quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O piloto do dia: Mike Parkes

Nunca um piloto teve um tão grande palmarés em tão pouco tempo. OK, o Lewis Hamilton está a fazer melhor… mas há quarenta anos atrás, outro britânico tinha feito a mesma coisa, só que a sua carreira na Formula 1 teve uma curta duração devido a um grave acidente. Contudo, a carreira de Mike Parkes ficou ligada à Ferrari, e foi mais considerado como piloto de ensaios e engenheiro do que propriamente na competição…


Michael Johnson Parkes nasceu a 24 de Setembro de 1931 em Richmond, na província do Surrey. Filho de um oficial da Royal Air Force, que combateu na II Guerra Mundial, frequentou o Haileybury College, onde foi colega de, entre outros, de Stirling Moss. Ao abandonar a escola, aos 18 anos, foi trabalhar na indústria automóvel, e em finais dos anos 50, começou a correr em automóveis, por gozo. Em 1957, comprou um Lotus de Sport, e os seus resultados fizeram com que se tornasse piloto de testes da Fry, cujo engenheiro era Alec Issigonis, o criador do Mini. A Fry tinha uma equipa de Formula 2, e foi aí que fez a sua primeira incursão na Formula 1, no GP de Inglaterra de 1959, onde não se qualificou.


No início dos anos 60, corria nos carros de Sport, onde fez equipa com Willy Mairesse no Ferrari Testarossa, e em 1961, acabaram as 24 Horas de Le Mans na segunda posição. Isso foi o suficiente para receber em 1963 um convite de Enzo Ferrari para correr na sua equipa oficial, onde também tinha funções de piloto de testes. Nos anos seguintes, alcançou excelentes resultados a bordo dos seus carros, nomeadamente a vitória nas 12 Horas de Sebring, em 1964, com Umberto Maglioli; os 1000 Km de Spa-Francorchamps; os 1000 Km de Monza em 1965, com Jean Guichet, e em 1966, com John Surtees. Também ganhou os 1000 Km de Spa-Francochamps, em 1966, com Ludovico Scarfiotti.


A meio de 1966, há problemas na equipa Ferrari de Formula 1. O inglês John Surtess sai da Ferrari, em litígio com “Il Commendatore” depois de ganhar o GP da Belgica, e este precisa rapidamente de um substituto. Escolhe Mike Parkes, que não desilude. Logo na sua prova de estreia, foi terceiro nos treinos, e acaba em segundo, somente batido por Jack Brabham. Em Monza, Parkes faz a pole-position, mas é batido pelo piloto da casa, Ludovico Scarfiotti. No final da época, os 12 pontos deram-lhe o oitavo lugar da geral.


No ano seguinte, Parkes continua a competir na Formula 1, onde ganha duas provas extra-campeonato: em Siracusa, partilhando-a com Ludovico Scarfiotti, e no BRDC International Trophy, a sua primeira grande vitória em casa. Após a morte de Lorenzo Bandini, torna-se no primeiro piloto da marca, e tem direito a uma época inteira.



Contudo, isso seria sol de pouca dura: depois de ter sido quinto em Zandvoort, tem um terrível acidente na Spa-Francochamps, onde é projectado para fora do carro, partindo ambas as pernas e sofrendo um traumatismo craniano. Esteve em coma por uma semana e em recuperação por vários meses. Era o final de uma curta, mas excelente carreira na Formula 1. Os dois pontos que tinha alcançado no Grande Prémio anterior deram-lhe o 16º lugar na geral.


A sua carreira na Formula 1: Sete Grandes Prémios, em três temporadas, uma pole-position, dois pódios, 14 pontos.


Após o acidente, ainda correu mais algumas provas de Sport- Protótipos (fazia parte da equipa oficial da Ferrari nos 1000 Km de Buenos Aires de 1971, onde morreu o seu companheiro de equipa Ignazio Giunti), mas notava-se, principalmente Enzo Ferrari, que a agressividade de antes já lá não estava. A sua última prova importante foi a Targa Florio de 1972, ao volante de um Lola T212, partilhando a condução com Peter Westbury, foi quinto classificado. No início dos anos 70, torna-se “manager” da Scuderia Fillipinetti, e em 1974, muda-se para a Lancia, onde ajuda a desenvolver um carro mítico: o Lancia Stratos.


A 28 de Agosto de 1977, dirigia-se para Turim, debaixo de chuva intensa, testando um Lancia Stratos numa estrada de montanha. Com a falta de visibilidade, o seu carro não evitou um choque frontal com um camião, tendo morte imediata, aos 46 anos.


Para finalizar: uma curiosidade: no filme Grand Prix, de 1966, o desenho do capacete de Pierre Sarti, personagem interpretada pelo actor francês Yves Montand, era o de Parkes. No filme, Sarti morre em Monza, quando tenta alcançar o título mundial... Para finalizar, recomendo outra biografia de Mike Parkes no blog GP Insider, do blogueiro e ex-piloto Mario Bauer.

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