segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O "annus horribilis" de Tony Fernandes

Tony Fernandes não está a ter um ano fácil. As atribulações da Caterham ocuparam grande parte do seu ano, especialmente durante o verão, e nos últimos dias de 2014, de modo inesperado, uma tragédia atinge a companhia aérea do qual é dirigente. Na madrugada deste domingo, o voo 8501 da Air Asia, um Airbus A320, que fazia a ligação entre a cidade indonésia de Surabaya e a cidade-estado de Singapura, com 162 pessoas a bordo, caiu pelo caminho, aparentemente, no mar, entre Sumatra e Borneo. Antes de se perder o contacto, o piloto pedia à torre de controlo de Jacarta para que lhe fornecesse uma rota alternativa, aparentemente, para escapar a uma tempestade que se formava na sua frente.

No momento em que escrevo estas linhas, a marinha indonésia começava as buscas pelo segundo dia, esperando encontrar destroços o mais depressa possivel. Apesar de haver esperanças, receia-se de que todos os 162 passageiros a bordo estejam mortos, 155 dos quais indonésios, e três sul-coreanos. E este é o terceiro grande acidente este ano envolvendo aviões vindos da Malásia, os dois primeiros vindos da companhia de bandeira, a Malasya Airlines. Um deles, o MH370, ainda não foi encontrado.

Fernandes já está em Surabaya acompanhar as operações de socorro, e já falou à imprensa sobre os eventos. Para a sua companhia aérea (já agora, este é o ramo indonésio), é o primeiro acidente grave desde o seu inicio, em 2001. Aos 50 anos de idade, este filho de médico goês e de uma "kristang" de Malaca (de origem portuguesa) parece estar a viver momentos complicados, neste ano que acabou. Com uma fortuna pessoal de 650 milhões de dólares, o dono do Queens Park Rangers, viveu tempos complicados com a venda, este julho, da Caterham Formula 1. Inicialmente vendida a um misterioso consórcio suiço-árabe, cuja cara mais conhecida era Manfredi Ravetto, mas tinha também como conselheiro o romeno Colin Kolles, que como sabem, por estes dias, estava envolvido no projeto da Forza Rossa, do qual provavelmente muito se ouviu e pouco se viu.

O verão foi atribulado no sentido de saber quem detinha os direitos da equipa. Fernandes sempre afirmou que não queria ter nada a ver com aquilo - e os rumores diziam que, se dependesse dele, teria acabado logo a meio do ano - mas quando vendeu a equipa, entrou num braço de ferro com os compradores que chegou a um fim abrupto em meados de outubro, quando o consórcio abdicou de gerir no dia-a-dia e entregou tudo ao administrador de falências. Apesar de terem ficado de fora por duas corridas, regressaram em Abu Dhabi, após uma campanha nas redes sociais para terem o dinheiro suficiente para lá estarem.

Nestas coisas, nenhum dos lados saiu bem na fotografia, especialmente Fernandes, que decidiu negligenciar essa parte. No final, se quisermos colocar isto desta forma, poderemos dizer que a unica coisa boa do seu ano foi a subida do seu Queens Park Rangers à Premier League, do qual nesta temporada é... sexto a contar do fim, o que não é mau de todo.

Contudo, com isto tudo, este é um ano que Fernandes quer deixar definitivamente para trás.

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