quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A foto do dia

Há precisamente 40 anos, em Brasilia, um projeto ousado era apresentado. Era a de um chassis construido no Brasil, por brasileiros. O projeto da Copersucar veio da mente de Wilson Fittipaldi, que no final de 1973 tinha decidido pendurar o capacete e perseguir algo que já tinha feino no final dos anos 60, com projetos como o Fitti-Porsche ou o Fusca com dois motores, e que tinham causado sensação nas pistas brasileiras.

Wilson Fittipaldi conseguiu o apoio da cooperativa açucareira Copersucar para financiar o projeto, e o chassis era projetado nas oficinas da marca, ao lado do circuito de Interlagos. O chassis, com apoio da Embraer para as ajudas aerodinâmicas, fora desenhado por Ricardo Divila, um jovem desenhador de 28 anos, e o conjunto do esforço conjunto resultou no FD01 (as iniciais de Fittipaldi-Divila), que iria ser estreado em janeiro de 1975, na Argentina.

A 16 de outubro de 1974, a apresentação não poderia ser auspiciosa: no Salão Negro do Palácio do Congresso Nacional, perante o então presidente da República, Ernesto Geisel, o carro era apresentado ao mundo como o desafio brasileiro perante os "tubarões" da Grã-Bretanha, Itália, Estados Unidos e França. Nos anos 70, qualquer equipa poderia construir um chassis competente, bastando colocar uma unidade de motor Cosworth V8 e arriscava a ser campeão do mundo. E numa altura em que Emerson Fittipaldi estava nas bocas do mundo (a apresentação acontecia dez dias depois de se sagrar bicampeão do mundo), este chassis de linhas arrojadas queria conquistar o mundo da Formula 1.

Hoje em dia, sabemos o final da história. Durou oito temporadas (1975-82), 44 pontos e três pódios. Os irmãos Fittipaldi sofreram, com muitos baixos e alguns altos, O projeto foi fortemente criticado na altura, por uma imprensa que não entendia o que era isto, e do qual achavam que o segundo lugar era "o primeiro dos últimos". Após 40 anos, está a ser dado o reconhecimento de um projeto que se tornou na aventura brasileira no mundo elitista da Formula 1, em algo que muitos o chamam de "Clube Piranha", onde todos se comem uns aos outros. Os chassis que foram feitos, muitos foram recuperados e alguns ainda correm em corridas de Formula 1 históricos.

Hoje, é um motivo de orgulho para o automobilismo brasileiro.

1 comentário:

André Candreva disse...

O automobilismo deve muito à família Fittipaldi...

a começar pelo "Barão" Wilson que foi o precursor da organização e transmissão de corridas no Brasil...

A Emerson pelas conquistas mundo à fora e a Wilsinho pela iniciativa ousada em construir um F1 brazuca...

Salve, salve, família Fittipaldi...

abs...