E a fechar esta semana dedicada a bólides de Endurance do passado, hoje falo sobre o Jaguar XJR-14, o último de uma série começada nos anos 80, construida nas oficinas da Tom Walkinshaw Racing e que foi vencedora nas 24 Horas de Le Mans e no Mundial de Endurance. O XJR-14 tornou-se no último dos XJR na Endurance, antes do Mundial de Endurance terminar, em 1992, foi desenhado por um dos maiores projetistas do seu tempo... na Formula 1, e o seu chassis teve uma vida longa... noutras marcas, incluindo mais duas vitórias nas 24 horas de Le Mans!
Projetado por Ross Brawn, e ajudado por John Piper e Mark Thomas, o XJR-14 foi construido nas instalações da Tom Walkinshaw Racing. O motor era o Cosworth de 3.5 litros, com cerca de 700 cavalos, e o design era o mais eficiente possivel, no sentido de poupar nos consumos. O peso tinha ficado pelos 750 quilos, e em pista, o XJR-14 tornou-se num carro veloz em curvas, mais veloz do que a concorrência.
Estreando-se nos 430 km de Suzuka, a Jaguar corria com dois carros, corridos por Derek Warwick e Martin Brundle, e o segundo por Teo Fabi e David Brabham. A primeira vitória aconteceu em Monza, com a Jaguar a conseguir uma dobradinha, com Brundle a ter a particularidade de correr... nos dois carros! Fabi e Warwick venceram em Silverstone, com Brundle em terceiro, com o Sauber de Karl Wendlinger e Michael Schumacher pelo meio, no segundo posto.
Em Le Mans, a Jaguar decidiu alinhar com os XJR-12, por serem mais velozes e eficazes do que os XJR-14, mas esses voltaram na ronda de Nurburgring, onde Derek Warwick e David Brabham deram mais uma vitória para a marca britânica. No final do ano, a Jaguar venceu os campeonatos de pilotos, com Teo Fabi a ser o melhor, e os de Construtores, e decidiram abandonar a Endurance devido a aquilo que referiram como "instabilidade dos regulamentos".
Assim sendo, passaram para os Estados Unidos, onde foram correr na IMSA, onde acabaram por vencer nas 24 Horas de Daytona, com David Brabham, o canadiano Scott Goodyear e os americanos Scott Pruett e Davy Jones. Jones ganharia mais duas corridas, em Road Atlanta e Mid-Ohio, mas os problemas que teve nos circuitos urbanos fizeram com que perdesse a favor da Nissan e da Toyota, com a Jaguar a ficar com o terceiro posto.
Nesse ano, a Jaguar decidiu oferecer os desenhos dos XJR-14 à Mazda, que construiu um carro que o batizou de MXR-01, do qual colocou motores Judd V10. Os resultados foram modestos, sendo o melhor um segundo posto nos 500 km de Silverstone, com o brasileiro Maurizio Sandro Sala e o britânico Johnny Herbert como pilotos. Em termos de campeonato de construtores, a Mazda terminou na terceira posição, atrás da Peugeot e da Toyota. Um desses chassis também participou no campeonato japonês de Endurance, sendo segundo, atrás da Toyota, mas na frente da Nissan. Mas com o o campeonato mundial a acabar após esse ano, a participação da Mazda terminou por ali.
Mas não o chassis. Em 1995, um dos XJR-14, o chassis 791, que competia no campeonato IMSA, foi ressuscitado para ser modificado e receber um motor flat-6 da Porsche. O carro, reconstruido em 1995, foi rebatizado em TWR-Porsche e ainda foi construído um segundo chassis. E nas duas edições seguintes das 24 horas de Le Mans, ele acabou por ser vencedor, primeiro com Alexander Wurz, Davy Jones e Manuel Reuter, e no ano seguinte, com Michele Alboreto, Tom Kristensen e Stefan Johansson.
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