A decisão inesperada de Nico Rosberg de abandonar a carreira no seu auge, aos 31 anos, mostrou a toda a gente que o automobilismo pode ser uma atividade absorvente, do qual haverá sempre algo a perder, como por exemplo, o convívio com os amigos e a familia. Numa temporada que em 2016 acabou por ser a mais extensa de sempre, com 21 corridas, estar quase metade do ano fora de casa, por vezes em fins de semana seguidos...
Mas a situação não é virgem. Por vários motivos, alguns pilotos já abandonaram no auge das suas carreiras. Uns porque queriam evitar ter o destino de muitos dos seus companheiros de equipa ou outros pilotos, outros porque alcançaram o seu objetivo e não havia nada mais a fazer, outros até porque se viram encurralados em situações que não queriam aceitar. E ao longo destes dias, vamos recordar estas situações, começando por Mike Hawthorn, que até hoje é o campeão mais novo a retirar-se da Formula 1, apenas com 29 anos de idade.
Nascido a 10 de abril de 1929 em Mexborough, no Yorkshire inglês, Hawthorn começou na Formula 1 logo em 1952, aos 23 anos, a bordo de um Cooper. Conseguiu o seu primeiro pódio logo no GP da Grã-Bretanha, com um terceiro lugar, acabando a temporada na quinta posição, com dez pontos. No ano seguinte, passou para a Ferrari, onde conseguiu em França a primeira vitória de um piloto britânico, no GP de França, após um duelo com Juan Manuel Fangio. Acabou essa temporada na quarta posição, com 19 pontos. Voltaria a vencer no ano seguinte, em Barcelona, acabando nessa temporada na terceira posição, com 24 pontos.
Venceu as 24 horas de Le Mans em 1955, numa corrida marcada pelo acidente que matou mais de 80 pessoas durante a prova, quando o seu carro, um Jaguar com travões de disco, abrando inesperadamente à frente do Mercedes de Pierre "Levegh", que se despistou e embateu contra o muro onde se situava a bancada cheia de espectadores. Por esta altura, conhecera e fizera uma grande amizade com o seu compatriota Peter Collins, que o chamava de "Mon Ami, Mate".
Em 1958, a Ferrari tinha uma boa máquina, que andava contra os Maserati 250F, os Cooper de motor traseiro e os Vanwall. O modelo 246 Dino fazia parte de uma equipa que tinha ele, Collins e o italiano Luigi Musso, entre outros. Musso era o mais veloz, enquanto que Collins e Hawthorn eram mais consistentes, especialmente contra os Vanwall guiados por Tony Brooks e Stuart Lewis-Evans, e os Cooper de Stirling Moss.
A grande corrida de Hawthorn aconteceu de novo em Reims, no GP de França. O inglês venceu perante Collins e os Vanwall, numa corrida marcada pelo acidente mortal de Musso e a última corrida de Juan Manuel Fangio, que foi quarto e que em sinal de respeito. Hawthorn não o dobrou.
Contudo, o acidente mortal do seu amigo Collins, no Nordschleife, fez com que pensasse na retirada. Mas também havia outra razão, mais obscura: Hawthorn sofria de uma doença nos rins, e era provável que não iria viver por muito tempo. Controlou a distância para Moss, e apesar de vencer apenas uma corrida, conseguiu sete pódios, acabando com 42 pontos. E para piorar as coisas, na prova final do campeonato, em Marrocos, viu o seu compatriota Lewis-Evans sofrer um acidente mortal.
Hawthorn pensava que andaria o resto a vida a gozá-la, mas foi por muito pouco tempo: a 22 de janeiro de 1959, meteu-se numa competição de estrada com o Mercedes 300 SL de Rob Walker. Hawthorn ia no seu Jaguar 3.4 MK1 quando perdeu o controle do seu carro, sofrendo o seu acidente fatal. Tinha 29 anos.
O legado de Hawthorn, como o primeiro piloto britânico a vencer o Mundial, mantêm-se até hoje com a atribuição do Hawthorn Memorial Trophy, atribuído todos os anos ao melhor piloto britânico - ou da Commenwealth - na Formula 1.
O legado de Hawthorn, como o primeiro piloto britânico a vencer o Mundial, mantêm-se até hoje com a atribuição do Hawthorn Memorial Trophy, atribuído todos os anos ao melhor piloto britânico - ou da Commenwealth - na Formula 1.
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