domingo, 6 de março de 2016

A imagem do dia

Quando comecei a ler automobilismo em língua inglesa, andava mais a ver publicações como Autosport e a Motorsport. Sabia quem era Dennis Jenkinson (Jenks), um homem de barba longa e que tinha andado como navegador de Stirling Moss nas Milla Miglia de 1955, acabando por vencer, num Mercedes. E sabia - e aprendi a admirar - Nigel Roebuck. Com o passar dos anos, li noticias e opiniões de um grupo de bons jornalistas como Joe Saward, James Allen, Alan Henry (na foto, numa conferência de imprensa com John Watson, então na McLaren) ou Maurice Hamilton entre outros.

Todos eles faziam parte de uma geração que cresceu nos anos 70, 80 e 90, vendo como é que esta instituição se transformou em algo amador para um crescente profissionalismo que praticamente transformou as boxes em algo elitista e estéril, atraindo os endinheirados e proporcionando um estilo de vida semelhante a uma bolha, graças a Bernie Ecclestone. Mas esse grupo de pessoas sabiam que isso é aparência e contavam o que era a Formula 1 tal como é.

Falavam com os pilotos, os diretores de equipa, os organizadores, os mecânicos, os seus colegas de profissão de outros países. Perdiam dias inteiros entre aeroportos, estações de caminho de ferro ou hotéis, mas adoravam o que faziam, e não tinham pejo em fazê-lo. E claro, criaram uma legião de seguidores.

Muitos aproveitaram também para escrever livros. Aposto que já leu, mesmo sem querer, um livro de Alan Henry. Ele escreveu uma biografia sobre os carros da Ferrari - tenho na minha estante uma biografia dele sobre Ayrton Senna -  e contribuiu longamente no site grandprix.com. Escreveu na Autosport, AutoCourse (escreveu os seus anuários na década de 90) e nunca deixou de escrever até há relativamente pouco tempo. E ainda teve tempo de escrever a sua autobiografia, "Last Train from Yokkakashi".

É uma geração que temos de olhar com mais atenção, pois um dia desaparece. Nigel Roebuck esteve doente no inicio do ano, mas está a recuperar. Contudo, Alan Henry, já nao está mais. Foi-se esta sexta-feira, aos 68 anos de idade, e com ele, muitas historietas de bastidores que espero que tenham sido contadas. Ars lunga, vita brevis.

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