quinta-feira, 21 de maio de 2015

O filme que não aconteceu

Hoje em dia falamos imenso sobre Hollywood e automobilismo. Falamos também sobre Steve McQueen, bem filmes icónicos como "Grand Prix" e "Le Mans". Mas tendemos a esquecer que há 50 anos, poderíamos ter tido outro filme sobre Formula 1, que acabou por não acontecer. E é por causa da frustração de um homem que acabamos por ter "Le Mans". Chamava-se "The Day of The Champion" e houve filmagens no Nordschleife.

Tudo começa em 1966, quando John Frankenheimer está na Europa e filma Grand Prix, com James Garner como ator principal, e tem conselheiros técnicos como Phil Hill, Richie Ginther, Graham Hill e outros. As filmagens acontecem ao longo do verão desse ano, com a fotografia de Bernard Cahier. Mas ao mesmo tempo, na Alemanha, John Sturgis e Steve McQueen estão a fazer as filmagens para algo que tem como nome "The Day of the Champion", literalmente traduzido para "O Dia do Campeão".

Os filmes estão a ser feitos por diferentes estúdios: Grand Prix pela MGM, The Day of The Champion pela Warner Bros. A ideia era que este último começasse a ser filmado logo em 1965, após o realizador John Sturgis e McQueen tivessem feito "The Sand Pebbles", (que deu ao ator a sua unica nomeação para o Óscar). Contudo, as filmagens desse primeiro filme atrasaram-se bastante, e quando começaram a fazer o projeto seguinte, já Frankenheimer estava em pleno vapor a fazer "Grand Prix". Contudo, quem for ver o filme, repara que não há cenas de Nurburgring, já que ele teve de entregar a filmagem a Sturges e McQueen para fazer o seu filme. Mas pouco depois, a Warner Bros decidiu cancelar o projeto.

E nessa altura, fez-se um leilão para os carros que foram usados no filme. E dava para fazer uma competição autónoma: dois Brabham, ex-Rob Walker, um BRP, um BRM, dois Lotus 24, também ex-BRP, um Lotus 30 de GT, usado para filmagens, e um Lola T70. 

"Grand Prix" acabou por se estrear em dezembro de 1966 e foi um sucesso de bilheteira, conseguindo a proeza de ser o único filme de automobilismo a conseguir ganhar três Oscares técnicos: Melhor Edição, Melhores Efeitos Sonoros e Melhor Som.

Curiosamente, McQueen e Garner eram vizinhos em Hollywood e bons amigos. E o primeiro ficou tão desgostoso com o que passou que não falou com ele durante cerca de dois anos. As coisas passaram quando McQueen partiu para o seu projeto seguinte: "Le Mans", que o consumiu por dois anos e deu cabo da amizade entre ele e Sturgis. Apesar do fracasso de bilheteira, quando foi lançado, em 1971, hoje em dia é um clássico de culto entre os "petrolheads". Tal como "Grand Prix".

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