terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

No Nobres do Grid deste mês...

(...) no inicio deste ano,[Stefan] Johansson decidiu escrever um artigo de três partes no site Motorsport, onde fala sobre a situação atual da Formula 1, de como chegamos até ali e o que deveríamos fazer para melhorar a competição. Primeiro fala sobre a situação atual, onde graças às constantes alterações de regulamento em termos de motorização, temos a situação onde os carros são cada vez mais lentos em reta, mas graças ao “downforce” que os carros têm agora, são crescentemente mais velozes em curva.

Quase todas as formas de automobilismo, hoje em dia, tornaram-se completamente dependente de aerodinâmica - e, mais especificamente, de downforce aerodinâmico - para determinar a velocidade final de determinado carro. Cada ano que passa, os tempos por volta mais rápida começam a baixar até que haja uma mudança de regras para reduzir a velocidade dos carros, normalmente no interesse da segurança. Na maioria das vezes, isso é feito através da redução de potência - uma solução rápida - até que os designers e engenheiros encontram uma maneira de contornar o problema, aumentando os níveis de aderência através de uma melhor aerodinâmica. Em 2-3 anos, os tempos por volta regressam para onde estavam antes das mudanças de regra.

Em todas as formas de corrida, as velocidades máximas em reta são significativamente menores hoje em dia do que eram em meados da década de 1980. Os tempos por volta eram muito mais rápidos em cada pista de corrida onde era possível fazer uma comparação razoável. Então, onde é que vem a velocidade? Via velocidade nas curvas, [pois os carros estão] maciçamente mais rápidos. Hoje em dia para um piloto, o impulso em curva é o que conta. Ele (ou ela) estão sempre tentando alcançar a melhor velocidade em curva no mínimo possível, pois isso irá normalmente determinar o melhor momento ao longo de uma volta. No passado, a travagem e velocidade de saída em curva eram os fatores mais determinantes”, começa por afirmar. 

Mas deixando de lado falhas mecânicas ou qualquer outra situação anormal, caso o condutor perca o controlo, onde é que a maioria dos acidentes acontece? A última vez que verifiquei, eles aconteciam nas curvas! Então, por que todas as séries automobilísticas profissionais, alegadamente em nome da segurança, mantenham a obrigatoriedade de reduzir a potência do motor? As reduções trazem velocidades máximas mais lentas, é verdade, mas a velocidade nas curvas continua a aumentar todos os anos através do desenvolvimento aerodinâmico. Para mim não faz absolutamente nenhum sentido...”, continua.

(...)

sobre a aerodinâmica, Johansson diz o seguinte:

(…) “eis uma luta sem fim para ganhar percentagens minúsculas de downforce vs arrasto, todos determinados por um conjunto muito estrito de regras que basicamente não permite nenhum pensamento inovador. É puramente uma questão de gastar tanto tempo e dinheiro quanto é permitido pelas regras para afinar o pacote aerodinâmico.

"A 'guerra contra o desenvolvimento' tornou-se um grande ponto de falar na Fórmula 1, e as equipas de topo estão literalmente voando em caixas com novos componentes aerodinâmicos durante a duração de uma corrida. É puramente uma questão de dólares: quanto mais você gasta, mais você ganha. Hoje uma equipa de Formula 1 dita 'de topo' coloca 75 versões diferentes da sua asa dianteira durante uma temporada. O simples custo disto é incompreensível. Há, obviamente, um monte de outros trabalhos aerodinâmicos a acontecer ao mesmo tempo, mas é tudo secundário por causa da asa dianteira, pois isso é o que mais influencia as forças aerodinâmicas ao longo de qualquer carro de corrida”.

Daí ele dizer depois que os carros, quanto mais eficientes eles são, mais complicados serão de ser ultrapassados. E quanto aos DRS, ele diz que, apesar de ajudar a ultrapassar, não existe qualquer técnica em especial, porque “quando pressionas um botão para passar o carro que está à tua frente, ele é basicamente um alvo fácil, sem qualquer possibilidade de resposta”. (...)

Stefan Johansson foi um dos nomes da Formula 1 nos anos 80. Piloto da McLaren e Ferrari, entre outros, também andou pela IndyCar e pela Endurance, onde venceu as 24 horas de Le Mans em 1997, ao lado de Michele Alboreto e Tom Kristensen. Hoje em dia, aos 59 anos e radicado nos Estados Unidos, o piloto sueco escreveu no site Motorsport sobre o que se passa na Formula 1 atual e o seu manifesto, dividido em três partes, foi demolidor em relação às regras atuais e sugeriu que o grande problema tem a ver com o demasiado ênfase no arrasto aerodinâmico, em vez da potência dos seus motores.

As sugestões foram lidas e estão a ser discutidas, mas pelo que se vê e se lê na atualidade, parece que os construtores e os manda-chuvas na Formula 1 atual - leia-se, Bernie Ecclestone e Jean Todt - pouco ou nada ligaram alguma ao que foi dito, tentando establecer as suas próprias regras e provavelmente gastando mais dinheiro para tentar tirar mais alguns décimos de segundo.

Contudo, tudo isto e muito mais pode ser lido por aqui, no site Nobres do Grid.

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