sexta-feira, 5 de julho de 2024

A imagem do dia


Um ano depois, Brad Pitt regressa ao circuito de Silverstone para se mostrar ao pelotão da Formula 1. Traz consigo um exército de pessoas, alguns para filmarem algumas cenas, outras para o proteger de um paddock que olha para eles como mais uns curiosos perante um circo que é dos melhores montados que o desporto oferece: 24 pistas, que percorrem os quatro cantos do mundo de março a dezembro.

Mas nesta sexta-feira, Brad Pitt e a sua equipa de filmagens trouxeram uma novidade: o cartaz e o nome do filme que andam a fazer sobre Formula 1. Chama-se... “F1”, e se estreará dentro de um ano. A primeira imagem tem ele mesmo dentro de um capacete da ficcional “Apex Team”, e Pitt – que, recordo-vos, está a caminho dos 61 anos – a o papel do ex-piloto que é chamado para para domar um mais jovem, papel interpretado por Damson Idris

O filme tem Joseph Kosinski como realizador, Lewis Hamilton como um dos produtores, ao lado de Jerry Bruckheimer, e alegadamente, foram já gastos 300 milhões de dólares nas filmagens. Alegam que está a ser filmado em IMAX e também que estão a ser usadas técnicas cinematográficas inéditas – cheira-me a drones ultra-velozes – e os carros não são mais que dois Formula 2 modificados na Carlin. E claro, pergunto-me: tanta treta, tanto acesso privilegiado para um cartaz tão mau quando o “Lamborghini”, por exemplo?

E claro, existe outra sombra a pairar. O dinheiro. As pessoas já acenderam algumas luxes vermelhas sobre o dinheiro gasto. Segundo esses entendidos, para um filme resultar, tem de ter duas vezes e meia mais dinheiro a entrar que a sair. Ou seja, para um filme destes, tem de ter lucros de 700 milhões de dólares. Menos que isso, é um fracasso. E se conseguirem menos que esses 300 milhões, será um “box-office bomb”. E isso não é bom.

Contudo, os otimistas dirão que eles foram os mesmos que fizeram “Top Gun: Mawerick”, que deu receitas um pouco superiores a mil milhões de dólares, depois de terem gasto mais ou menos o mesmo valor para as despesas. Não há Tom Cruise, mas há Brad Pitt, mas julgam que se montarem a formula de sucesso, todos acabam por ganhar, a começar pela própria Formula 1.

Da minha parte, será mais um motivo para ir à sala de cinema – apesar de ser distribuído pela Apple + - mas mesmo assim, fico um pouco cético. Hollywood não tem grandes ideias sobre como isto funciona, e suspeito que a liderança atual da Formula 1, que está nas mãos da Liberty Media, quer algo que seja o mais simples e “neutro” possível para agradar ao fã que começou a ver isto depois de ter apanhado o “Drive to Survive” na Netflix. Acontece que a Formula 1 é um pouco mais que isso e tenho a impressão que não captaram esse espírito. 

Enfim, é esperar até ao próximo verão para saber se acertaram ou não. E se sim, será o suficiente para cobrir as despesas com os lucros que tanto sonham. 

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