Danilo Albergaria é brasileiro, professor de História e, tal como eu e mais alguns de nós, tem um blog. O nome dele é interessante: www.palidopontobranco.blogspot.com. Nesse blogue, coloca certas questões filosóficas sobre o sentido da vida e mais algumas coisas, e há uns dias atrás descobri a razão pelo qual deu aquele nome: trata-se de um artigo escrito pelo astrónomo americano Carl Sagan (1934-1996), criador e apresentador do programa "Cosmos", e de livros como "Contacto" e “Os Dragões do Éden”.
Quando a Voyager 2 passou por Saturno, Sagan pediu à NASA para que tirasse uma fotografia da Terra vista desse planeta. Era um pequeno ponto branco, que mal se distinguia dos outros corpos celestes. Vendo isso como um sinal inequívoco da nossa pequenez, escreveu:
“Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas económicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, “superastros”, “líderes supremos”, todos os santos e pecadores da história de nossa espécie, ali - num grão de poeira suspenso num raio de sol.
Quando a Voyager 2 passou por Saturno, Sagan pediu à NASA para que tirasse uma fotografia da Terra vista desse planeta. Era um pequeno ponto branco, que mal se distinguia dos outros corpos celestes. Vendo isso como um sinal inequívoco da nossa pequenez, escreveu:
“Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas económicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, “superastros”, “líderes supremos”, todos os santos e pecadores da história de nossa espécie, ali - num grão de poeira suspenso num raio de sol.
A Terra é um palco muito pequeno numa imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fracção desse ponto. Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, nos seus frequentes conflitos, na sua ânsia de recíproca destruição, nos seus ódios ardentes.
Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a ilusão de que temos urna posição privilegiada no Universo, tudo é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Na nossa obscuridade, no meio de toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos.
A Terra é, até agora, o único mundo conhecido que abriga a vida. Não há nenhum outro lugar, ao menos em futuro próximo, para onde nossa espécie possa migrar. Visitar, sim. Goste-se ou não, neste momento a Terra é o nosso posto.
Tem-se dito que a astronomia é uma experiência que forma o carácter e ensina a humildade. Talvez não exista melhor comprovação da loucura das vaidades humanas do que esta distante imagem de nosso mundo minúsculo. Para mim, ela sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais bondosamente uns com os outros e de preservarmos e amarmos o pálido ponto azul, o único lar que conhecemos.”
Portanto, meu amigo ou amiga, pense nisto: no dia em que quiser fazer a sua falcatruazinha, como poluir as águas, deitar o lixo no chão, enganar a sua mulher (ou homem) com a sua melhor amiga (ou amigo), dizer mal dos políticos, bater ou humilhar alguém só por ser diferente (estrangeiro, homossexual, deficiente) ou mandar o Pinto da Costa (presidente do F.C. Porto) para aquele sitio, leia este texto. Talvez assim ganhe a consciência de que não somos nada, na nossa pequenez perante a imensidão do nosso Universo. Pode ser que asim tenha um assomo e humildade, e começe para os outros que passam à sua volta numa outra perspectiva. Talvez assim possamos respeitar as diferenças dos outros, pois até prova em contrário, estamos todos no mesmo barco azul, tão belo e tão frágil.
Portanto, meu amigo ou amiga, pense nisto: no dia em que quiser fazer a sua falcatruazinha, como poluir as águas, deitar o lixo no chão, enganar a sua mulher (ou homem) com a sua melhor amiga (ou amigo), dizer mal dos políticos, bater ou humilhar alguém só por ser diferente (estrangeiro, homossexual, deficiente) ou mandar o Pinto da Costa (presidente do F.C. Porto) para aquele sitio, leia este texto. Talvez assim ganhe a consciência de que não somos nada, na nossa pequenez perante a imensidão do nosso Universo. Pode ser que asim tenha um assomo e humildade, e começe para os outros que passam à sua volta numa outra perspectiva. Talvez assim possamos respeitar as diferenças dos outros, pois até prova em contrário, estamos todos no mesmo barco azul, tão belo e tão frágil.
2 comentários:
Speeder!
Fico honrado pela citação do meu blog. E gostei demais do vídeo que você postou. Ainda não tinha visto.
Agora, eu fiquei intrigado com uma coisa. É a Voyager 1 ou a 2 que tirou a foto da Terra? Não que tenha muita importância...
Esse interesse do pessoal pelo Pálido Ponto Azul tem reavivado em mim a idéia de fazer um artigo sobre a distância como ferramenta pra entender as coisas. Vamos ver se dá certo.
Abraço!!!
Danilo
Ó Paulo, armado em santo?? Haverá alguma coisa que dê mais prazer do que falar da vida dos outros, incluindo mandar o Pinto da Costa àquela parte? ;)
Sara Quaresma
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