sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Como um país quer esquecer uma ideia


O Vietname não é uma democracia, isso é um facto, mas não interessa o regime politico, a falta de transparência e a ideia de "poderemos proteger-te se não roubares muito e falares alto" parece ser algo muito tentador, bastante mesmo. E falo deste país de quase cem milhões de habitantes, cuja capital é Hanoi, por causa da história de alguém com muita ambição, que quis faer muitas coisas para mais tarde subir mais alto na hierarquia do todo-poderoso Partido Comunista.

Então, a história é o seguinte: como sabem, estiemos bem perto de assistir ao Grande Prémio do Vietname. Uma pista foi desenhada ao torno do bairro de My Dinh, perto do Estádio Nacional, com boxes construidas e tudo. Chegou a ter datas marcadas, mas aparentemente, a pandemia estragou os planos. Mas existia algo mais do que isso. Entra em cena Nguyen Duc Chung. Chefe da região de Hanoi, e com acesso a milhares de milhões de dólares, assinou contratos com grupos como o VinGroup, a entidade que iria gerir o Grande Prémio, e do qual ajudou nas facilidades para construir o circuito. Mas ele, quer neste, quer noutros contratos, iria receber algum para o seu bolso, para ganho pessoal. E claro, alguém meteu a boca no trombone e ele caiu em desgraça.

Resultado: escândalo mostrado para fora - curiosamente, neste campo, estes regimes são muito transparentes... - o senhor Duc Chung foi detido, confessou que roubou documentos de estado e falsificou outros para ganhos pessoais, e no mês passado foi condenado a cinco anos de prisão. Até foi ligeiro, porque poderia ter acabado contra a parede e passado pelas armas, se fosse um regime mais duro... mas os que lideram o país decidiram que todos os contratos que ele assinou iriam ser anulados. E isso significa o quê? Bom, podem esquecer o Grande Prémio do Vietname para os próximos tempos.

E que desde então, a comunicação social local reduziu a secção da Fórmula 1, procurando falar o mínimo sobre o desporto, um sinal de que o governo pode não querer que a população se lembre de que houve uma possibilidade de Grande Prémio. E os edificios, quer o da bancada principal, quer o das boxes, parece que ficarão para as corridas locais, isto... se quiserem.

Moral da história? Sem transparência, estas coisas acontecem. E podemos pensar o mesmo para a Rússia, China, Baku e sabe-se lá mais...

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