Já passaram cinco anos desde o dia em que, num domingo à tarde, e enquanto nos preparávamos para celebrar a entrada para 2014, soubemos da noticia do acidente de Michael Schumacher. Fiquei sempre com a sensação de que, mais do que termos sido apanhados de surpresa, ficamos em choque por saber que ele, tão em forma e que um ano antes, tinha estado num monocoque, a correr pela Mercedes, ao lado de Nico Rosberg, estava a lutar pela vida, num hospital francês.
Depois do choque, preocupamo-nos. Depois, queríamos informações. Depois, estranhamos a atitude da familia. E estranhamos porque num mundo como o nosso, onde mostramos o que andamos a comer ao almoço e ao jantar, eles nem sequer darem noticias sobre o estado de saúde dele. E aí entramos em choque com a maneira de ser dos alemães, que para muitos de nós, é extraterrestre. Privacidade, o que é isso?
Claro, muitos não entendem isso. E depois alimentam teorias da conspiração. Não querem acreditar que o Michael Schumacher que conhecemos já morreu. Ou seja, não no sentido "falecido" do termo, mas não o veremos mais em público. A familia não quer saber se já saiu do coma, se já anda ou não, se está numa cadeira de rodas, se têm ou não autonomia, se fala ou não, se pisca os olhos. Não tem autonomia suficiente para ser o que era antes, porque as suas lesões foram bem fortes. E não tendo mais isso, a familia o protegerá a sete chaves para o resto dos seus dias, viva mais vinte, quarenta ou cinquenta anos. É assim mesmo, temos de respeitar.
Em suma, só agora é que entendemos que os eventos de 2013 constituíram a sua morte pública, digamos assim. Foi inesperado, e demorou tempo até que a familia seguisse em frente e de dedicasse ao seu legado e preparar a próxima geração, com o seu filho Mick a aproximar-se da Formula 1 e as equipas a desejarem que tenha os genes do pai...
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