segunda-feira, 25 de agosto de 2025

A imagem do dia




Em 1985, a Alemanha não era nada disso que as pessoas vêm agora, em termos automobilísticos. Tinham passado 10 anos desde a última vitória de um piloto alemão, Jochen Mass, e nunca tinham ganho título algum, aparte a tentativa séria de Wolfgang won Trips, em 1961, pela Ferrari, e que acabou com o alemão e morrer no GP de Itália, com mais 14 espectadores, na disputa do título com o americano Phil Hill. 

(há um bom livro sobre esse duelo dentro da Ferrari, mas não está traduzido em português)

Em termos concretos, creio que só havia três vitorias alemãs na história até aquele momento. 

Muitos tinham uma boa impressão de Winkelhock. Piloto de fábrica da BMW, ao lado de Marc Surer e Eddie Cheever ,era uma  personalidade divertida, da mesma estirpe de Hans-Joachim Stuck, um verdadeiro "palhaço". Uma das fotos mas famosas dele aconteceu no inicio da carreira na Formula 1, quando se mete com uma das meninas da placa nos momentos que antecedem o GP do Brasil de 1982, corrida essa que termina no quinto lugar, a única vez que conseguiu pontos. E logo na sua terceira corrida da sua carreira!

Hoje em dia, se alguém publicasse essa foto, seria uma autêntica "shitstorm" por ser sexista...

Bellof, por sua vez, deu nas vistas ainda antes de chegar à Formula 1. Seis anos mais novo que Winkelhock, tinha estado na Formula 2, onde depois de duas vitórias nas primeiras corridas da temporada de 1982, foi convidado pela Porsche para guiar os seus carros de Endurance, o 956. E nos 1000 km de Nurburgring de 1983, deu nas vistas quando bate o recorde do Nordschleife, com 23 quilómetros: 6.11,13 segundos. Um recorde batido apenas... em 2018, por outro alemão, Timo Bernhard, noutro Porsche. 

Tanto talento não passou despercebido a Ken Tyrrell, que o contratou para a temporada de 1984, na única equipa que não tinha Turbo. E mesmo assim, arrancou seis pontos, entre os quais um pódio no Mónaco... antes de se descobrir a "falcatrua" dos carros demasiado leves da equipa do velho madeireiro, que nunca aceitou os Turbo. 

Mas ao contrário de Winkelhock, que penava na ATS, mesmo com os motores BMW Turbo, Bellof fazia das fraquezas forças. O facto de, ainda em 1985, ter conseguido quatro pontos com um motor Cosworth, mostrava que os Turbo eram frágeis e glutões - as finais de corrida onde os carros se arrastavam, sem uma pinga no depósito, entraram na História do automobilismo - e aí, eles poderiam aproveitar. 

Mas no caso de Bellof, nem era isso: em situações-limite, prosperava. Especialmente à chuva. O seu primeiro ponto "legal" foi no Estoril, debaixo de chuva intensa... 

Tinha potencial para ser campeão? Era melhor que Winkelhock, era seguro. O próprio Manfred, na RAM, sofria com o carro e já pensava que o melhor seria prosseguir na Endurance, onde era mais feliz. E Bellof gostava de andar por lá, mesmo que, em 1985, era piloto da Brun, porque o seu empresário exigiu mais da equipa oficial da Porsche e em resposta, o mandou "passear" com muitos "fik dich" pelo meio...

Que teria acontecido com os dois, num universo paralelo? De um, seria feliz noutras categorias, como o DTM, do outro, é uma grande incógnita. Poderia ganhar corridas e estaria no auge, a receber de braços abertos um certo rapazinho de Kerpen, num fim de semana de final de agosto de 1991... quase seis anos depois do seu acidente mortal. Que coincidência. 

Agora, pessoalmente, digo isto: teria sido fantástico vê-los a partilhar um 962 oficial em Le Mans, com o Bob Wollek, o Derek Bell ou o Jochen Mass. E terem um dia em que tudo saísse certo...

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