Estas foram as palavras de James Hunt, que na BBC elogiava Satoru Nakajima durante o GP da Austrália de 1989, a bordo da sua Lotus, a caminho do quarto lugar, um dos seus melhores resultados de sempre, e com uma volta mais rápida, a primeira de um japonês na Formula 1. E no pior dos cenários: não só detestava correr em circuitos citadinos, como odiava correr à chuva!
O fim de semana do piloto japonês, que naquele final de semana iria encerrar a sua presença na Lotus, depois de três temporadas, parecia ser feliz, depois de ter conseguido qualificar-se mesmo no final da grelha, na 23ª posição. E quando partiu, no meio da chuva, fez um pião que o deixou na última posição, isolado do pelotão. Parecia ser o principio de uma má corrida... mas foi o contrário.
Se também teve alguma sorte por causa da interrupção da corrida, quando esta recomeçou, conseguiu evitar as armadilhas e começou a manter o seu ritmo, suficiente para passar alguns carros e beneficiar das desistências de outros. Na parte final da corrida aproximou-se do Williams de Riccardo Patrese, e a chance de um pódio poderia ser real. Mas o italiano, que queria acabar nesse lugar do pódio, porque assim passava Nigel Mansell na classificação geral, manteve o ritmo e conseguiu o lugar que queria, numa corrida ganha pelo seu companheiro de equipa, Thierry Boutsen.
Para Nakajima, tinha sido o seu grande feito numa temporada má, onde não se qualificou no GP da Bélgica, onde em conjunto com Nelson Piquet, faria a primeira corrida desde 1981 onde nenhum dos carros iria participar, e era simbolicamente o momento onde a Lotus estava em nítida decadência, cujo final aconteceria cinco anos depois, também em Adelaide. E o japonês recolheu ali os seus únicos pontos da temporada, uma corrida aplaudida por todos. Até por gente que o tinha criticado antes.
Tudo isto uma corrida onde parte dos pilotos considerou seriamente boicotá-la - apenas Alain Prost fê-lo, na sua última corrida pela McLaren - a corrida parou na quarta volta porque a chuva caiu ainda mais, Eddie Cheever, Piercarlo Ghinzani e René Arnoux faziam as suas últimas corridas na Formula 1 - nenhum deles acabou por causa da chuva, e no caso do americano, tinha um pedaço de outro carro alojado no seu Arrows! - e a corrida acabou onze voltas antes do final programado porque... tinham chegado ao limite das duas horas.
Isto tudo foi há 35 anos.
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