terça-feira, 18 de novembro de 2025

A imagem do dia (II)







No final de 1980, no meio da guerra FISA-FOCA, a Lotus e Colin Chapman queriam tirar outro coelho da cartola. Depois de uma temporada onde desenharam um carro convencional, o 87, após o falhanço do modelo 80, a meio de 1979, que tentou ir ao efeito-solo a um ponto onde foram longe demais, nessa altura, Chapman tentava fazer um carro onde pudesse ir rápido em curva, mas sem sentir os efeitos adversos do "purpoising", que abanava o carro a tal ponto que a resistência dos pilotos era colocada em questão. 

Aliás, nesse ponto, a resistência dos pilotos às forças G's estava no limite, e era por isso que a FISA queria abolir as saias laterais dos carros - e a FOCA não. 

Chapman, e a sua equipa de projetistas, liderados por Tony Rudd, Peter Wright e Martin Ogilvie, decidiram desenhar um carro com saias laterais e elementos de fibra de carbono, o 86. Contudo, depois de se saber que as saias laterais iriam ser banidas em 1981, Wright dedicou-se a estudar o carro e modificou-o, tornando-se no 88. 

Agora, esse carro estava dividido em dois: o interior, que tinha o cockpit e o motor, estava separado do exterior, que tinha a suspensão e os sistemas aerodinâmicos que faziam funcionar o efeito-solo. Com o chassis exterior a aguentar a superfície de cada circuito, o piloto andaria sem problemas e não sofreria com essas incomodidades. Parecia ser genial. 

Contudo, o que aparentava ser a segunda inovação não correu muito bem. O carro poderia ter sido o primeiro carro com fibra de carbono - um material leve e resistente - na sua construção, mas Chapman não acreditava que um chassis todo feito de fibra de carbono seria possível. A McLaren, com o seu MP4/1, iria provar o contrário, e no 88, a estrutura era em "honeycomb", ou seja, feita em camadas, que se colavam umas nas outras, e não de forma total, como seria no caso da McLaren. 

O carro não apareceu no "GP Pirata" da África do Sul, mas Chapman acreditava que, não indo pelo caminho que outros seguiam, como o Brabham BT49B, onde Gordon Murray desenvolveu uma suspensão hidropneumática para colmatar os seis centímetros de diferença que os carros deveriam ter a partir de 1981,ordens da FISA, poderia conseguir algo que reescrevesse os regulamentos, como muitas vezes tinha feito na década e meia anterior.

O que iria acontecer, na realidade, era uma tempestade, do qual ajudou a abalar a sua confiança na Formula 1. E quem sabe, pode ter precipitado o seu fim físico...

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