sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O piloto do dia - Michael Schumacher, 40 anos! (1ª parte)

Amanhã, o melhor piloto desta geração fará 40 anos. Muitos de nós cresceram a vê-lo dominar as pistas de todo o mundo, outros o odiaram-no pelas suas manobras polémicas, à margem da lei, do seu "ganhar a todo o custo", ou então por ter comemorado no pódio do GP de San Marino de 1994, no mesmo momento em que o seu rival de então, Ayrton Senna, estava a agonizar no hospital. Foi polémico, mas estatisticamente, é o piloto com mais títulos conquistados, com sete, conco deles conquistados ao serviço da Ferrari, que ajudou a erguer das cinzas e a dar o seu primeiro título mundial de pilotos em 21 anos. Foi tudo isso e muito mais, numa carreira que se estendeu durante 16 temporadas e 250 Grandes Prémios. E hoje, começo a colocar aqui a sua biografia.

Michael Schumacher nasceu a 3 de Janeiro de 1969 em Hurth- Hurtelheim, nos arredores de Colónia, filho de Rolf Schumacher, um assentador de tijolos, e de Elisabeth, uma doméstica. Em 1973, aos quatro anos, o seu pai deu-lhe um carro a pedais, do qual acrescentou um pequeno motor de motociclo. Nessa altura, a familia tinha-se mudado para a pequena cidade de Kerpen, onde tinha um pequeno circuito de karts, criado quase 15 anos antes pelo herói da terra, um tal de... Wolfgang von Trips, que em 1961 tinha guiado (e falecido de forma trágica) um Ferrari de Formula 1. Quando o pequeno Michael bateu com o kart num poste, Herr Rolf decidiu inscrevê-lo no clube local, como o membro mais novo, para poder usar o kartódromo à vontade. Para sustentar o gosto do filho, Rolf e Elisabeth empregaram-se no kartódromo, ele a reparar e afinar os karts, como mecânico, e ela como a encarregada do bar. Michael, e mais tarde o seu irmão Ralf (nascido em 1975), começaram a aprender os segredos dos karts, a afiná-los e a melhorar os seus dotes de condução.

Com o tempo, os que o viam na pista começaram a dizer que ele deveria participar em competições. Mas, aos 12 anos, ele não podia fazer isso, dado que os regulamentos de então na Alemanha Ocidental só permitiam que o piloto pudesse correr com licença desportiva aos 14 anos. Assim sendo, arranjou uma licença... do Luxemburgo, e começou a competir. Dois anos mais tarde, já com a idade legal, trocou para uma licença alemã e começou a sua ascensão no karting. Em 1984, tornou-se campeão alemão de juniores, no ano seguinte passa para a Adolf Neubert, uma das melhores equipas no seu país, e dois anos depois era campeão alemão e europeu de karting. Por essa altura, decidiu largar a escola e tornar-se mecânico.

Em 1988, já com 19 anos, faz a transição para os monolugares. Corre na Formula Ford e na Formula Koenig, e torna-se campeão desta última competição. Nessa altura, e topado por um homem que o iria ajudar muito na sua ascensão para a Formula 1. Um ex-piloto que tinha um grande talento para os negócios, chamado Willi Weber. Ele era o dirigente de uma equipa de Formula 3, a WTS (Weber-Trella Stuttgart), que tinha em 1988 levado Joachim Winkelhock (irmão de Manfred Winkelhock) ao título alemão de Formula 3. Weber tinha-o visto a correr na pista de Saltzburgring, e convidou-o a fazer um teste no carro, em Hockenheim. O teste correu bem, e Webber ficou impressionado com o que vira, e deu-lhe o lugar. Em troca, exigiu ser o seu "manager" e uma percentagem de 15 por cento em todos os acordos de patrocinio e contratos com as equipas que assinaria de futuro. Acordo feito, Schumacher tinha carro para atacar o título, contra rivais como Heinz-Harald Frentzen e o austriaco Karl Wendlinger.

Depois de um ano de aprendizagem, Schumacher venceu o título alemão de 1990, com o carro da equipa de Weber. No final do ano participou no GP de Macau, onde correu contra outros rivais vindos de outros campeonatos, como o britânico, o francês e o japonês. E Schumacher andou todo o fim de semana a lutar pela vitória contra o campeão britânico da categoria, um finlandês três meses mais velho do que ele, chamado Mika Hakkinen. Outros rivais que estavam nesse fim de semana e que iria encontrar mais tarde na Formula 1 eram o finlandês Mika Salo e o irlandês Eddie Irvine. Foi um fim de semana competitivo: Hakkinen tinha ganho a primeira manga, com Schumacher em segundo, e na segunda corrida, o alemão tinha finalmente ultrapassado, e Hakkinen andou o tempo todo a tentar ultrapassá-lo, até que à entrada da última volta, o finlandês tenta aproveitar o cone de ar, mas só que faz a manobra tarde demais, a arranca a asa traseira de Schumacher, enquanto que bate no muro de protecção. Mesmo sem a asa traseira, o alemão ganha a corrida da Guia.


