segunda-feira, 22 de abril de 2013

O capacete de Clay Regazzoni, Kyalami 1973

Eu por estes dias ando a escrever um enooorme artigo sobre a temporada de 1968, do qual ainda não sei onde é que irei publicar, e quando procurava por imagens dos acidentes fatais de alguns dos pilotos retratados, dei de caras com esta fotografia, do capacete de Clay Regazzoni após o GP da Africa do Sul de 1973.

Para quem não conhece a história, conta-se em duas penadas: na terceira volta da corrida sul-africana, o BRM do piloto suiço envolveu-se num incidente com o Lotus de Dave Charlton e com o Surtees de Mike Hailwood. Regazzoni ficou preso e inconsciente no carro, e Hailwood correu para ele, tentando salvá-lo, não sem antes o seu fato de competição pegar fogo nas pernas. Lá conseguiu salvá-lo e por causa disso, foi condecorado com a George Medal.

O final dos anos 60 e o inicio dos anos 70 foram tempos trágicos para a Formula 1. Não tanto em termos de novidade - os acidentes fatais eram frequentes - mas sim o crescente mediatismo que o automobilismo tinha por causa da televisão, devido às transmissões diretas das corridas, ao vivo e a cores, fazia com que as pessoas fossem atraídas pela competição, e tudo o que de bom trazia, bem como a sua faceta mais perigosa. Como disse certo dia Nelson Piquet: as pessoas querem ver o circo pegar fogo.

Felizmente, ambos os pilotos sobreviveram e continuaram a competir. Pior sorte foi o que aconteceu algum tempo depois, em julho desse ano, em Zandvoort, na Holanda, quando Dave Purley tentou salvar o seu compatriota Roger Williamson, mas o seu salvamento foi inutil. Apesar de tudo, Purley, antigo militar das forças especiais ao serviço da Sua Majestade, acabou também por ser condecorado com a George Medal.

Ao ver a foto deste capacete, poderemos pensar em tempo que já lá vão - quarenta anos, para ser mais preciso - e de como os pilotos de Formula 1 aceitavam competir, mesmo sabendo que tinham 20 por cento de hipóteses de morte a cada temporada. O chato é que, se continuasse a competir, ao fim de cinco anos, esse piloto teria uma chance real de morte. E foi contra isso que alguns pilotos lutaram para que os carros e os circuitos fossem cada vez mais seguros, chegando ao momento onde estamos agora.

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