Que Neil Armstrong, morto este sábado aos 82 anos, foi um herói para todos nós, isso é claro. De uma certa forma, é o melhor exemplo de um "nerd" bem sucedido, pois somente um entendido em engenharia é que poderia compreender e manobrar uma máquina tão frágil como o Módulo de Comando, que colocou a ele e a Edwin "Buzz" Aldrin na Lua, naquele já distante 20 de julho de 1969. O feito da Missão Apollo deve ser um dos - senão o mais bem conseguido - feito de engenharia do século XX.
Contudo, desconhecia o tamanho do impacto de Neil Armstrong, especialmente numa engenharia do qual nunca colocou os pés: no automobilismo, especialmente na Formula 1. Claro, colocar um homem no Espaço e noutro corpo celestial não tem nada a ver com a ciência de "conseguir leveza e depois acrescentar velocidade", nas palavras de Colin Chapman. Mas tem um principio em comum: o de superar obstáculos que aparentemente parecem ser impossiveis. E muitos do que hoje em dia trabalham no automobilismo começaram a interessar-se pela engenharia devido à missão Apollo. Como Ron Dennis, que em 1969 tinha 22 anos e era um aprendiz de mecânico na Brabham, e que fez um tributo ao astronauta americano:
“Fiquei triste por saber da morte de Neil Armstrong, o primeiro homem a chegar à Lua", começou por dizer Dennis, de 64 anos. "O feito de Armstrong e os seus colegas continua a ser o maior triunfo de engenharia que o mundo viu, contra todas as probabilidades. Foi - e continua a ser - inspirador para toda uma geração. É um feito que me inspirou. Em 1969, quando Armstrong disse as icónicas palavras 'um pequeno passo para o Homem, um grande salto para a Humanidade', tinha 22 anos e trabalhava como técnico na industria automobilistica. Armstrong mostrou-me, tal como muitos outros, de que à nossa maneira, temos de nos 'atrever a tentar' - e esse atrever a tentar que permanece um mantra na McLaren até aos nossos dias.", concluiu.
De uma certa forma, todos os que trabalham nas engenharias foram inspirados pelo programa Apollo e pela corrida espacial dos anos 60 e 70, entre americanos e soviéticos. E mesmo que nem todos os engenheiros formados tenham ido parar à industria aeroespacial, muitos acabaram na industria automotiva, também competitiva e também de ponta, com objectivos e feitos que à partida eram classificados como "impossiveis".
Este tributo de Ron Dennis é de facto dos mais inesperados. Mas vindo de quem vêm, não me surpreende.
1 comentário:
Muita coisa ultimamente que sai do Ron Dennis está sendo inesperada. Mas algo como este superou o que muitos poderiam esperar dele.
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