No final de 1990, Weber convence Schumacher a juntar-se à Junior Team da Mercedes, juntamente com Wendlinger e Frentzen, numa monobra pouco comum nessa altura, pois a maior parte dos pilotos iria tentar a sua sorte na Formula 3000. Contudo, Weber convenceu-o a tomar este rumo, pois a experiência que ganharia a conduzir em longas distâncias, mais a sua exposição à imprensa internacional, que seria maior do que aconteceria se estivesse num campeonato como a Formula 3000, lhe daria mais hipóteses de conseguir o passaporte para a Formula 1. Alinhando com o veterano Jochen Mass, Schumacher ganhou a última prova do Mundial de 1990, no Autódromo Hermanos Rodriguez, na Cidade do México, com um Sauber-Mercedes C11.


Em 1991, Schumacher continuou na Junior Team da Mercedes, vencendo a prova de Autopolis, no sul do Japão, ao lado de Wendlinger. Entretanto, corre uma prova na Formula 3000 japonesa (actual Formula Nippon), no circuito de Sugo, onde fica em segundo lugar. E a meio de Agosto, Schumacher vê aparecer a sua chance de se estrear na Formula 1: na Jordan, o piloto belga Bertrand Gachot é preso depois de um desacato de trânsito com um policia, em Londres, e para preencher o lugar, Eddie Jordan precisa de alguém. Willi Weber paga 150 mil dólares pelo lugar, e Schumacher vai correr no fim de semana belga. Jordan pregunta se o alemão tinha corrido alguma vez em Spa-Francochamps, ao que responde sim. Na realidade... Schumacher só tinha dado três voltas, numa bicicleta!


No teste que faz em Silverstone, uma semana antes da corrida, Schumacher impressiona Jordan e Gary Anderson, o projectista da marca. E no fim de semana do Grande Prémio, na primeira vez que conduzia a sério, conseguiu bater o seu companheiro de equipa, Andrea de Cesaris, que tinha então 11 temporadas de experiência, ficando na sétima poisção da grelha, impressionando desta vez os jornalistas especializados. Um deles, o inglês Joe Saward, afirmava que naquele fim de semana havia "hordas de jornalistas alemães a referirem sobre o melhor talento alemão desde Stefan Bellof", piloto alemão que tinha morrido nessa mesma pista quase seis anos antes... A corrida foi curta: Schumacher desistiu logo na primeira volta, com a embraiagem partida.



Depois desta corrida, Eddie Jordan queria contratá-lo para o resto da temporada, mas um italiano viu o seu potencial e o quis imediatamente para a sua equipa. Era Flavio Briatore, e era o director desportivo da Benetton. Para isso, não hesitou em despedir o brasileiro Roberto Moreno, dando a justificação de que "era fisica e mentalmente incapaz de guiar um Formula 1". Curiosamente, Moreno tinha feito a melhor volta em Spa-Francochamps e chegado ao fim na quarta posição... Jordan, sabendo que tudo isto estava a acontecer por detrás das costas, tentou impedir o acordo, colcando um processo em tribunal para impedir que o acordo fosse para a frente, mas este era válido, pois Jordan só tinha feito um acordo de principio com a Mercedes, e não com o piloto. Assim sendo, Schumacher estreava-se pela equipa no circuito de Monza, conseguindo o sétimo tempo e levando o seu carro até à quinta posição final, conseguindo os seus primeiros pontos.



Até ao final da temporada, Schumacher tinha como companheiro de equipa Nelson Piquet, outro veterano da Formula 1, agora nos seus últimos dias como piloto. Piquet viu que Schumacher tinha potencial, e viu também que era o novo menino querido de Flavio Briatore. Com o tempo, a equipa começava a girar à volta do alemão, preparando as coisas para 1992, e conseguiu sem problemas bater constantemente o brasileiro, conseguindo mais dois resultados nos pontos no Estoril e em Barcelona. No final da temporada, os quatro pontos deram-lhe o 14º lugar final.
(continua amanhã)

1 comentário:

Fábio Andrade disse...

Será que eu preciso dizer que mal posso esperar pelo resto?