com os mesmo chassis, no total de vinte carros, de dez equipas, e fala-se que as corridas terão à volta de dez minutos de duração. Como é de esperar, ainda não se sabe quantas provas terá, mas deverá ser espalhado um pouco por todo o mundo. Fala-se de uma corrida nas ruas do Rio de Janeiro, mas provavelmente veremos essa competição espalhada pelo resto do mundo.
Como ainda falta ano e meio para o inicio da competição, haverá tempo para ver os regulamentos e quem serão os pilotos que alinharão nesta nova experiência. Mas o mais interessante é que há promotores para isto, numa aposta a longo prazo, pois como sabem - e por muito que custe a muita gente - esta é a aposta que os construtores automóveis estão a fazer neste momento.
É que sobre os elétricos em si, já ando farto de ler os comentários dos detratores, que afirmam que "os elétricos matam a competição", ou que o "barulho é irritante", comparando-o às brocas que existem nos consultórios dentários. Só que se as pessoas fizerem o esforço de sair das suas zonas de conforto, irão ver que, quer queiram, quer não, os elétricos são o futuro. O tempo de frases como "Quem matou o carro elétrico?" já acabou, pois por fim, as construtoras sentiram-no nos seus bolsos. Desde há quase uma década que a industria automóvel investe pesadamente na tecnologia híbrida e elétrica, por duas razões: a económica e a ecológica.
Mesmo que os detratores acusem os defensores de hipócrisia, porque as as fontes de energia usadas para abastecer os elétricos são poluidoras na mesma (centrais térmicas a carvão, por exemplo), as pessoas tem de entender que a poluição causada pelo tráfego automóvel contribui de forma bem importante para o aquecimento global e o deterioramento da camada de ozono. Somos agora sete mil milhões de pessoas, e a pegada humana é demasiadamente enorme para ser menosprezada.
Há também outra boa razão para que se desgoste os elétricos, e tem a ver com a autonomia. Ninguém comprará um carro elétrico enquanto não tiver a autonomia de um a gasolina. Mas isso é uma questão de tempo. Há dez anos, as baterias dos portáteis e dos celulares (telemóveis) também tinham uma autonomia limitada e demoravam tempo para carregar, e hoje em dia, essa autonomia alargou-se bastante e o tempo de carregamento está bastante baixo. Se agora, em 2012, os carros têm em média autonomias de 160 quilómetros, ao ritmo que as montadoras investem neste tipo de tecnologia, nada garante que em 2022, veremos veículos elétricos com o dobro da autonomia, carregados em metade do tempo ou menos. Quer queiramos ver ou não, estamos a observar o futuro do automobilismo.
Contudo, também poderemos estar a ver outro tipo de futuro: um sem Bernie Ecclestone. Quando Jean Todt assinou este acordo com Alejandro Agag e Enrique Bañuelos, assinou também a ideia de uma alternativa à máquina montada por Bernie Ecclestone. Ainda nada se sabe ou foi dito, mas daquilo que vimos, posso afirmar que construir uma competição usando circuitos de rua nas principais cidades europeias e mundiais pode significar alternativas ao método usado pelo octogenário anão há mais de 35 anos. Do que isto poderá resultar, só o futuro dirá.
2 comentários:
Acredito que a tal Fórmula E vai fazer sucesso sim, há mercado para ela. Contudo, provavelmente serão umas corridas bem chatinhas...
Acho que vai morrer na casca este ideia. Como expliquei no blog.
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