domingo, 12 de outubro de 2025

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A vida tem destas coisas: num dia podes estar no topo do mundo, noutro, dás graças a Deus - qualquer que seja - por estares a respirar. E teres uma segunda chance. E a 12 de outubro de 1990, Alessandro Nannini teve sorte por estar vivo. 

Desde há algum tempo que o italiano, piloto da Benetton na Formula 1, e a ter uma temporada interessante - tinha conseguido um pódio em Jerez, no sul de Espanha - queria comprar um helicóptero para as suas deslocações. Quando o conseguiu, um AS350, também começou a tirar um curso de pilotagem, do qual ainda não tinha completado, logo, quando foi para a quinta da família, nos arredores de Siena, foi com um piloto especializado. 

Ao aterrar, este escolheu estar perto da entrada da casa, pois achava que estaria mais sólido. Contudo, calculou mal o peso do helicóptero e quando conseguiu pousar, o chão desabou. Se o piloto saiu ileso, Nannini não: o estrago foi grande, principalmente na frente, e uma das pás, que se desfez no impacto, cortou o antebraço direito do piloto. E tudo isto diante dos seus pais.

A partir dali, foi um contra-relógio: transportado de emergência para o hospital de Florença, começou uma longa operação liderada pelo Dr. Carlo Bufalini, que durante quase dez horas, conseguiu reimplantar o braço numa operação de microcirurgia. Em muitos aspectos, era um milagre, ele estar vivo, e ele ter conseguido recuperar o braço. 

O acidente não poderia ter acontecido na pior das alturas: tinha acordado ficar na equipa para 1991, recusado uma oferta da Ferrari porque era amigo de Flávio Briatore, e sabia que com ele, poderia ir longe na sua carreira na Formula 1. E nem sequer se pode falar da temporada que estava a ter até então, mais consistente que em 1989. Assim sendo, a pouco mais de uma semana do GP do Japão, uma abertura tinha aparecido, inesperadamente, numa Benetton que já ameaçava interferir entre Williams, Ferrari e McLaren...

Quanto a Nannini, nunca deixou de ser rápido. Mas não mais regressou à Formula 1. A recuperação foi lenta, e a mobilidade do seu braço foi parcialmente recuperada. Mesmo estando "mutilado", e mesmo que as portas da Formula 1 tenham ficado fechadas, continuou a ter uma carreira no automobilismo, pelo menos para o resto da década. A sua segunda vida, primeiro no DTM alemão com a Alfa Romeo, e depois nos GT's, na Mercedes, mostrou que é bom estar não só vivo, como também continuar a fazer aquilo que mais gosta.   

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