sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A Ferrari e o futuro próximo da Formula 1

A noticia de que a Ferrari decidiu constituir duas equipas de projetistas, desenhadores e engenheiros, para os carros de 2013 e 2014, a trabalharem autonomamente, mas coordenados por Dimitris Tombazis, mostra até que ponto a Scuderia está desesperada para conquistar ambos os títulos, depois de quase sete anos de afastamento em ambos os casos. Sabem que têm provavelmente o melhor piloto do pelotão, e este já fez o que tinha a fazer para tirar "leite de pedra", mas o facto de, depois de três anos seguidos em que o vencedor é o mesmo, e com a Red Bull a ter Adrian Newey e outro grande piloto, na figura de Sebastian Vettel, demonstra que em Maranello, a altura é do "tudo ou nada".

Com a noticia de que a Ferrari alugou o túnel de vento de Colónia, pertencente à Toyota - enquanto que o seu túnel de vento é remodelado - para ver se o seu carro de 2013 não venha a ter os mesmos problemas aerodinâmicos do que o F2012, isso demonstra que Luca di Montezemolo não olha a meios para gastar o que tem para gastar para bater Red Bull e McLaren. E claro, temos de pensar se eles realmente desejam reduzir os custos para sustentar a Formula 1. Claramente, não me parece.

E estas noticias vindas de Maranello aparecem numa altura em que existe um mistério ainda por esclarecer: as equipas já assinaram o novo Pacto de Concórdia? Para mim, este é um enorme mistério, mas quer este, quer os anteriores Pactos são tão ou mais secretos do que certos segredos de estado de alguns países  Mas acho que até os segredos de estado, passados alguns anos, são desclassificados e mostrados ao público, como por exemplo, as reuniões do conselho de ministros britânico, que têm um prazo de 30 anos. E quando esse prazo termina, encontramos coisas muito interessantes. Mas... se me perguntarem se conheço os detalhes do primeiro Pacto de Concórdia, assinado em 1982, direi que.. não sei. E falo disso porque o actual termina nesta segunda-feira e nada oiço sobre a assinatura do novo Pacto. 

Será que as coisas vão-se manter assim até março de 2013, altura do GP da Austrália? Se for, então direi que Bernie Ecclestone anda a perder qualidades. Pode ser expectável, dados os 82 anos que já tem, mas não creio. Aliás, a velha geração, que apareceu nos anos 70 - Ecclestone, Montezemolo, Williams, para citar alguns - ainda manda cartas, mas não por muito mais tempo. As coisas podem estar difíceis para Ecclestone, por exemplo, no caso Gribowsky, mas as pessoas sabem que o estilo de governar do "anãozinho tenebroso" começa a ser contestada, quer por dentro, quer por fora, como o facto do pelotão da formula 1 ir de novo ao Bahrein em abril, num país onde há uma contestação aberta ao governo e pode-se esperar o pior. A FIA e as equipas sabem disso e têm algum receio.

Voltando à Ferrari, o ano de 2013 será o de "tudo ou nada", pois esta geração sofreu a bem sofrer os vinte e um anos de "travessia do deserto" entre 1979 e 2000 - entre Jody Scheckter e Michael Schumacher - e apesar do dominio na primeira metade da década passada, não quer atravessar outro deserto. E pessoas como Stefano Domenicalli estão em jogo em 2013. Deu-se uma nova injeção de confiança, devido á recuperação do tempo perdido, e os problemas foram identificados. Mas agora sabe-se que não tem outra escolha: se Fernando Alonso não terminar o ano como tricampeão do mundo, cabeças rolarão em Maranello, adiante uma temporada de 2014 onde trará motores 1.6 turbo e novos chassis. 

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