Foi um dos melhores pilotos da
primeira década do automobilismo mundial, e o primeiro estrangeiro a vencer as
500 Milhas de Indianápolis. A sua carreira foi longa e proveitosa, embora
interrompida pela I Guerra Mundial. E para além disso, ele foi fiel a uma
marca, a Peugeot. Hoje, falo de Jules Goux.
Nascido a 7 de abril de 1885 em
Valentigney, perto da fronteira com a Suiça, o seu pai Jacques era trabalhador
da Peugeot, então a maior empregadora da região, e cedo encontrou trabalho por
lá, aos vinte anos de idade. Primeiro como mecânico, em 1906 passou a ser
piloto da sua equipa, que concorria na categoria de “voiturettes”, ao lado do
seu grande amigo e rival, Georges Boillot.
A sua primeira grande vitória
acontece em 1908, quando vence a Taça da Catalunha, algo que repete no ano
seguinte. As vitórias iludem-no em 1910, devido à reação do seu maior rival, a
Hispano-Suiza, e em 1911, ele e Boillot decidem desafiar a marca para que
deixem construir o seu próprio projeto, ao qual lhes chamaram de “Os Charlatães”.
O resultado é que fizeram o modelo L76, com um motor de dupla árvore de cames
(foi aqui que este conceito foi inventado) ao lado do italiano Paul Zucarelli e
do suíço Ernest Henry, que anteriormente tinham trabalhado no projeto da Hispano-Suiza.
Os resultados apareceram em 1912,
quando ele ganhou a Coupe de Sarthe, enquanto que mais tarde naquela temporada,
Boillot venceu o GP de França. Para Goux, a sua coroa de glória foi no ano
seguinte, quando atravessou o Atlântico e foi correr numa corrida criada dois
anos antes, mas rica em prémios, que era as 500 Milhas de Indianápolis. A
convite da organização, Goux foi representar a marca e depois de um período inicial
de adaptação, acabou por vencer a corrida.
Foi nessa altura que surgiu a
lenda de que Goux bebeu seis garrafas de champanhe para poder aguentar a
duração da prova. Contudo, na realidade, foram apenas quatro, das pequenas, e
engoliu pequenos goles de cada garrafa, mais do que suficiente para se manter
focado na corrida a receber 21.165 dolares de prémio e ser recebido como um
heróis à sua chegada a terras francesas.
Goux volta no ano seguinte a
Indianápolis para tentar voltar a repetir a vitória, mas problemas de pneus o
impedem de não ir mais longo do que o quarto lugar final. Um mês depois, ele
estava em Lyon, representando a Peugeot, no Grande Prémio de França, que tinha
como rival a alemã Mercedes. Goux terminou a corrida no quarto lugar, o melhor
dos Peugeot, mas foram terminantemente derrotados pela Mercedes, que
monopolizou o pódio em “terras inimigas”. Um mês depois, começava a I Guerra
Mundial e o automobilismo ficava parado por quatro anos, onde Goux seria
mobilizado para o exército, como observador aéreo na frente ocidental.
Em 1919, as atividades automobilísticas
recomeçam, mas a Peugeot não volta a montar uma equipa automobilística.
Contudo, Goux participa com um carro da mesma marca nas 500 Milhas, acabando no
terceiro lugar. Volta no ano seguinte, mas a sua participação termina na volta
148, vitima de problemas de motor.
Em 1921, passa para a Ballot,
onde é terceiro no GP de França e vence a edição inaugural do GP de Itália, em
Brescia. No ano seguinte, acabará no terceiro lugar na Targa Flório, mas será o
seu melhor resultado nos quatro anos seguintes. Apenas em 1926, quando passa
para a Bugatti que, aos 41 anos de idade, vence o GP de Espanha em San
Sebastian e o GP de França, no circuito francês de Miramas. Depois disto, dá
por encerrada a sua longa carreira automobilística.
No resto dos seus dias, Goux
casa-se por duas vezes, primeiro de uma americana, depois de uma francesa.
Trabalha durante muito tempo para a Bugatti e depois reforma-se, vivendo o
resto dos seus dias na sua Valentigney natal até ao dia 6 de março de 1965,
onde uma alergia ao marisco lhe iria provar ser fatal para ele. Tinha 79 anos.
1 comentário:
A cada post eu conheço um pouco mais sobre a história do automobilismo...
mais um ótimo relato...
abs...
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