sábado, 18 de outubro de 2025

A imagem do dia (II)


Em 1985, a Haas (não esta Haas, é outra, montada por Carl Haas, a metade da Newman-Haas da CART) decidiu entrar na Formula 1. Estrutura ambiciosa, porque tinha uma grande patrocinadora poer trás, a cadeia de supermercados Beatrice, e com gente como Teddy Mayer, Ross Brawn e Adrian Newey (a unica equipa que os uniu), arranjaram como piloto o veterano Alan Jones, então com 39 anos. Tinham pedido á Cosworth para fazerem motores Turbo, mas eles não estavam prontos quando começaram as suas atividades, logo, instalaram os Hart Turbo, usados nos carros da Toleman. 

Estrearam-se em Monza, com Jones no volante e a começarem do fundo da grelha, mas esperavam melhorar com o tempo. 

O GP da África do Sul foi a terceira corrida onde iriam participar, e Jones conseguiu um modesto 18º tempo, em 21 carros. Contudo, no dia da corrida, a equipa disse que o australiano estava doente, com uma virose, e acabou por não participar.

Contudo, anos depois, a história acabou por ser outra. 

Em 2017, quando Jones publicou a sua autobiografia, contou o que realmente aconteceu. Naquele final de semana, a patrocinadora decidiu não meter o seu nome nos flancos para boicotar o GP sul-africano. Ainda mais, a própria patrocinadora queria que a Haas não participasse, porque tinha recebido pressões vindas dos Estados Unidos, especialmente da comunidade negra, que iriam fazer greve nos seus supermercados se corressem ou metessem o seu nome nos carros que iriam participar nessa corrida. 

Assim sendo, tiveram de arranjar algo criativo. E isso surgiu de uma fonte inesperada: Berne Ecclestone. Pelo menos é o que o Jones afirma. Na sexta-feira à noite, fora convocado por ele, e teve esta sugestão, alegando estar doente. E não saísse do hotel no dia da corrida.

"Não tinha a certeza do que tinha feito desta vez, fui lá ter com ele. Quando bati à porta, Bernie perguntou-me: 'Como você se sente?'", recorda. "'Que chances tens de ganhar a corrida amanhã?' perguntou Ecclestone. Eu disse: 'Se eu começar agora, provavelmente são boas'".

De acordo com Jones, Ecclestone continuou: "Bem, eu tenho uma ideia. Se você der baixa e não puder correr neste fim de semana, nós lhe daremos o prémio do primeiro lugar. Vá para casa e visite Austrália", concluiu.

"Assim sendo, na manhã de sábado [dia da corrida], estava de fora. Simplesmente não apareci. Já tinham o carro pronto para arrancar quando lhes disseram: 'O AJ [Alan Jones] foi acometido por um vírus e não podemos correr".

Em relação ao esquema, contou-o para Haas e Teddy Mayer, que aceitaram. E foi assim que a corrida sul-africana teve apenas 20 carros na pista.

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