segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O pioneiro do dia - Jules Goux

Foi um dos melhores pilotos da primeira década do automobilismo mundial, e o primeiro estrangeiro a vencer as 500 Milhas de Indianápolis. A sua carreira foi longa e proveitosa, embora interrompida pela I Guerra Mundial. E para além disso, ele foi fiel a uma marca, a Peugeot. Hoje, falo de Jules Goux.

Nascido a 7 de abril de 1885 em Valentigney, perto da fronteira com a Suiça, o seu pai Jacques era trabalhador da Peugeot, então a maior empregadora da região, e cedo encontrou trabalho por lá, aos vinte anos de idade. Primeiro como mecânico, em 1906 passou a ser piloto da sua equipa, que concorria na categoria de “voiturettes”, ao lado do seu grande amigo e rival, Georges Boillot.

A sua primeira grande vitória acontece em 1908, quando vence a Taça da Catalunha, algo que repete no ano seguinte. As vitórias iludem-no em 1910, devido à reação do seu maior rival, a Hispano-Suiza, e em 1911, ele e Boillot decidem desafiar a marca para que deixem construir o seu próprio projeto, ao qual lhes chamaram de “Os Charlatães”. O resultado é que fizeram o modelo L76, com um motor de dupla árvore de cames (foi aqui que este conceito foi inventado) ao lado do italiano Paul Zucarelli e do suíço Ernest Henry, que anteriormente tinham trabalhado no projeto da Hispano-Suiza.

Os resultados apareceram em 1912, quando ele ganhou a Coupe de Sarthe, enquanto que mais tarde naquela temporada, Boillot venceu o GP de França. Para Goux, a sua coroa de glória foi no ano seguinte, quando atravessou o Atlântico e foi correr numa corrida criada dois anos antes, mas rica em prémios, que era as 500 Milhas de Indianápolis. A convite da organização, Goux foi representar a marca e depois de um período inicial de adaptação, acabou por vencer a corrida.

Foi nessa altura que surgiu a lenda de que Goux bebeu seis garrafas de champanhe para poder aguentar a duração da prova. Contudo, na realidade, foram apenas quatro, das pequenas, e engoliu pequenos goles de cada garrafa, mais do que suficiente para se manter focado na corrida a receber 21.165 dolares de prémio e ser recebido como um heróis à sua chegada a terras francesas.


Goux volta no ano seguinte a Indianápolis para tentar voltar a repetir a vitória, mas problemas de pneus o impedem de não ir mais longo do que o quarto lugar final. Um mês depois, ele estava em Lyon, representando a Peugeot, no Grande Prémio de França, que tinha como rival a alemã Mercedes. Goux terminou a corrida no quarto lugar, o melhor dos Peugeot, mas foram terminantemente derrotados pela Mercedes, que monopolizou o pódio em “terras inimigas”. Um mês depois, começava a I Guerra Mundial e o automobilismo ficava parado por quatro anos, onde Goux seria mobilizado para o exército, como observador aéreo na frente ocidental.

Em 1919, as atividades automobilísticas recomeçam, mas a Peugeot não volta a montar uma equipa automobilística. Contudo, Goux participa com um carro da mesma marca nas 500 Milhas, acabando no terceiro lugar. Volta no ano seguinte, mas a sua participação termina na volta 148, vitima de problemas de motor.

Em 1921, passa para a Ballot, onde é terceiro no GP de França e vence a edição inaugural do GP de Itália, em Brescia. No ano seguinte, acabará no terceiro lugar na Targa Flório, mas será o seu melhor resultado nos quatro anos seguintes. Apenas em 1926, quando passa para a Bugatti que, aos 41 anos de idade, vence o GP de Espanha em San Sebastian e o GP de França, no circuito francês de Miramas. Depois disto, dá por encerrada a sua longa carreira automobilística.

No resto dos seus dias, Goux casa-se por duas vezes, primeiro de uma americana, depois de uma francesa. Trabalha durante muito tempo para a Bugatti e depois reforma-se, vivendo o resto dos seus dias na sua Valentigney natal até ao dia 6 de março de 1965, onde uma alergia ao marisco lhe iria provar ser fatal para ele. Tinha 79 anos.

1 comentário:

André Candreva disse...

A cada post eu conheço um pouco mais sobre a história do automobilismo...

mais um ótimo relato...

abs...