Este não é uma pessoa comum. Foi um virtuoso das duas rodas, com uma perninha nas quatro. As suas proezas fizeram-no entrar no campo da lenda, e hoje em dia é considerado como um dos melhores pilotos de sempre em Inglaterra. Hoje, falo-vos de Mike "the Bike" Hailwood.
Nasceu a 2 de Abril de 1940 na cidade de Great Milton, no Oxfordshire, como Stanley Michael Bailey Hailwood. Filho de um mecânico e piloto de motos antes do rebentar da II Guerra Mundial, desde cedo aprendeu a andar de moto, praticando num circuito oval ao pé da sua casa durante as tardes de Domingo, especialmente após a missa. Andou no Paderbourne College, mas cedo abandonou os estudos para ajudar nas oficinas do pai. Pouco tempo depois, ele mandou-o para a Triumph. Aí, os responsáveis da marca notaram que ele tinha qualidades para ser o seu piloto da marca, e aos 17 anos, estreava-se em provas motociclisticas, no circuito de Oulton Park.
Cedo desenvolveu habilidades em cima da mota, e em 1958 participava regulamente no Mundial da especialidade, nas categorias de 250 e 350 centímetros cúbicos, ao volante de motos como a Ducatti, Norton e a NSU. Em 1959, ganha a sua primeira prova, no Ulster, na categoria de 125 cc. Continua a guiar por diferentes marcas até 1961, altura em que entra outra marca, desconhecida até então: a Honda. Nesse ano, Hailwood guia para eles nas categorias de 125 e 250 cc, e ganha cinco provas, acabando a época como campeão do Mundo, batendo pilotos como o rodesiano Gary Hocking, os ingleses Frank Perris e Bob Mcintyre e o alemão Ernst Denger, entre outros. Nas 500 cc, correndo para MV Augusta, torna-se vice-campeão do Mundo, batido somente por Hocking.
No ano seguinte, Hailwood torna-se campeão das 500 cc a bordo de uma MV Augusta, com cinco vitórias nessa temporada. Repetiria o título das 500 cc em 1963, 64 e 65, tornando-se no primeiro piloto a ganhar por quatro vezes consecutivas nessa categoria. Em 1966, estava a conduzir pela MV Augusta nas 500 cc, mas nas categorias de 250 e 350 cc, tinha voltado a conduzir pela Honda, foi nessas categorias que Hailwood se tornou campeão, um feito que voltou a repetir em 1967. No total, tinha conquistado nove títulos mundiais, em três categorias, transformando-o num dos grandes pilotos do seu tempo.
Contudo, em 1968, a Honda decidiu abandonar a competição, mas fizera um contrato com Hailwood, pagando-lhe 50 mil Libras para não correr com ninguém, enquanto eles não regressassem à competição. Hailwood aceitou, mas tinha o bochinho de correr. Então, lembrou-se de uma incursão que fez quatro anos antes pela Formula 1, a bordo um Lotus 25, incrito pela Reg Parnell Racing, e onde até tinha conseguido um ponto, em Montecarlo.
Sendo assim, começou a correr em automóveis. Primeiro foi para a Formula 5000, onde terminou na terceira posição, no campeonato desse ano, e no ano seguinte, foi terceiro nas 24 Horas de Le Mans, com o seu compatriota David Hobbs, num Ford GT40. Dois anos depois, voltava à Formula 1, a bordo de um carro do seu compatriota John Surtees. Na sua corrida de regresso, o famoso GP de Itália de 1971, foi quarto, a pouco mais de um carro do vencedor, Peter Gethin.
Em 1972, consegue uma temporada a tempo inteiro, que culmina com um segundo lugar no GP de Itália, a mesma corrida que consagra Emerson Fittipaldi como campeão do Mundo. Mais unas boas chegadas nos pontos dão-lhe o oitavo lugar final, com 13 pontos. Para além disso, Hailwood torna-se campeão europeu de Formula 2, a bordo de um Surtees.
Contudo, o ano seguinte é o deserto. Não consegue pontuar, mas esse ano vai ser marcado por gesto altruista: em Kyalami, na Africa do Sul, Hailwood para o seu carro para tentar salvar das chamas o suiço Clay Reggazzoni, que estava preso no seu BRM. Essa atitude (e uma perna um pouco queimada) valeu-lhe a Geroge Medal, a mais alta condecoração civil de Inglaterra.
Em 1974, a McLaren dá-lhe um terceiro carro a Hailwood, com o patrocínio dos cosméticos Yardley. A bordo do seu carro 33, Hailwood consegue boas prestações, incluindo um terceiro lugar em Kyalami. Contudo, em Nurburgring, Hailwood perde o controlo do seu carro e fica gravemente ferido no pé e perna direita, percipitando o final da sua carreira automobilistica.
A sua carreira na Formula 1: 50 Grandes Prémios, em oito temporadas (1963-65, 1971-74), dois pódios, uma volta mais rápida, 29 pontos.
Após fechar a sua carreira nos automóveis, decide assentar, casando-se com Pauline David em 1975, e ter dois filhos: Michelle e David. Em 1978, com 38 anos, volta às motos, pilotando uma Ducati 900SS na Manx TT, a prova mais prestigiada do motociclismo inglês. Contra todas as exprectativas, ele ganha. Era a sua 14ª vitória naquela corrida. No ano seguinte, abandona de vez a competição, consiente do dever cumprido, e vai cuidar dos seus negócios em Birmingham.
A 21 de Março de 1981, um Sábado, Mike leva os filhos para fazer umas compras, na cidade de Tanworth-in-Arden, no Warwickshire, centro de Inglaterra. A caminho de casa, um camião faz uma ilegal inversão de marcha, mesmo à frente deles, e Mike não teve tempo para imedir o choque. A sua fiçlha teve morte imediata, mas o seu filho sobrevive sem grandes ferimentos. Quanto a Mike, sobrevive mais dois dias antes de falecer, a apenas doze dias do seu 41º aniversário.
Desde então, todos os anos é feito um "Mike Hailwood Memorial Run", uma corrida de motos que vai desde a fabrica da Norton, em Birmingham, até ao local onde ele e a sua filha estão enterrados. O seu legado até hoje é lembrado: A Internattional Motorsports Hall of Fame incluiu-o em 2001, um ano depois de ter sido introduzido no Motorcycle Hall of Fame. Tudo isto demonstra o enorme legado que "Mike the Bike" obteve graças à sua carreira.
Fontes:
3 comentários:
Primoroso o texto e a lembrança deste mito das pistas (tanto faz a quantia de rodas). Parabéns!
Mais do que merecida esta homenagem a um dos grandes pilotos da história.
Hailwood morreu prematuro e destruiu o pé num acidente. Essa é a sina de quem é campeão da categoria de acesso.
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