sábado, 25 de outubro de 2014

A Formula 1 no seu grau zero

Bom, a levar pelas palavras de Bernie Ecclestone, a Formula 1 chegou hoje a um novo baixo: A Marussia pode não alinhar em Austin e Interlagos devido às dificuldades financeiras que ambas passam. Da Caterham sabíamos, devido às lutas entre ambos os proprietários pela sua posse, mas da Marussia, depois dos eventos em Suzuka relacionados com Jules Bianchi, pouco ou nada se sabia, apesar dos rumores vindos de lá devido à falta de vontade de Andrey Cheglakov de injetar mais dinheiro, apesar de este ano terem conquistado dois pontos, com o nono lugar de Jules Bianchi no GP do Mónaco. E esse dinheiro daria - em teoria - 35 milhões de euros para segurar a equipa para a próxima temporada.

Falta ainda a confirmação oficial da Marussia - e vamos ser honestos, não confio em Bernie Ecclestone - mas como é ele que organiza os transportes dos carros para Austin (que terão de ser embarcados até este domingo), provavelmente eles deverão ter pedido uma dispensa semelhante a que a Caterham pediu ontem. A permissão de Ecclestone faria com que não pagassem multas, com a condição de estarem presentes na ronda final, em Abu Dhabi. Mas também não cremos que a Caterham volte, embora tenha esperanças em relação a Marussia.

Será que esta Formula 1 falhou? Bom, se a ideia era de levar mais gente, sim, é um fracasso. Mas se a ideia era de os expulsar para termos uma "elite das elites", onde o bolo é dividido pelo menor número possível, então aí é um enorme sucesso. Só falta a implementação dos terceiros carros para que a cereja fique no topo do bolo.

Mas fala-se há muito de que os contratos entre a FOM e os promotores dos circuitos e em consequência, das cadeias de televisão, têm clausulas que falam que terá de haver um numero minimo de carros a alinhar em cada corrida. E esse minimo é de vinte. Como haverão apenas 18 carros, chega-se a um numero negativo, do qual os promotores poderão rasgar o contrato. Mas Bernie deve ter dito aos promotores que esta situação é provisória. E bem vistas as coisas, não vai ser por aí que existirá razões para que o outro lado accione essa clausula. O problema será mais para 2015.

Mas aí, há a tal solução dos três carros por equipa. Algumas delas afirmam que precisam de tempo para tal coisa (uns falam de três meses, outros falam de seis) mas a implementação de tal coisa não é barata (fala-se de 35 milhões de euros por ano) e fala-se também que esse carro poderá não contar para os pontos. E se é para isso, então não vale a pena colocar esses carros em pista. E não se pode esquecer que isso poderá significar um aumento brutal das diferenças entre as equipas da frente e o meio do pelotão, para não falar do fundo. Em suma, a médio prazo, poderá significar uma "canibalização", pois as equipas médias poderão chegar à conclusão que que andar por ali só acumulará perdas. Nunca a expressão "Club Piraña" teve tanto sentido.

E acho irónico que isto aconteça a poucos dias do 84ª aniversário natalicio de Bernie Ecclestone. O que me deixa a pensar se isto não será um sinal que está a mandar ao mundo que "depois de mim, a Formula 1 falirá". Não sei responder, mas pelos vistos, parece que já bateram no icebergue e acham que salvar a primeira classe está nas suas prioridades...

Enfim, a ser verdade, é um grande dia para o Grupo de Estrategia. E provavelmente mais um passo rumo ao abismo. Mas se calhar esta Formula 1 merece esse abismo para que caiam alguns tabus, como, por exemplo, este excessivo secretismo que existe nos seus contratos e respectivas clausulas.

Mas é melhor esperar pelos próximos dias, para saber o que irão dizer, que surpresas não aparecerão por aí.

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