segunda-feira, 18 de março de 2024

The End: Joaquim Santos (1952-2024)


Joaquim Santos, quatro vezes campeão nacional de ralis, e o piloto da mítica equipa Diabolique, que correu com um Ford Escort de Grupo 4, e depois, num RS 200, morreu nesta segunda-feira, aos 71 anos. Estava doente há algum tempo, e o anuncio foi feito na página do Facebook da Diabolque.

Nascido a 9 de junho de 1952, em Penafiel, a sua carreira passou essencialmente pela equipa mais carismática dos ralis em Portugal, a Diabolique, construída no Porto graças à paixão de Miguel Oliveira, seu navegador e a pessoa que montou a equipa mais organizada dos ralis portugueses nos anos 80, que durou até 1990, andando sempre com máquinas Ford. Primeiro com o 1800 de Grupo 4, depois com o RS200 de Grupo B, e no final, com o Sierra Cosworth de Grupo A.

A sua carreira de piloto de ralis iniciou-se em 1974, num Datsun 1200, no rali do Sport Clube do Porto. Dois anos depois, começou a participar no primeiro rali de Portugal, num Datsun 1200, acabando na 11ª posição. Em 1979, trocou por um Opel Kadett GTE, onde conseguiu um oitavo lugar no rali de Portugal, no mesmo ano em que conseguiu a sua primeira vitória, no rali James/Póvoa de Varzim. Dois anos depois, em 1981, começou a participar na Diabolique, ganhando no Rali Internacional Douro Sul, a bordo do Ford EScort 1800 de Grupo 4. 


Em 1982, ganhou o primeiro dos seus quatro títulos nacionais de ralis, com nove vitórias, incluindo triunfos no Algarve, Rota do Sol, Açores, Camélias, Volta a Portugal, entre outros. Repetiu o título em 1983 e 84, contra uma concorrência que tinha Joaquim Moutinho, num Renault 5 Turbo, e António Rodrigues, num Lancia 037. Foi nono no rali de Portugal de 1983, o seu melhor resultado de sempre. 

Quando perdeu o campeonato nacional, em 1985, a favor do Renault de Moutinho, a Diabolique decidiu ir buscar um carro de Grupo B, o RS200. Chegado a tempo do Rali Sopete, em Espinho, onde desistiu por causa de uma quebra na caixa de velocidades, o rali seguinte foi o de Portugal, onde na classificativa da Lagoa Azul, despistou-se, causando três mortos e mais de meia centena de feridos. Os pilotos de marca acabaram por se retirar, alegando falta de segurança, e dois meses depois, com o acidente fatal de Henri Toivonen, na Córsega, os Grupo B foram banidos. Apesar de tudo, ganhou quatro ralis, um deles o Rota do Sul, e o outro o Algarve. 


Em 1987, ficou com o Sierra Cosworth de Grupo A, onde foi nono no rali de Portugal e vitórias no Rota do Sol e Alto Tâmega. Vice-campeão em 1988 e 1990, a partir de 1991, com o final da Diabolique, passou para a Toyota, onde a bordo de um Celica, acabou por ganhar o campeonato nacional de ralis em 1992, onde foi oitavo classificado no rali de Portugal. No final dessa temporada, decidiu pendurar o capacete, em termos competitivos.

Em 2007, regressou às provas, neste caso dos Clássicos, no mesmo Ford Escort 1800 que competiu 25 anos antes, mostrando novamente o seu estilo de pilotagem espetacular.      

Um excelente piloto nas classificativas, fora delas era uma pessoa calma, introvertida, e simpática. Contudo, o seu estilo arrojado fazia com que tivesse uma enorme legião de fãs, que acompanhavam-no com fervor e admiração, bem como à Diabolique Motorsport, que marcou uma era. 

Foi-se o humano, a lenda fica para a eternidade. Ars longa, vita brevis. 

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