terça-feira, 7 de março de 2023

Considerações sobre "Lamborghini, o homem por trás da Lenda"


Já tinha passado muito tempo desde que não ia ao cinema. Antes da pandemia, tinha a certeza, mas três anos e alguns meses parecem muito, quando regressei ao escuro de uma sala, para assistir a um filme. Ainda por cima, no tempo que os Netflixes e outros canais de cinema por assinatura começam a dominar, quer queiramos, quer não. 

Como não tenho Netflix, e gosto do escurinho da sala, decidi numa tarde de terça-feira matar saudades. 

Claro que gastar dinheiro para perder duas horas tem de valer a pena. Contudo, "Lamborghini, O homem por trás da Lenda"... temo que não seja desses filmes. 

Iremos por partes. O filme mostra um duelo entre um Counthach e um 308 GT, ambos carros dos anos 70, com os seus fundadores ao volante. Aparenta ser algo que não aconteceu, mas na realidade, é mais a fantasia de Lamborghini. Só que, colocando isso como cena inicial, passa por realidade, e quem conhece a história, não é. 

Não é um mau filme, é medíocre. Mas dá para entender algumas coisas. De como foi feito o primeiro carro, como surgiu a rivalidade com Ferrari, mas certas coisas não tem muito sentido. Um exemplo é uma cena onde Ferrari viu o primeiro Lambo em Genebra, em 1964. E não é verdade. Nos anos 60, o Commendatore já era um recluso, e raramente ia para além de Monza. E quase nunca andava de Rolls-Royce, era um senhor que passeava por Modena em Fiats e - imagine-se! - Minis. A única coisa que gostei foram as cenas de como construíram o primeiro carro, com as presenças de Giotto Bizzarrini e Gianpaolo Dallara (ainda vivem, a propósito) e de Franco Scaglione. E outras cenas que não tem muita lógica, mas servem para o filme. 

Comparado com "Ford vs Ferrari", o primeiro é muito melhor. Aqui é centrado em Lamborghini, e a base é o livro escrito... pelo filho, Tonino, que é dono da firma de design com o seu apelido. E com isso, haverá defeitos. É verdade que a Lamborghini nunca se envolveu nas corridas, por decisão sua, mas a ideia que passa no filme de que o Miura foi ideia sua - não é, era um projeto de Dallara feita nos tempos livres para fazer um carro de corrida, e o primeiro com motor na traseira, a propósito. E para piorar as coisas, o carro, que foi um "game changer", aparece nas cenas finais. É muito pouco.

E para terem uma ideia até que ponto não é grande coisa: pode ser uma terça-feira à tarde, mas eu era o único que estava na sala de cinema. Sempre sonhei com o dia de ter uma sala à minha disposição, mas agora que aconteceu, posso afirmar que foi apenas o meu gosto por automóveis que fez suportar a minha ida ao cinema. O que é pena.    

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