terça-feira, 2 de abril de 2024

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Este é o ano do centenário do nascimento de Ken Tyrrell. Antigo piloto de Formula 3, e que montou uma equipa que esteve presente no paddock da Formula 1 desde 1970 a 1998, foi essencialmente a equip que acolheu pilotos como Jackie Stewart, dando-lhe os únicos títulos de pilotos, em 1971 e 1973, e o de Construtores, também em 1971. E também acolheu pilotos com potencial de talento, como Francois Cevért, Jody Scheckter, Patrick Depailler, Stefan Bellof, Michele Alboreto, Jean Alesi, entre outros. 

E claro, muitos para pagar as contas, como Slim Borgudd, Satoru Nakajima ou Ukyo Katayama, entre outros, gente com algum - ou nenhum talento. E estes que falei, nem eram os piores. 

Tyrrell tinha uma teimosia bem grande em relação aos motores Cosworth. Tendo desde cedo o contrato, não o largou, mesmo quando ganhou o título em 1969 pela Matra e o pediu para abdicar em favor dos 12 cilindros franceses. Com isso, ele foi pedir chassis à novata March, em 1970. E quando chegaram os motores Turbo, no inicio da década de 80, ficou tão agarrado aos Cosworth que em 1984, era o único que não os usava. E ao ponto da falcatrua, quando se descobriu que tinha um truque para se manter competitivo... 

Sobre isso, falarei noutra altura. 

O que pretendo falar hoje é do P34, o carro de seis rodas. Tyrrell a Gardner costumavam afirmar que o carro começou a ser discutido nos voos transatlânticos, depois de umas doses de "whisky", porque achavam que tal conceito só avançaria se não estivessem totalmente sóbrios... 

Os primeiros esboços deste projeto "fora da caixa" apareceram no final de 1974, e avançaram ao longo de 1975, até à sua apresentação, em outubro de 1975. Quando foi apresentado, muitos acreditaram que era publicidade, mas... não. Três chassis foram construídos até abril de 1976, quando o carro se estreou no GP de Espanha, em Jarama. O grande trunfo eram as rodas da frente, de 10 polegadas, com o objetivo de cobrir a maior área possível, porque o grande problema era os carros do pelotão terem tendência para serem subviradores. Para além disso, um complexo sistema de direção faia com que o piloto pudesse virar nas curvas sem qualquer esforço. Quase como se tivesse direção assistida!

Depailler e Scheckter eram os pilotos de serviço, e mesmo com carros como o Ferrari 312T3, guiados por Niki Lauda e Clay Regazzoni e o McLaren M23, guiado por James Hunt e Jochen Mass, o Tyrrell P34 era competitiwo. Ao ponto que em Anderstorp, no GP da Suécia, conseguiu ser o vencedor... e com dobradinha! Foi a única vitória de um carro com seis rodas. 

E claro, aguçou a imaginação. Todos pensaram que isso seria o futuro, algumas equipas pensaram seriamente na ideia, mas quem detestava o carro era... Scheckter. Chegou a afirmar que era um "pedaço de sucata" - ironicamente, o sul-africano tem um P34 na sua coleção, construído a partir dos planos originais - e no final de 1976, vai-se embora para correr na Wolf. No seu lugar, chegou Ronnie Peterson, que logo no seu primeiro teste, disse que "nunca ganharei com este carro!

Em 1977, mais problemas: a Goodyear decidiu que não iria fazer mais pneus de 10 polegadas, ou fazer qualquer desenvolvimento nesse sentido, e os resultados ressentiram-se: dos 10 pódios e 59 pontos em 1976, no ano seguinte, caiu para 27 e quatro pódios. Com isso, decidiu-se que em 1978, o 008 regressaria ás quatro rodas.     

Para finalizar, duas coisas: a primeira é que a Goodwood Motor Festival irá homenagear Tyrrell na edição deste ano, ainda por cima, o barracão de madeira foi salvo e transplantado de Ockham para Goodwood, ficando a partir de agora, na propriedade do museu, e hoje publiquei uma matéria sobre ele no Jornal dos Clássicos. Convido-vos a ler uma matéria que valeu a pena escrever, porque falamos de uma personagem bem interessante da história da Formula 1.  

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